Para muita gente, fim
de semana é sinônimo de beber, seja qual for a situação. Para muitas dessas
pessoas controlar quantidade nunca foi uma preocupação, já que o hábito está
limitado a certas ocasiões. Por isso mesmo, elas não sabem direito se costumam
virar quatro ou oito latinhas de cerveja numa festa. Nem se lembram quantas
caipirinhas ou taças de vinho tomaram na última, por causa do próprio efeito do
álcool na memória.
Para a Organização
Mundial da Saúde (OMS), homens que bebem cinco ou mais doses de álcool em um
intervalo aproximado de duas horas, bem como mulheres que bebem quatro ou mais
doses nesse mesmo período de tempo, são considerados bebedores pesados
episódicos. Em inglês, a prática é chamada de "binge drinking". Por
"dose" entenda-se uma tulipa grande de cerveja (285 ml), uma taça de
vinho pequena (120 ml) ou 30 ml de destilado.
Uma das principais
consequências de se beber muito e rápido obviamente é a embriaguez. Em jovens
que fazem isso de estômago vazio, é pedir para ter o chamado "apagão"
– no dia seguinte, a pessoa não lembra muito bem o que fez ou falou na noite
anterior. O fenômeno existiu sempre, mas só nos últimos anos, a partir do
conhecimento obtido com exames de imagem do cérebro, é que as reais
consequências desse fenômeno passaram a ser compreendidas. E as notícias não
são muito animadoras.
Tudo indica que o
hábito de beber bastante, mesmo que só de vez em quando, pode ter consequências
importantes para os diferentes tipos de memória, o que envolve não apenas a
capacidade de lembrar de fatos passados, mas também de se concentrar no
presente. Nos adolescentes, que ainda estão com o cérebro em formação, isso
representa uma ameaça séria ao aprendizado e à capacidade produtiva no futuro.
Em português claro, essas alterações podem reduzir as chances de se conseguir
um bom emprego e mantê-lo.
Em um artigo recente no
site The Conversation, o professor de medicina Jamie Smolen, da Universidade
da Flórida, nos EUA, explica que jovens que exageram na bebida têm um deficit
de glutationa, um antioxidante que protege o cérebro dos radicais livres.
Segundo ele, isso afeta a memória e o aprendizado inclusive nos períodos de
abstinência. O especialista também adverte que os efeitos negativos do álcool
no córtex pré-frontal podem fazer com que o adolescente tenha uma tendência
maior a agir de forma arriscada para ter mais emoção no futuro, mesmo sem estar
bêbado.
Os neurocientistas
australianos Daniel Hermens e Jim Lagopoulos, em um estudo recente, descobriram
que muitos jovens que têm apagões continuam a vivenciar o fenômeno mesmo depois
que amadurecem e passam a beber com menor frequência. Talvez fatores genéticos
expliquem essa vulnerabilidade. Outro trabalho, publicado no Journal of
Neuroscience por uma equipe da Universidade de Columbia, diz que
adolescentes que começam a beber antes dos 15 anos de idade têm mais problemas
de memória ao se tornarem adultos.
Além dos prejuízos ao
cérebro, sempre lembro aqui que a embriaguez traz riscos imediatos, como de
acidentes, abuso sexual, gravidez indesejada e doenças contraídas pela ausência
da camisinha nas relações sexuais.
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