Nem todo mundo que
precisa de óculos de grau faz uso dele, e os motivos são variados: se achar
feio com o acessório, não se adaptar, acreditar que não precisa... Fora isso,
tem muita gente que evita ou adia a utilização de lentes corretivas com medo de
piorar a visão e se tornar cada vez mais depende delas. Mas será que essa
crença faz algum sentido?
Usar óculos faz a
miopia progredir?
De forma alguma. O que acontece é que quem precisa de óculos
passa a enxergar melhor com ele e, consequentemente, se sente mais confortável.
Por conta disso, a frequência de uso aumenta, dando a impressão de que os olhos
estão viciados.
Tem
mais: é normal o
grau subir ou até surgir com a idade e o estilo de vida, fazendo com que o
usuário tenha cada vez mais necessidade do acessório, e, com isso, pense que é
ele o culpado pela piora da visão, quando, na realidade, não causa
interferência na progressão dos problemas oculares.
Em boa parte dos casos, os graus se estabilizam entre 18 e 21 anos,
com ressalva para a presbiopia (entenda melhor a seguir), popularmente
conhecida como vista cansada, que tende a surgir após os 40 anos e seu
equilíbrio ocorrer por volta dos 60 anos.
Por que precisamos de
óculos?
É necessário usar
óculos quando os olhos não focalizam
uma imagem com nitidez, embaçando a visão -- normalmente, essa situação vem
acompanhada de dor de cabeça, desconforto visual, dor nos olhos,
lacrimejamento, fotofobia, visão turva e olhos avermelhados.
Como explica o Conselho
Brasileiro de Oftalmologia (CBO), o problema acontece quando o feixe de luz
ambiente, que atravessa o globo ocular para formar a imagem na retina, sofre
algum desvio provocado pela anatomia do olho, impedindo a perfeita revelação da
imagem na retina.
A causa são os erros de
refração: astigmatismo, hipermetropia, miopia e presbiopia. Entenda melhor cada
um deles.
Astigmatismo.
Nele, a córnea tem formato irregular, sendo mais ovalada.
Assim, o feixe de luz incide em ângulos diferentes e não em apenas um, gerando
uma imagem distorcida de perto e de
longe. A sensação é mais ou menos como enxergar através de um vidro
ondulado. Costuma estar presente desde o nascimento, mas também pode se
desenvolver após uma lesão ocular --provocada por um hábito simples, como coçar
o olho --, doença ou cirurgia.
Hipermetropia.
Ocorre quando o globo ocular é menor do que o normal ou a córnea mais
curva.
Isso provoca uma focalização errada da imagem, que acaba se formando após a retina.
A dificuldade, neste caso, é maior para
enxergar de perto. Também tende a estar presente desde o nascimento.
Miopia.
É a condição em que não se enxerga com clareza o que está longe.
Ela se dá quando o globo ocular é muito comprido ou a córnea muito curva --isso
faz com que os raios de luz focalizem antes do ponto certo na retina. O
problema geralmente aparece no início da idade escolar ou na adolescência.
Presbiopia.
Mais conhecida como vista cansada, se manifesta normalmente após os 40
anos, criando uma dificuldade para enxergar de perto e de longe.
Ela é causada pela perda natural da elasticidade e do poder de acomodação do
cristalino --lente que fica dentro do olho, responsável por garantir foco e
nitidez nas mais diferentes distâncias.
Causas: genética e
idade.
De modo geral, os
problemas de visão são genéticos, menos a presbiopia, que se deve à idade. No
entanto, a hipermetropia também pode estar associada ao estrabismo acomodativo
infantil e, a miopia, à falta de
exposição a ambientes externos e ao grande esforço visual para perto,
especialmente com o uso excessivo de equipamentos eletrônicos, como tablets e
smartphones.
É preciso salientar que
eles despontam sozinhos ou em conjunto no mesmo olho, com exceção de miopia e
hipermetropia, que são antagônicos.
***
Fontes: Edvaldo Sóter,
oftalmologista do Hospital de Olhos; José
Beniz, oftalmologista membro do Conselho Brasileiro de Oftalmologia
(CBO); e Lisia Aoki,
oftalmologista do Hospital das Clínicas.
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