Desordem que atinge cerca de 300 milhões de pessoas de todas as idades no
mundo, a depressão não é de hoje alvo de pesquisas que buscam possíveis formas
de preveni-la. E uma das linhas de investigação é o impacto que podem ter as
atividades físicas. Um novo trabalho publicado na quarta-feira (23), reforça a
estratégia.
A pesquisa teve como premissa uma abordagem genética para avaliar o
potencial de proteção que fazer algum tipo de exercício pode ter contra o risco
de desenvolver depressão.
Para fazer a análise, os pesquisadores, liderados por Karmel Choi, da
Unidade de Psiquiatria e Genética do Neurodesenvolvimento do Hospital Geral de
Massachusetts, nos Estados Unidos, identificaram e cruzaram variantes genéticas
de resultados de estudos de larga escala feitos para atividade física no Reino
Unido e para depressão em um consórcio global.
No caso dos exercícios, foram considerados dois levantamentos: um com 377
mil pessoas, que preencheram relatórios sobre seu nível de atividade; e um
outro com 91 mil pessoas que usaram sensores de movimento no pulso, conhecidos
como acelerômetros. O banco de dados de depressão incluía informações de 143
mil pessoas com e sem a doença.
Os resultados do trabalho, publicado na revista Jama Psychiatry,
indicaram que a atividade física registrada no acelerômetro --mas não a
atividade autorreferida-- parece exercer uma potencial proteção contra o risco
de desenvolver depressão.
Para os autores, as diferenças nos efeitos entre os dois métodos de
mensuração da atividade física podem ser resultado não apenas de imprecisões
nas memórias dos participantes - ou do desejo de se apresentarem de forma
positiva. Mas também do fato de que leituras objetivas captam outros aspectos
além do exercício planejado - como caminhar até o trabalho, subir escadas,
cortar grama, por exemplo - que os participantes podem não reconhecer como atividade
física.
Proteção.
"Em média fazer mais atividade física parece proteger contra o
desenvolvimento da depressão", comentou Choi em comunicado à imprensa. E
qualquer atividade física, explica o pesquisador, parece ser melhor que
nenhuma.
"Nossos cálculos aproximados sugerem que substituir um tempo sentado
por 15 minutos de uma atividade de bombear o coração, como correr, por exemplo,
ou fazer uma hora de atividade moderadamente vigorosa, é suficiente para
produzir um aumento médio nos dados do acelerômetro que estava ligado a um
menor risco de depressão", complementou.
Ele explica, porém, que uma coisa é saber que a atividade físicas poderia
ser benéfica para prevenir a depressão, outra é realmente fazer com que as
pessoas se tornem mais ativas. O autor diz que mais estudos precisam ser feitos
para descobrir quais são as melhores recomendações para os diferentes tipos de
pessoas com diferentes perfis de risco à doença.
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As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
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