Uma grande pesquisa
realizada pelo governo britânico indica que uma em quatro adolescentes de 17 a
19 anos sofre de algum tipo de transtorno mental, como depressão ou ansiedade.
A proporção é o dobro da registrada entre garotos da mesma idade.
Outros dados
preocupantes da pesquisa: mais da metade dos jovens de ambos os sexos, nessa
faixa etária, já se machucou ou tentou suicídio. Cerca de 5,6% apresentam um
transtorno dismórfico corporal, ou seja, a obsessão por algum defeito no corpo.
E 1,6% sofrem de algum transtorno alimentar, como anorexia ou bulimia.
O levantamento, que
contou com 9 mil jovens, revela que, entre jovens e crianças de 5 a 15 anos, a
ocorrência de transtornos mentais é menos comum, mas tem aumentado. Passou de
9,7%, em 1999, para 10,1% em 2004 e 11,2% em 2017. Já outros tipos de
transtorno, como hiperatividade e problemas de conduta, permaneceram estáveis
em relação às pesquisas anteriores.
Os pesquisadores
utilizaram como ferramenta de avaliação os critérios diagnósticos da
Classificação Internacional de Doenças, o CID-10, também adotado no Brasil. Os
pais também foram ouvidos para se fechar o diagnóstico, bem como os
professores, no caso dos adolescentes mais novos.
O uso das mídias
sociais pode ter relação com esses números, de acordo com os psiquiatras. Mas a
hipótese ainda precisa ser mais estudada. O que os dados mostram é que os
jovens de 11 a 19 anos com transtornos mentais são mais propensos a usar as
plataformas do que os colegas que nunca receberam um diagnóstico. Cerca de um
terço deles passa mais de quatro horas por dia nessas mídias.
Os usuários admitiram
que seu humor é afetado pelo número de "likes" nos posts publicados,
e que costumam se comparar com os amigos nas mídias sociais. Do total dos
garotos com transtornos mentais que usam as plataformas, 41,5% declararam ter
sofrido cyberbullying.
A sexualidade é outro
fator envolvido: se 13,2% dos adolescentes de 14 a 19 anos foram diagnosticados
com algum transtorno mental, o índice foi de 35% entre os jovens que não se
identificam como heterossexuais.
Psiquiatras que
analisaram os resultados acreditam que as meninas têm sido mais diagnosticadas
porque sofrem mais os efeitos negativos das mídias sociais, além de ser mais
afetadas pela pressão por boas notas e para ter um corpo bonito.
Pesquisas semelhantes
nos Estados Unidos também mostram o aumento da frequência de transtornos
mentais entre os jovens daquele país. Esses levantamentos devem servir de
alerta para o Brasil. Apesar das diferenças sociais e econômicas, os hábitos
dos adolescentes são parecidos nos três países.
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