A Califórnia pode começar a exigir, em breve, que a Starbucks avise seus
consumidores que café causa câncer. Os políticos do estado enlouqueceram ou
realmente há alguma verdade nisso?
Um processo aberto em 2010 por um grupo chamado Conselho para Educação e
Pesquisa de Tóxicos está em seu estágio final, quando o juiz deverá emitir sua
decisão final. Muitas empresas, incluindo a 7-Eleven, já concordaram em exibir
avisos em suas lojas.
A ação baseia-se na teoria de que o preparo do café quente
produz acrilamida, substância derivada do ácido acrílico presente na longa
lista de elementos que a Califórnia aponta como causas do câncer e da produção
de toxinas no corpo. A acrilamida está na lista desde 1990, mas apenas em 2002
os cientistas descobriram que ela está na composição de vários alimentos.
“A acrilamida é encontrada, principalmente, em vegetais, produtos à base
de batata, grãos e café. Alimentos como batata frita e batata chips podem ter
níveis altos da substância”, diz a Sociedade Americana de Câncer.
Mas como aproveitar a vida sem batata frita e café? Além disso, como as
pessoas que amam esses alimentos ainda não morreram de câncer? A resposta a
essa pergunta é uma prova de que as evidências contra a acrilamida são
incompletas. Se fizermos um rato de laboratório ingerir doses 1.000 vezes
maiores da substância do que as que são encontradas nos alimentos, ele
realmente será diagnosticado com maior propensão ao câncer. Mas ratos não são
pessoas e a dose é exagerada. Por isso, a instituição concluiu que “ainda não é
certo que a acrilamida coloque as pessoas em risco”.
Além disso, é muito fácil encontrar alegações de que o café, na verdade,
combate à doença. Uma avaliação do ano passado descobriu que uma xícara da
bebida por dia está associada a uma leve redução no risco de câncer no fígado e
no endométrio. Uma revisão de 2010, com base em mais de 500 pesquisas,
encontrou o mesmo resultado, mas com um ligeiro aumento no risco de câncer de
bexiga entre os consumidores vorazes de café. Outro levantamento do ano
passado, de Robin Pooles e colegas do Reino Unido, apontou não apenas um risco
reduzido de câncer, mas também uma diminuição na ocorrência de doenças
cardíacas e na mortalidade de uma forma geral.
O estudo de Pooles concluiu: “O consumo de café parece seguro quando em
níveis habituais, com redução de risco em vários aspectos da saúde (no caso de
três a quatro xícaras por dia) e maior tendência a beneficiar as pessoas do que
prejudica-las”.
Portanto, os amantes de café podem comemorar. Mas não vamos nos enganar –
ninguém consume a bebida pensando nos benefícios à saúde.
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