Sabe aquela dor de cabeça
que insiste em não passar? Ou aquele desconforto no estômago que parece que
você exagerou no almoço? Essas e outras queixas fazem parte da rotina de quem
costuma se automedicar, seja pegando um comprimido na caixinha de remédios de
casa, seja pedindo ajuda ao atendente da farmácia. Só que, muitas vezes, o que
era para ser solução pode acabar virando um problemão.
Embora
haja muitos medicamentos que apresentam baixo risco quando utilizados sem
prescrição médica, nenhum deles é livre de efeitos colaterais, que podem ir de
uma reação alérgica ou dor de cabeça a sintomas gastrointestinais, tontura e
dependência, entre outros.
Entenda o que pode
acontecer no organismo quando você toma alguns dos remédios mais consumidos no
Brasil. Os especialistas consultados reforçam: evite a automedicação e consulte
um médico antes de ingerir qualquer tipo de medicamento.
Antibióticos.
Indicados para
tratamento de infecções bacterianas, só podem ser adquiridos com receita
médica. "É possível causarem processos alérgicos como alterações de pele e
até dificuldade para respirar. Também podem causar diarreia porque modificam a
flora intestinal", descreve Henrique Grigio, especialista em medicina
paliativa do Hospital Samaritano, em São Paulo.
Além disso, o uso indiscriminado e abusivo pode gerar
resistência bacteriana, que é quando as bactérias deixam de responder às drogas
habitualmente usadas para combatê-las. Esse é atualmente um dos problemas de
saúde pública que mais preocupam a comunidade médica no mundo.
Analgésicos
e antitérmicos.
São usados para dores e
febre e não necessitam de prescrição. Mas não quer dizer que o uso
indiscriminado ou prolongado seja inofensivo. "Esses medicamentos podem
provocar alergias, choque anafilático, queda de pressão, tontura, hepatite
medicamentosa, hepatite fulminante (falência do fígado), alterações da medula
óssea e na produção de células sanguíneas e queda da imunidade", explica
Sérgio Brodt, chefe do serviço de medicina interna do Hospital Moinhos de
Vento, em Porto Alegre.
Anti-inflamatórios.
São utilizados para
dores, contraturas musculares e machucados em geral e não precisam de receita.
Segundo Américo Cuvello, clínico geral do serviço de clínica médica do Hospital
Alemão Oswaldo Cruz, em São Paulo, o
abuso de anti-inflamatórios pode interferir nos mecanismos de proteção da
mucosa do estômago, e os sucos gástricos podem ferir e lesar o órgão,
ocasionando gastrites e úlceras gástricas.
"Os sintomas mais
comuns são queimação gástrica, azia, dor e desconforto abdominal. O uso
contínuo e sem orientação médica pode gerar lesão renal. Nos pacientes idosos e
desidratados pode ocorrer insuficiência renal aguda com necessidade de diálise
ou ser causa de doença renal crônica com dano renal permanente", alerta o
médico.
Relaxantes
musculares.
Recomendados para
combater dores musculares e articulares de leve a moderada intensidade, podem
levar a dependência por causa da sensação de alívio que proporcionam.
"Como podem provocar sonolência, não é recomendável dirigir depois de
consumir algum remédio do tipo", ressalta Cuvello. Em pacientes acima de 65 anos, a prescrição é desaconselhada devido ao
risco de queda e xerostomia (boca seca), que pode atrapalhar a ingestão de
alimentos e a dicção.
Anticoncepcionais.
Os efeitos colaterais
dependem da dosagem hormonal do medicamento escolhido e da sensibilidade da
mulher. "Podem incluir amenorreia (ausência de menstruação), escapes
(perdas sanguíneas fora do período menstrual), ganho de peso, retenção de
líquidos, diminuição da libido, náusea, dor de cabeça, acne, alterações do
humor, aumento do risco de alguns tipos de câncer e trombose venosa profunda e
embolia pulmonar", alerta Brodt.
Se perceber alguma alteração física ou emocional
enquanto usa o anticoncepcional, é importante conversar com seu ginecologista para,
quem sabe, trocar a dosagem ou o método contraceptivo.
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