O paulista Celso* convive com o vírus HIV há dez anos. Em 2016, ele
descobriu que também estava com câncer anal. Começou o tratamento com
quimioterapia, passou por radioterapia e precisou ser submetido a cinco
cirurgias para retirada de tumores no reto e canal anal.
No período de
internação, sofreu com infecções do trato urinário e teve de colocar uma
bolsa de colostomia e de urostomia, que coleta fezes e urina, respectivamente.
Além de todas as
dificuldades enfrentadas enquanto lutava contra o câncer, após o tratamento da
doença Celso teve de encarar consequências que até hoje prejudicam muito sua
qualidade de vida: "Por causa das operações no canal anal e na pélvis,
não consigo ficar muito tempo em pé e sinto formigamentos constantes nas
pernas, não consigo nem trabalhar e estou afastado", conta.
Pessoas com HIV têm
risco maior.
O câncer anal atinge um
número pequeno de pessoas e tem como sintomas mais comuns sangramento e dor na
região e alteração nas fezes. Em alguns casos, também há incontinência fecal. A
doença acomete principalmente indivíduos infectados pelos vírus HIV ou HPV
e com mais de 50 anos.
Uma metanálise
brasileira feita por oncologistas do grupo Americas Serviços Médicos, em
parceria com hospital A. C. Camargo, mostrou que a chance de um paciente
soropositivo com câncer de canal anal morrer em três anos é 77% maior do que
pacientes soronegativos.
Pessoas com HIV têm 20
vezes mais chance de desenvolver câncer, por causa da imunodeficiência no
organismo.
O estudo, publicado no Journal
Gastrointestinal Oncology, pode ser o caminho para melhorar a qualidade de
vida e sobrevida desses pacientes, como explica Raphael Araújo, cirurgião
oncológico do Americas Serviços médicos, que atua nos hospitais Paulistano e
Samaritano. ?Esses dados podem nos ajudar a achar medidas preventivas para
diminuir os efeitos do tratamento?, diz.
Araújo ressalta ainda
que tanto o HPV quanto o HIV podem ser prevenidos com o uso de preservativo
durante as relações sexuais.
*Nome
trocado a pedido da fonte .
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