FONTE: *** Jairo Bouer (doutorjairo.blogosfera.uol.com.br).
Um estudo feito nos
Estados Unidos ajuda a desvendar o que está por trás do desejo que algumas
gestantes têm de comer alimentos ou coisas estranhas, como gelo, talco, papel,
amido de milho e sabonete. Esse tipo de compulsão é chamada de alotriofagia.
Pesquisadores da
Universidade de Cornell avaliaram 158 adolescentes grávidas de Rochester, no
Estado de Nova York, e detectaram a compulsão em quase metade delas, uma
proporção bastante alta. O desejo mais comum – que afetava 82% – era o de comer
grandes quantidades de gelo.
Eles descobriram que
essas jovens tinham níveis significativamente mais baixos de ferro em
comparação com as que não tinham alotriofagia.
Adolescentes
grávidas, de forma geral, têm risco maior de apresentar redução nos níveis de
hemoglobina, o que pode levar à deficiência de ferro e anemia. Isso, por sua
vez, aumenta o risco de partos prematuros e bebês com baixo peso ao nascer.
De acordo com o
trabalho, publicado na edição on-line do Journal of Nutrition, a associação
entre anemia e alotriofagia é muito forte. E os problemas ficam
mais intensos ao longo da gravidez.
Os pesquisadores
explicam que ingerir coisas estranhas não altera os níveis de ferro no
organismo. A questão é que a deficiência desse nutriente pode ter um efeito
sobre a química cerebral, causando esses desejos.
O estudo foi
financiado pelo Departamento de Agricultura e pelos Institutos Nacionais de
Saúde dos Estados Unidos.
Sobre o autor
Jairo Bouer é médico formado
pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, com residência em
psiquiatria no Instituto de Psiquiatria da USP. A partir do seu trabalho no
Projeto Sexualidade do Hospital das Clínicas da USP (Prosex), passou a focar
seu trabalho no estudo da sexualidade humana. Hoje é referência no Brasil, para
o grande público, quando o assunto é saúde e comportamento jovem, atendendo a
dúvidas através de diferentes meios de comunicação.
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