FONTE: Roni Caryn Rabin, The New York Times (noticias.uol.com.br).
Os cientistas deram notícias
desanimadoras sobre a mamografia
na semana passada. Após acompanharem 90 mil mulheres durante 25 anos,
pesquisadores canadenses constataram que quem passou por mamografias regulares
não experimentou menos mortes por câncer no seio ou de todas as causas, na
comparação com quem não as realizou.
Porém, apesar da
notícia, ainda restava um fio de esperança. As mulheres que não fizeram
mamografias regulares foram monitoradas com exames físicos dos seios que se
mostraram eficazes. Todas as participantes foram ensinadas a examinar os
próprios seios uma vez por mês, e enfermeiras que receberam treinamento especial
examinaram mulheres acima dos 50 anos. Segundo os pesquisadores, essa abordagem
de baixa tecnologia foi tão boa ou melhor do que mamografias regulares para
localizar cânceres graves que precisavam de tratamento.
Os autores do estudo
estão hesitantes em tirar qualquer conclusão sólida porque não haviam se
programado a estudar os exames manuais dos seios em si. Contudo, conforme os
dados chegavam, "eu comecei a sentir que o experimento demonstrava que o
exame clínico do seio era eficiente e poderia substituir a mamografia, caso
fosse bem realizado e acompanhado pelo ensino do autoexame da mama",
afirmou Anthony B. Miller, da Universidade de Toronto, principal autor do
estudo.
Trata-se de uma
mensagem bem diferente do que as mulheres vêm ouvindo.
"Antes de esse
relatório sair, eu teria dito que o melhor papel para o exame clínico dos seios
é para lugares com acesso restrito à mamografia porque é uma maneira confiável
de detectar cânceres no começo, mas não tão sensível quanto a mamografia",
afirmou Mary Barton, vice-presidente do Comitê Nacional de Garantia de
Qualidade, organização particular norte-americana sem fins lucrativos do setor
de saúde, que estudou o desempenho dos exames clínicos dos seios.
De acordo com ela,
agora "a questão é: a mamografia é sensível demais?".
No estudo canadense
de mulheres entre 40 e 59 anos, a mamografia identificou mais cânceres, mas o
sobrediagnóstico levou a tratamentos desnecessários como a quimioterapia.
Autoexame
perdeu espaço.
Organizações médicas
como o Congresso Americano de Obstetrícia e Ginecologia recomendam exames
clínicos regulares dos seios, realizados por médicos ou enfermeiros treinados,
para mulheres a partir dos 20 anos. Porém, o autoexame vem perdendo espaço. A
Sociedade Americana do Câncer oferece instruções e sugere que as mulheres
perguntem aos médicos a seu respeito, mas a força-tarefa de Serviços
Preventivos dos Estados Unidos deu, em 2009, a nota "D" para o
autoexame, afirmando ser perda de tempo ensinar as mulheres a executá-lo.
SAIBA MAIS SOBRE O CÂNCER.
Dados que apoiem o
autoexame são "bastante nebulosos", afirmou a médica Elizabeth
Steiner, diretora do programa de Educação da Saúde dos Seios do Instituto
Knight de Câncer, da Universidade de Ciências e Saúde do Oregon. Ainda assim,
ela acredita existirem bons motivos para incentivar as mulheres a fazer o
autoexame.
"Quem vai
conhecer melhor seus seios: seu médico, que a examina uma vez por ano, ou você,
que o faz todo mês?", indagou ela.
Não há muitos estudos
em relação a exames clínicos dos seios, mas Steiner acredita que "mais
profissionais de saúde necessitam ser treinados a realizar exames clínicos dos
seios de alta qualidade".
Dado o debate sobre
mamografia, seria de se pensar que os cientistas examinariam mais de perto as
alternativas. Contudo, um estudo clínico aleatório comparando o exame clínico
dos seios à falta de cuidado é improvável, afirma Cornelia J. Baines, uma das
autoras do estudo canadense de mamografia.
"Todo mundo
procura uma solução tecnológica, não o que os dedos podem fazer", ela
argumentou.
Procure um
profissional.
Se você estiver
interessada no exame clínico dos seios, encontre um profissional que tenha
recebido treinamento no método das faixas verticais com três áreas de pressão,
a qual consiste em mover os dedos para cima e para baixo ao longo da área do
peito, não em movimentos circulares ao redor do seio, apalpando suavemente,
depois com mais vigor e, por fim, profundamente em cada ponto.
Executado
adequadamente, demora menos de três minutos em cada seio. Um estudo constatou
que os exames eram mais confiáveis quando realizados durante uma consulta que
incluísse outras tarefas que exijam perícia, como o exame de papanicolau.
O clínico deve
examinar toda a área do peito, não apenas os seios – toda a região até o
pescoço ou a clavícula, a axila, o centro do peito e a parte debaixo do seio
até a caixa torácica.
O exame também deve
incluir a inspeção visual dos seios enquanto a paciente é convidada a ficar em
posições diferentes, o que pode deixar algumas pacientes – e médicos –
desconfortáveis.
Instruções detalhadas
para o autoexame estão disponíveis em muitos sites sobre câncer de mama. Também
é aconselhável pedir orientação a um profissional de saúde.
O período ideal para
o autoexame é logo após a menstruação. Comece ficando em pé diante de um
espelho e examine os seios em busca de assimetrias ou cavidades incomuns,
mudanças ou secreções no mamilo, vermelhidão ou erupção de pele.
Para examinar o seio,
deite-se de costas e levante um braço acima da cabeça. Use a outra mão para
examinar o seio abaixo do braço levantado; utilize a polpa dos dedos, não as
pontas. Empregue três níveis de pressão: suave, média e firme para sentir perto
das costelas.
O exame físico do
seio pode não detectar tumores ou levar ao sobrediagnóstico e ao tratamento de
caroços que se revelam inofensivos.
Entretanto, diz
Steiner, os "exames clínicos de alta qualidade dos seios têm menor
probabilidade de resultar em falso positivo e pode, em mãos habilidosas, ter
menor chance de dar um falso negativo".
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