Estudo é do Instituto
de Ciências Biomédicas da Universidade de SP.
Uma molécula
desenvolvida no Instituto de Ciências Biomédicas da Universidade de São Paulo
(ICB-USP) poderá aumentar a qualidade e a expectativa de vida das pessoas que
sofrem de insuficiência cardíaca – hoje em torno de cinco anos para grande
parte deles. A nova molécula – feita pelo ICB em cooperação com a Universidade
de Stanford, dos Estados Unidos – abre caminho para novos medicamentos capazes
de frear a evolução da doença de maneira mais eficaz do que os já disponíveis.
A insuficiência
cardíaca é o último estágio de diversas doenças cardiovasculares, enfermidades
que mais matam no mundo, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS).
Estima-se que 17,7 milhões de pessoas tenham morrido por doenças
cardiovasculares em 2015, representando 31% de todas as mortes em nível global.
A insuficiência cardíaca pode ser causada por um infarto mal tradado, hipertensão,
e problemas em alguma válvula do coração.
“A maioria dos
medicamentos disponíveis hoje para tratar a insuficiência cardíaca foi
desenvolvida da década de 1980 e atua fora da célula cardíaca. Precisamos de
medicamentos mais efetivos que controlem processos críticos na célula cardíaca
em sofrimento, capazes de aumentar o tempo e a qualidade de vida dos pacientes.
Mas essa é uma tarefa árdua” disse o professor do ICB e coordenador do estudo,
Julio Cesar Batista Ferreira.
Segundo o ICB, o
tratamento com a nova molécula sintetizada, chamada Samba, freou a progressão
da insuficiência cardíaca em animais. Ratos com quadro de insuficiência
cardíaca tratados por seis semanas com a molécula apresentaram não só uma
estabilização da doença – como ocorre com o uso dos medicamentos atuais – mas
também tiveram regressão do quadro. Os animais tiveram melhora na capacidade de
contração do músculo cardíaco.
A molécula também foi
testada em células cardíacas humanas. Os resultados mostraram que, além de
frear o avanço da doença, houve melhora da capacidade dessas células se
contraírem. “As drogas atuais freiam a progressão da doença, mas nunca fazem
com que ela regrida. O que mostramos é que, ao regular essa interação
específica, diminui-se a progressão e ainda traz a doença para um estágio mais
leve”, disse Ferreira.
A pesquisa e a nova
molécula sintetizada foram descritas em artigo publicado na Nature
Communications na última sexta-feira (18). A publicação sobre ciências naturais
é uma das principais revistas acadêmicas do mundo e abrange assuntos
relacionados à física, química, às ciências da Terra e biologia.
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