FONTE: *** Jairo Bouer (http://doutorjairo.blogosfera.uol.com.br).
O avanço no
tratamento da Aids fez com que mais gente tenha negligenciado o uso da
camisinha, especialmente quando se trata de sexo oral. A consequência? O
retorno de doenças antigas que trazem estragos enormes, como a sífilis e a
gonorreia. E o pior de tudo: essas duas DSTs, a princípio fáceis de ser
tratadas, estão se tornando resistentes aos antibióticos mais comuns.
A Organização Mundial
da Saúde (OMS) fez um alerta na sexta-feira (7) sobre a proliferação de casos de
gonorreia resistente a medicamentos. O anúncio foi feito após a análise de
dados de 77 países. Já foram registrados pelo menos três casos em que nenhum
antibiótico existente foi capaz de tratar essa doença sexualmente transmissível
(DST) – no Japão, na França e na Espanha, segundo a agência BBC.
De acordo com a OMS,
cada vez que uma pessoa toma antibióticos para tratar uma dor de garganta
comum, há o risco de que outras bactérias da espécie Neisseria (mesma à
qual pertence a causadora da gonorreia), presentes na região, tornem-se
resistentes e atrapalhem o tratamento caso a pessoa venha a contrair a DST pelo
sexo oral no futuro.
Com a sífilis, existe
uma ameaça parecida. O tratamento de primeira escolha é a penicilina benzatina,
mas as poucas empresas no mundo que ainda produzem esse medicamento tão antigo
não têm dado conta da demanda. Os antibióticos que seriam a segunda opção – da
classe da azitromicina – não têm funcionado em alguns casos devido à
resistência bacteriana.
Por fim, a OMS
recentemente mudou as diretrizes para tratamento da clamídia por causa do
aumento do registro de cepas resistentes aos antibióticos da classe das
quinolonas. Vale lembrar que toda DST não tratada facilita a infecção pelo HIV
e pode levar à infertilidade, além de outros inúmeros problemas de saúde.
Assim como a
gonorreia, a sífilis e a clamídia podem ser transmitidas pelo sexo oral e podem
ser assintomáticas, o que faz com que muita gente não se trate logo. Além
disso, sempre que há um diagnóstico, é preciso que os parceiros sejam
informados e tratados também, o que é raro. Vale lembrar que toda DST não
tratada facilita a infecção pelo HIV e pode levar à infertilidade, além de
outros inúmeros problemas de saúde.
Mais de 100 milhões
de pessoas contraem clamídia a cada ano em todo o mundo. No caso da gonorreia,
são 78 milhões de casos, e da sífilis, cerca de 6 milhões, segundo as
estimativas mais recentes da OMS, que já podem até estar desatualizadas. Vale
lembrar que o HIV, que infecta cerca de 2,5 milhões por ano, também pode se
tornar resistente aos antivirais se o tratamento e as medidas de prevenção não
forem levados a sério.
Diante desse cenário,
não dá pra relaxar. Tem que usar camisinha do começo ao fim, inclusive no sexo
oral, fazer exames de rotina, procurar o médico sempre que estiver com algum
sintoma diferente, seguir o tratamento direitinho e avisar os parceiros, para
que eles se tratem também. Não é só a sua saúde que agradece.
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