Inca
destaca a importância do diagnóstico precoce.
O câncer é a segunda
causa de morte entre crianças e adolescentes de um a 19 anos no país, atrás
apenas das mortes por acidente. Entre as doenças, é a que mais mata nesta faixa
etária. Para 2019, são esperados mais 12,5 mil novos casos. A boa notícia,
entretanto, é que, em crianças, o potencial de cura é ainda mais alto do que
nos adultos, devido ao tipo de células que atingem.
As chances de cura são
de 80%. No Dia Nacional de Combate ao Câncer, celebrado ontem (23) e criado há
10 anos para conscientizar sobre a doença, a chefe da pediatria do Instituto
Nacional do Câncer (Inca), Sima Ferman, destaca a importância do diagnóstico
precoce.
“Os tipos mais comuns
que ocorrem em crianças são as leucemias, os tumores de sistema nervoso central
e os linfomas. Mas também há outros tumores que são muito característicos que
ocorrem em crianças. Todos eles são relativamente raros, se for comparar com os
que acontecem nos adultos. Mas eles assumem uma importância muito grande porque
são altamente curáveis e, quanto mais precocemente for feito o diagnóstico, eu
vou poder curar essas crianças com menos tratamento”, disse.
Sima explica que as
dificuldades para o diagnóstico são maiores em crianças do que em adultos pelos
sintomas muito parecidos com doenças comuns. No entanto, a garantia de mais
recursos, mais profissionais e estruturação do Sistema Único de Saúde (SUS),
onde a maior parte das crianças é tratada, poderia garantir mais sucesso.
“O que temos que pensar
é que câncer na criança é um problema de saúde pública. Há necessidade
realmente de um grande investimento. É necessário ter centros especializados na
atenção à criança em todo o Brasil e mais próximos aos locais onde as crianças
vivem”, afirma a médica.
Sandra Nóbrega conhece
bem de perto o drama das famílias que precisam se deslocar vários quilômetros
para se tratar na capital. Fundadora e diretora da Casa de Apoio à Criança com
Câncer Santa Teresa, que acolhe pacientes e seus familiares no Rio, ela reforça
que o grande desafio é de fato mais estrutura. “Os diagnósticos precoces ainda
estão muito falhos. Não é rápido o resultado dos exames nos postos de saúde”,
conta.
O direito à cultura
para as crianças e adolescentes com câncer associado ao direito à saúde pública
de qualidade estão também no topo da preocupação de uma organização que conhece
de perto as dores e sorrisos das crianças com câncer. Ronaldo Aguiar, diretor
artístico da Doutores da Alegria, conta o relato de uma mãe e se associa à
defesa de que é preciso mais saúde pública.
“As pessoas não sabem
da importância do SUS. Ter um sistema único de saúde, que é universal e atende
todos os tipos de doença. A saúde é um direito”, disse Aguiar.
Diferente dos adultos,
nos quais muitas vezes o câncer está associado também a hábitos de vida, nas
crianças é mais difícil falar em prevenção, pois não há uma relação
estabelecida entre causa e efeito. O Inca reforça que a melhor forma de
controle é o diagnóstico precoce a partir de um acompanhamento médico regular.
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