FONTE: ***, Raphaela Ramos, https://extra.globo.com/
Fumantes têm maior risco de desenvolver um quadro grave e morrer
de Covid-19; fumar afeta sua aparência; o tabaco
ameaça a saúde de pessoas próximas — não apenas a sua. Essas são algumas
das mais de cem
razões para abandonar o tabagismo listadas pela Organização Mundial da Saúde
(OMS) em uma campanha mundial lançada recentemente. A
iniciativa “Comprometa-se a parar de fumar durante a Covid-19” vai durar um
ano, com o objetivo de ajudar pelo menos cem milhões de pessoas a largar o
cigarro.
De acordo com o diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus,
“fumar mata oito milhões de pessoas por ano, mas, se as pessoas precisarem de
mais motivação para largar o vício, a pandemia fornece o incentivo certo”. O
pneumologista Gilmar Zonzin explica que os fumantes têm maior risco de
desenvolver sintomas graves da Covid-19 por diferentes motivos.
— O mais pontual deles é que o consumo de cigarro aumenta
nos pulmões a expressão de determinadas proteínas que são pontos de ligação de
entrada do vírus nas células do aparelho respiratório. Se eu fumo, eu facilito
o processo de penetração do vírus no órgão — explica o médico e professor do
Centro Universitário de Volta Redonda (UniFOA).
Zonzin destaca ainda que quem fuma já tem o pulmão e o
corpo inflamados, e portanto tem mais propensão a reagir com resposta inflamatória,
que é um dos mecanismos de agressão adicional da doença provocada pelo
coronavírus:
— Imagina o vírus agredindo um aparelho respiratório que,
em vez de ser saudável, já é lesionado, vulnerável e adoecido pelo consumo de
cigarro.
Andrea Reis, chefe da Divisão de Controle do Tabagismo e
Outros Fatores de Risco do INCA, acrescenta que os fumantes também podem ter o
risco aumentado de contrair a doença por levarem a mão à boca o tempo todo. E
ainda acrescenta:
— O fumante não pode ficar passando álcool em gel porque
é inflamável, e, se ficar toda hora lavando a mão, o cigarro acaba esfarelando.
Para piorar o cenário, a pandemia do novo coronavírus
pode incentivar o tabagismo, com o aumento do estresse, além de tornar o
desafio de parar de fumar ainda maior.
— Não temos uma pesquisa que possa comprovar se houve
aumento, mas sabemos que é um momento de muito estresse e de isolamento, então
o INCA se preocupou em incentivar as pessoas em tratamento a continuarem com o
desejo de parar de fumar. Também nos preocupamos muito com o tabagismo passivo,
dentro de casa — afirma Reis.
A especialista do INCA ressalta que o tabagismo é uma
doença de dependência da nicotina, e é o principal fator de risco modificável
para as doenças crônicas não transmissíveis.
— A principal delas é o câncer. Mas pode provocar também
o desenvolvimento da tuberculose, infecções respiratórias, doença
gastrointestinal, impotência sexual, infertilidade — enumera Reis, que
completa: — Parar de fumar é o melhor caminho e é uma boa decisão para o ano
novo.
Orientações para quem quer
parar de fumar.
Reconheça a
dependência química - A dependência
química do tabaco é muito forte e é reforçada socialmente. Por isso, é
importante ter consciência dessa condição e reconhecer que é preciso buscar ajuda
e tratamento. Parar de fumar é, antes de tudo, uma decisão pessoal.
Rápido ou
devagar - Uma opção, comum em resoluções
e promessas de fim de ano, é decidir parar de fumar e cortar o hábito de uma
vez. Outra alternativa é reduzir o consumo aos poucos. Isso pode ser feito de
duas formas: diminuindo gradualmente o número de cigarros que se fuma por dia,
ou atrasando cada vez mais o horário do primeiro cigarro.
Busque
tratamento - Em muitos casos, não é
possível parar de fumar por conta própria e é preciso buscar auxílio. O
tratamento para o tabagismo está disponível gratuitamente no Sistema Único de
Saúde (SUS), com abordagem psicológica e comportamental, e se necessário pode
ser recomendado o uso de medicamentos.
Evite ambientes
que estimulam o fumo - Muitas pessoas
associam o consumo do álcool com o tabagismo. No momento inicial, é recomendado
evitar situações e comportamentos que levam ao cigarro até aprender a lidar com
isso.
Substitua o
cigarro - Buscar beber mais água ou
mastigar cravo, canela ou frutas secas pode ajudar a substituir o comportamento
sem trazer prejuízos, como o aumento do consumo de alimentos com açúcar.
*** Fontes: Andrea Reis e Gilmar Zonzin.
Mais motivos para parar de
fumar, segundo a OMS.
Prejudica sua
respiração - O tabagismo é a principal
causa do câncer de pulmão. Os fumantes têm até 22 vezes mais risco de
desenvolver esse tipo de câncer ao longo da vida. Um em cada cinco fumantes de
tabaco desenvolve doença pulmonar obstrutiva crônica, especialmente as pessoas
que iniciam o hábito durante a infância e adolescência. Fumar também pode
piorar a asma em adultos.
Faz mal ao
coração - Fumar apenas alguns cigarros
por dia, fumar ocasionalmente ou se expor ao fumo passivo também aumenta o
risco de doenças cardíacas. Os fumantes de tabaco têm até duas vezes mais risco
de derrame e quatro vezes mais chances de desenvolver problemas no coração.
Ameaça a saúde
de amigos e parentes - Mais de um milhão
de pessoas morrem todos os anos devido à exposição ao fumo passivo. Não
fumantes expostos ao fumo correm o risco de desenvolver câncer de pulmão, e a
exposição ao fumo passivo está associada à diabetes tipo 2. Os cigarros também
podem provocar incêndios acidentais.
Afeta sua
aparência - Fumar deixa os dentes
amarelados e envelhece a pele mais rapidamente, deixando-a mais enrugada, dura
e seca. O tabagismo também aumenta o risco de desenvolver psoríase, uma doença
inflamatória não contagiosa que deixa manchas vermelhas que coçam e se espalham
pelo corpo. Provoca, ainda, mau hálito e deixa cheiro forte nas roupas e no
ambiente.
*** Fonte: Organização Mundial da Saúde.
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