Melhoria
nas condições de vida da população é um deles, explica a endocrinologista
pediátrica Fernanda André.
Se no início do século
passado as meninas tinham a primeira menstruação entre os 14 e 16 anos, segundo
estudo do Departamento de Crescimento e Reprodução da Universidade de
Copenhague, na Dinamarca, hoje o mais comum é que as garotas tenham a menarca
entre 11 e 13 anos. E vários fatores têm feito com que elas entrem na fase
reprodutiva ainda mais cedo. Melhoria nas condições de vida da população é um
deles, explica a endocrinologista pediátrica Fernanda André:
— Com o acesso a uma
saúde e alimentação melhor, há a tendência de as meninas menstruarem mais cedo.
Isso acontece porque um organismo mais sadio acaba se desenvolvendo mais cedo.
Mas isso é normal. A menarca precoce têm assustado alguns pais. De acordo com a
médica, as mães comparam a idade se sua primeira menstruação com a da filha e
acham que há algo errado com as meninas.
— Se a mãe está achando
que a filha tem um desenvolvimento acelerado, é melhor procurar um especialista
— orienta Fernanda. Casos de puberdade precoce, quando a criança desenvolve
aspectos sexuais antes da época esperada, também podem antecipar a menstruação.
Este problema de saúde atinge mais meninas do que os meninos, e uma de suas
causas está ligada à alimentação. A obesidade faz as crianças desenvolverem uma
resistência insulínica, que obriga o corpo a produzir mais deste hormônio.
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— Com isso, ocorre um
aumento de hormônios andrógenos, que podem estimular a glândula mamária e fazer
com que apresentem o broto mamário por volta dos 7 anos — diz Fernanda André.
Outro fator é a
ingestão de alimentos com agrotóxicos (legumes, frutas e hortaliças mal
lavados, por exemplo) ou industrializados, guardados e aquecidos em recipientes
plásticos. Isso porque os compostos químicos podem afetar a produção dos
hormônios, antecipando o desenvolvimento sexual.
‘O prejuízo para minha
filha é o emocional’.
Percebi que os seios da
minha filha passaram a crescer quando ela tinha apenas 7 anos. Fui procurar
ajuda profissional e ela foi diagnosticada com puberdade precoce e começou o
tratamento em 2016. O maior prejuízo é o emocional, pois minha filha, agora com
9 anos, tem vergonha do corpo, porque ela tem mais curvas e seios do que
qualquer outra menina da idade dela.
Desenvolvimento precoce
tem tratamento.
Quando o corpo de uma
criança está pronto para entrar na puberdade, uma parte do cérebro chamada
hipotálamo produz o hormônio liberador da gonadotrofina (GnRH). Esse hormônio
faz com que a hipófise (uma pequena glândula na base do cérebro) libere dois
outros hormônios: o hormônio luteinizante (LH) e o hormônio folículo
estimulante (FSH). O LH e o FSH estimulam os ovários e testículos a produzirem,
principalmente, estrogênio nas meninas e testosterona nos meninos — hormônios
responsáveis pelas alterações apresentadas durante a puberdade.
Considera-se puberdade
precoce quando isso começa antes dos 8 anos nas meninas e dos 9 nos meninos.
Para retardar este desenvolvimento, existe tratamento hormonal, que funciona
como inibidor do processo.
Segundo Amanda Athayde,
diretora do Departamento de Endocrinologia Feminina e Andrologia da Sociedade
Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM), quando o caso de puberdade
precoce é identificado, fazer este tratamento traz benefícios para a saúde
física e psicológica:
— Frear a puberdade
ajuda a criança a não se sentir muito diferente fisicamente de seus pares, além
de diminuir a interferência destes hormônios sexuais que travam o crescimento
dos ossos.
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