A proposta de reforma da Previdência
que o presidente Michel Temer tem em mãos prevê o aumento da idade mínima para
além dos 65 anos fixados inicialmente. O texto, elaborado pela equipe técnica
do governo, propõe um gatilho que permitirá aumentar o piso da idade à medida
em que também subir o tempo médio de sobrevida (a quantidade de anos de vida
depois da aposentadoria).
A “calibragem” evitaria a necessidade
de discutir novos projetos de reforma previdenciária acompanhando o
envelhecimento da população. Caberá a Temer a decisão de deixar ou retirar esse
dispositivo. Os técnicos, porém, defendem o instrumento como necessário para
que os efeitos da reforma, de alto custo político, sejam de longa duração.
O presidente já decidiu, porém, que a
proposta de reforma só será enviada ao Congresso em novembro, após o segundo
turno das eleições. A decisão é mais um recuo do governo que, inicialmente,
encaminharia o texto ainda este mês. Em jantar oferecido ontem por Temer a
ministros e líderes dos partidos da base aliada, o ministro da Fazenda,
Henrique Meirelles, reafirmou que a prioridade do governo é a aprovação da
Proposta de Emenda Constitucional (PEC) que limita os gastos públicos. A PEC
chegou a ser classificada como “o Plano Real do governo Temer” por
parlamentares presentes à reunião.
Mudança.
A fórmula para o acionamento do
gatilho da idade leva em conta mais de um cenário, mas ainda está sendo
definido o intervalo que levará ao aumento. Atualmente, a expectativa de
“sobrevida” para quem tem 65 anos é de 18 anos. De um ano para o outro, esse número
chega a aumentar dois meses e meio.
Atualmente, no Brasil, é possível se
aposentar por idade ou por tempo de contribuição. Pela regra, é possível se
aposentar com 65/60 anos (homens/mulheres) se o trabalhador tiver pelo menos 15
anos de contribuição. Na aposentadoria por tempo de contribuição, não há idade
mínima. A regra diz que é preciso ter 35/30 anos (homens/mulheres) de
contribuição. Neste momento, o único consenso é com a relação aos 65 anos como
idade mínima para homens e mulheres, com uma transição mais suave para mulheres
e também para professores.
O projeto também eleva o tempo mínimo
de contribuição (atualmente de 15 anos para a aposentadoria por idade) e
vincula o pagamento integral do benefício a um período maior de pagamentos. Uma
das hipóteses é aumentar a contribuição mínima para 25 anos, sendo que, para
ter direito à aposentadoria integral, serão necessários 50 anos de
contribuição. As novas regras valeriam para homens com menos de 50 anos e
mulheres com menos de 45 anos. Acima dessa idade, os trabalhadores terão de
trabalhar 40% ou 50% a mais no tempo que falta para a aposentadoria integral.
*** COLABORARAM VERA ROSA E TÂNIA
MONTEIRO.
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