FONTE: TRIBUNA DA BAHIA.
Há poucos dias do carnaval, a maior
festa popular do pais, blocos e trios elétricos já arrastam foliões em várias cidades
do Brasil afora.
Especialistas da área de saúde,
no entanto, alertam para os efeitos do elevado barulho gerado pelas
aparelhagens de som, que podem
prejudicar a audição dos foliões e também dos músicos e percussionistas que
garantem o sucesso da festa nas ruas.
Qualquer pessoa que permanecer próxima ao
som muito alto pode ter problemas. No caso das crianças, os cuidados
devem ser redobrados. O barulho em excesso gera irritação, choro e elas podem
sair de determinado local com um forte zumbido no ouvido, sem que os pais nem
ao menos percebam.
As aparelhagens dos blocos e trios elétricos
trazem animação, mas também são motivo de muito incômodo por causa do som
elevado.
Para se ter uma ideia,
quem brinca a 50 metros de um trio elétrico está exposto a um ruído de 96
decibéis, e quem fica logo atrás do trio enfrenta um barulho ainda maior, que
pode chegar a 120 decibéis, intensidade próxima a de uma turbina de avião.
Os integrantes da bateria de uma escola de
samba não têm noção mas também estão às voltas com ruídos de até 110 decibéis;
lembrando que o ouvido humano suporta bem os sons de até 85 decibéis.
Em ambientes fechados a poluição
sonora também é preocupante. O batuque das baterias e o alto volume nas
caixas de som, seja em clubes ou quadras de escola de samba, podem trazer
prejuízos.
Por causa da intensidade do som, as pessoas
podem ter a sensação de pressão nos ouvidos, zumbido e dificuldades
para ouvir, no próprio dia ou no dia posterior à folia. E o que é pior, os
efeitos podem ir mais além, como explica a fonoaudióloga Isabela Gomes, da
Telex Soluções Auditivas.
“Mesmo que esses sintomas apresentados, logo
após a exposição ao som elevado, desapareçam, as células auditivas podem ficar
lesionadas e os efeitos poderão aparecer com o passar do tempo, já que a perda
auditiva é cumulativa”, explica.
A perda de audição conhecida pela sigla
PAINPSE (Perda Auditiva Induzida por Níveis de Pressão Sonora Elevados) tem
efeito cumulativo e é resultado da exposição prolongada a ruídos
altos, no decorrer da vida.
Por isso, a fonoaudióloga da Telex alerta:
“Os ouvidos são sensíveis aos sons e ao excesso de barulho, tanto na intensidade,
quanto no tempo de exposição e, em alguns casos, as lesões podem ser
irreversíveis, já que o organismo não consegue produzir novas células auditivas
saudáveis”.
Para quem quer se esbaldar em blocos, bailes
e ir atrás dos trios elétricos, a especialista recomenda uma distância
mínima de 10 metros do equipamento de som, além do uso de protetores
auriculares, que diminuem o impacto do barulho nos ouvidos. Os ritmistas também
devem usar a proteção.
“O atenuador diminui o som nos ouvidos,
permitindo que se escute a música ou o batuque em um volume aceitável”, explica
a fonoaudióloga.
A exposição prolongada ao som alto, por anos
seguidos, pode levar a diversos graus de surdez, ao longo dos anos, de acordo
com a sensibilidade de cada pessoa. No Brasil, a Sociedade Brasileira de
Otorrinolaringologia estima que 15 milhões de pessoas tenham algum tipo de
perda auditiva.
Cuide de sua audição para poder brincar com
alegria, ouvindo os sons da folia por muitos e muitos carnavais.
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