A aplicação intravenosa de soro fisiológico é um dos procedimentos mais comuns da medicina. Isso tanto em casos graves, como quadros hemorrágicos, quanto em situações moderadas. Embora seja um tratamento indispensável, o tipo de soro normalmente utilizado atualmente - cloreto de sódio a 0,9% - é um medicamento que, assim como outros, traz benefícios, mas também tem o potencial de trazer efeitos colaterais.
De olho nisso, uma pesquisa realizada pelo Hospital do Coração (HCor), localizado na capital de São Paulo, visa propor um novo tipo de soro com o objetivo de reduzir a mortalidade nos hospitais do país.
Parceria
Com conclusão prevista para 2019, o estudo, intitulado de Balanced Solution versus Saline in Intensive Care Study (BaSICS), está sendo realizado em conjunto com profissionais da rede brasileira de pesquisas em medicina intensiva (BRICNet) e de outras instituições de saúde, como o Dr. Luciano Azevedo, do Hospital Sírio Libanês, em São Paulo, e o Dr. Nilton Brandão, do Hospital Moinhos de Vento, localizado em Porto Alegre.
O BaSICS é conduzido também como parte do Programa de Apoio ao Desenvolvimento Institucional do Sistema Único de Saúde (PROADI-SUS), do Ministério da Saúde, e envolverá cerca de 11 mil pacientes internados em 100 unidades de terapia intensiva em todas as regiões do Brasil.
“O soro fisiológico é usado há mais de 100 anos e tem sido importantíssimo para tratar pacientes com problemas graves. No entanto, tem composição razoavelmente diferente do plasma humano. Alguns elementos de sua composição têm potencial para produzir problemas, como lesão dos rins, por exemplo”, explica o médico intensivista Dr. Alexandre Biasi Cavalcanti, gerente de Estudos Clínicos do Hospital do Coração (HCor). Apesar de ser um procedimento inovador, Cavalcanti alerta que pesquisas são necessárias para verificar se o seu uso é uma possibilidade real.
“Essa iniciativa consiste em promover a substituição do soro comum por uma solução chamada Plasma Lyte. Por ser muito mais próxima da composição do plasma sanguíneo humano, essa substância tem o potencial de reduzir efeitos colaterais, o que, em tese, pode aumentar as chances de recuperação de pacientes em estado grave”, afirma o médico.
No mesmo estudo, avalia-se outra questão que também pode contribuir para facilitar a recuperação de pacientes graves: qual a velocidade ideal para administração de soros.
Velocidade.
Um grupo de pacientes receberá o soro de forma mais lenta e outro de forma mais rápida. “Em crianças com infecções graves verificou-se que a velocidade de administração do soro é muito importante. Crianças que receberam o soro mais lentamente tiveram melhor evolução do tratamento”, afirma o médico intensivista Dr. Fernando Zampieri, do Instituto de Pesquisas (IP) do HCor. “Em adultos, esta questão está indefinida”, explica.
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