Álcool na gravidez pode levar à
Síndrome Alcoolica Fetal, responsável por má formação do feto, com efeitos a
longo prazo.
Pesquisa realizada pela
Sociedade de Pediatria de São Paulo aponta que 22,7% dos médicos que acompanham
o pré-natal de mulheres grávidas desconhecem os perigos da ingestão de álcool
nesse período. Esses médicos disseram recomendar até uma dose de vinho às suas
pacientes.
Cláudio Barsanti,
presidente da Sociedade de Pediatria de São Paulo, esclarece que não há níveis
seguros para o consumo. “Qualquer dose de álcool, em qualquer fase da gestação,
é extremamente prejudicial, pode levar a alterações que não tem mais cura”,
disse.
Para o estudo, foram
ouvidos 1.115 médicos pré-natalistas em São Paulo e no Rio de Janeiro. Segundo
o estudo, 44,8% das pacientes sequer informam ao médico se consomem ou não
bebidas alcoolicas.
De acordo com Cláudio, a
ingestão de álcool na gravidez pode levar à Síndrome Alcoolica Fetal,
responsável por má formação do feto, com efeitos a longo prazo. “O vinho em
pequenas doses teria um efeito protetor cardiovascular, essa informação está
certa. Só que não precisa consumir o vinho durante a gestação. Na balança do
custo-benefício, melhor não utilizar álcool durante a gestação”, disse.
A médica pediatra
neonatologista Conceição Aparecida de Matos Segre explica que, quando a mulher
ingere a bebida, o álcool cai diretamente na corrente circulatória do feto e se
acumula no líquido amniótico. “Fica com um verdadeiro reservatório de álcool,
que o bebê fica ingerindo, e que demora muito mais para eliminar”, disse.
O bebê tem o sistema
nervoso central afetado e a mulher pode até sofrer aborto. Quando nascem, os
bebês podem apresentar má formação no rosto e desenvolver problemas à medida
que crescem, como retardo mental, dificuldades de aprendizagem, hiperatividade
e problemas motores.
Como médica, Aparecida já
presenciou muitos pacientes com a síndrome. “O primeiro caso que eu vi na minha
vida, em 1978, eu nem sabia o que era a síndrome. Nasceu o bebezinho com um
rostinho meio diferente. A equipe achou esquisito, era um bebê muito irritado,
chorava muito, tinha tremores. Fomos estudar e descobrimos que, em 1973, nos
Estados Unidos, dois autores caracterizaram essa síndrome”, conta.
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