FONTE: TRIBUNA DA BAHIA.
Mulheres com mais de 35 anos
devem tomar alguns cuidados extras para ter uma gravidez saudável e zelar desde
cedo pelo futuro bebê, como dieta equilibrada, atividade física
adequada, repouso e reforço de suplementos vitamínicos.
As que sofrem de glaucoma precisam se
planejar ainda mais, pois os cuidados gerais de saúde devem ser tomados antes de
engravidar por conta da patologia, capaz de piorar com a gravidez.
A doença provoca lesões no nervo ótico e
compromete a visão, podendo levar à cegueira caso não seja tratada. Mas a
medicação de controle da elevação da pressão intraocular, à base de colírios
com uso diário, pode trazer riscos à saúde do bebê em formação.
A elevação dos hormônios sexuais altera o
metabolismo hepático das drogas que ficam mais concentradas na corrente
sanguínea, afetando o bebê pela menor troca de oxigênio e nutrientes entre a
mãe e o feto através da placenta.
O uso de colírio para tratamento
do glaucoma também pode induzir à contração da musculatura uterina, podendo levar à interrupção
prematura da gestação. Também pode ocorrer a alteração da frequência cardíaca
do feto.
A OMS (Organização Mundial da
Saúde) estima que 3% dos defeitos congênitos sejam
causados pelo uso de medicamentos ou drogas durante a gravidez. E mesmo que o
uso da medicação não seja suficiente para que o bebê nasça com alguma
deformidade, pode refletir na sua saúde futura. A boa notícia para as gestantes
é que a pressão intraocular geralmente diminui na segunda metade da gestação
por causa do aumento da produção de progesterona.
É por isso que a procura tardia por um
oftalmologista, já grávida, complica a decisão do profissional de suspender o
uso dos colírios e provocar o agravamento do glaucoma ou optar por uma cirurgia
para diminuir a pressão intraocular da gestante.
A Food and Drug Administration (FDA),
entidade que regula o uso de medicamentos nos Estados Unidos e serve de
parâmetro para o mundo, criou uma classificação de segurança, associando o
risco na gravidez ao consumo de qualquer medicamento.
Para o FDA, nenhum tipo de colírio pode ser
considerado sem risco para o feto por falta de testes com gestantes antes dos
lançamentos. Por isso, se a gravidez for planejada é possível realizar testes
de suspensão e substituição da medicação de acordo com a gravidade da doença ou
fazer a cirurgia antes da gravidez para evitar problemas com anestesia local,
garantindo uma gestação mais saudável para a mãe e para o bebê.
A recomendação médica inclui
ainda lavar as mãos com frequência, evitar aglomerações, compartilhamento de maquiagem, fronhas e
computadores para prevenir a contaminação dos olhos por bactéria ou vírus, uma
vez que usar colírio antibiótico ou anti-inflamatório pode comprometer a
imunidade do feto.
Outro alerta é que o glaucoma é
assintomático no início, com perda do campo visual só na fase mais avançada. Só
um acompanhamento periódico nos consultórios oftalmológicos pode verificar a
existência dessa ou de outras doenças oculares.
A situação exige ainda mais cuidado e uma
vigilância regular no caso de pacientes incluídos no grupo de risco: negras,
que têm maior propensão a desenvolver pressão alta, idade acima de 35 anos,
portadoras de diabetes e mulheres com histórico familiar de glaucoma.
A mulher que teve alguma complicação visual
durante a gravidez deve continuar se cuidando depois do parto. A doença pode
melhorar na gravidez e se agravar após o parto, como acontece com o glaucoma.
Outras alterações visuais são revertidas,
mas em situações de maior gravidade podem persistir sequelas que precisarão ser
identificadas e tratadas por um oftalmologista.
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