Uma carga de medicamentos contra
câncer, avaliada em R$ 5 milhões, foi roubada quando era transportada para a
Fundação para o Remédio Popular (FURP), em São Paulo. O Instituto Vital Brazil
(IVB), laboratório produtor do remédio, ligado à Secretaria de Estado de Saúde
do Rio, informou que o crime ocorreu em 16 de novembro, mas somente dez dias
depois foi notificado pela transportadora. O IVB vai processar a empresa Airway
Transporte.
"Dez dias depois do ocorrido
fomos informados de que houve um extravio. Somente cinco dias mais tarde deste
aviso, é que a transportadora disse que havia ocorrido roubo. Nossa abordagem
teria sido completamente diferente, teríamos mobilizado a imprensa, porque essa
carga não tem valor comercial. Cada caixa tem a inscrição de que é proibida a
sua venda. Mas depois de duas semanas, não sabemos em que condições o remédio
foi armazenado", afirmou o presidente do IVB, Edmilson Migowski.
O medicamento Imatinibe é usado para
leucemia mieloide crônica e tumor de intestino. "Nossa preocupação maior
foi em relação ao risco de desabastecimento. Mas o Ministério da Saúde tinha
estoque estratégico e tínhamos parte do produto já pronto. Não faltou
medicamento para os pacientes de São Paulo", afirmou Migowski. A
informação foi confirmada pela Secretaria de Saúde de São Paulo.
De acordo com a Airway, a carga de 86
mil comprimidos saiu do depósito em um Fiat Fiorino descaracterizado, e o
motorista foi rendido por homens armados, na tarde de 16 de novembro, na Mooca.
O veículo era operado por uma empresa representante da Airway em São Paulo.
"A Polícia Civil acredita que os
assaltantes sabiam o que era transportado", afirmou o advogado da Airway
Transporte, Cristiano de Freitas Fernandes. "A empresa representante da
Airway nos informou que a carga havia sido roubada às 13h30, mas o Boletim de
Ocorrência registra que o assalto foi às 15h30. Essa contradição precisa ser
esclarecida".
Segundo Fernandes, houve "ruído
de comunicação" com o Vital Brazil. "Não foi comunicado extravio. O
roubo foi informado por telefone ao Vital Brazil no dia em que ocorreu. Como
essa informação chegou ao presidente internamente não podemos dizer",
afirmou.
O presidente do Instituto ainda o
fato de outra empresa ter feito o transporte, em São Paulo, quando o contrato
com a Airway proíbe a terceirização do serviço. O advogado informou que a
empresa é a responsável pelo contrato com o Vital Brazil, mas tem parcerias com
transportadoras em todo o País. "Nenhuma empresa de transporte no Brasil
tem capacidade de cumprir contratos em todos os Estados sem parcerias
regionais. Só os Correios", afirmou.
O presidente do IVB informou que vai
se reunir com representantes da transportadora para discutir o ressarcimento
dos R$ 5 milhões ao instituto. Segundo Fernandes, no entanto, a seguradora
estaria se recusando a pagar o valor por causa de uma cláusula contratual, que
prevê que a mercadoria não pode ficar mais de dois dias estocada. Os remédios
ficaram sete dias no depósito em São Paulo.
"A demora foi provocada pelo próprio instituto, que não deu a ordem final para a entrega. Mas essa é uma cláusula espúria. O roubo não ocorreu no depósito. Vamos acionar a seguradora na Justiça", afirmou.
"A demora foi provocada pelo próprio instituto, que não deu a ordem final para a entrega. Mas essa é uma cláusula espúria. O roubo não ocorreu no depósito. Vamos acionar a seguradora na Justiça", afirmou.
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