FONTE: TRIBUNA DA BAHIA.
Redução do estresse, aumento do bem estar,
estímulo da criatividade, fortalecimento de sistema nervoso e imunológico,
saiba quais são os inúmeros benefícios dessa pratica para nossa saúde.
Prestar
atenção na respiração, na forma como se inspira o ar, mas também quando se
expira, mantendo a mente mais “calma” (com menos caos de pensamentos) é algo
que todos já ouviram falar que faz bem, mas quanto bem realmente faz?
Segundo
Dr Fábio Cardoso clínico geral especialista em medicina funcional são tantos os
benefícios do ato de praticar a meditação regularmente que se ela fosse um
remédio seria com certeza o mais prescrito no mundo.
Regeneração
cerebral, ajuda na recuperação de doenças, melhora dos sintomas da ansiedade
com as técnicas de respiração, capacidade de disciplinar a mente e melhora do
foco, são apenas alguns dos muitos ganhos que essa prática nos trás segundo o
doutor.
Mas o que é meditação?
Enquanto
muitas pessoas ainda associam a meditação com a arte de “pensar em nada”, na
verdade o que ocorre é exatamente o oposto, de acordo com o Dr. Craig Hassed,
palestrante sênior na Monash Medical Faculty.
“Todas
as práticas de meditação envolvem o treinamento da atenção, mas também o
treinamento da atitude de aceitação e não reatividade, bem como atenção com a
respiração e o corpo”, ele nos explica.
Então,
como o Dr. Fábio ressalta, ao invés de pensar em nada, a prática real da
meditação diz respeito a reconhecer adequadamente todos os nossos pensamentos,
treinar nosso cérebro para sair de sua definição padrão de deixar a vida
passar.
E se
você praticar a meditação regularmente, os pesquisadores acreditam que ela pode
ter efeitos maravilhosos em seu cérebro. Há mais de 5 décadas a comunidade
científica ocidental reúne dados sobre os benefícios da prática de meditar, e o
melhor: você não precisa ser um monge budista para aproveitar estas vantagens.
E dá para colocar sim a prática no teu dia a dia.
Dentre
as vantagens que surgem da prática regular da meditação e com boa comprovação
científica, Dr Fábio destaca:
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Redução do estresse e ansiedade
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Aumento de satisfação e melhor desempenho no ambiente de trabalho;
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Diminuição da insônia e depressão;
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Aumento de bem-estar e autoestima;
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Estímulo da criatividade, inteligência e memória;
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Fortalecimento do sistema nervoso e imunológico;
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Redução da pressão arterial e de dores de cabeça;
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Diminuição do consumo do tabaco, do álcool e de drogas ilícitas.
Mas
existem cada vez mais indícios científicos que a meditação pode ser uma ferramenta
muito interessante para gerar longevidade com qualidade. Vejamos algumas
pesquisas mais recentes:
Integridade do DNA.
Publicado
no prestigiado jornal Cancer descobriu que a meditação foi capaz de alterar
fisicamente as células de sobreviventes de câncer de mama.
O
projeto realizado no Tom Baker Cancer Center, no Canadá, notou que técnicas de
redução de estresse e ioga deram sequência ao tratamento “tradicional” da
doença.
Na
pesquisa, os 88 participantes convidados tinham em média 55 anos. Eles eram
sobreviventes de câncer de mama – com até dois de pós-tratamento – e
continuavam sentindo problemas emocionais. Analisados por 12 semanas, essas
pessoas foram divididas em grupos.
O
primeiro teve que passar por encontros semanais de 90 minutos com professores
de Hatha ioga. Além disso, os participantes também tinham que praticar durante
45 minutos diários em casa. Já a segunda equipe passou por discussões semanais
sobre os seus sentimentos; recebendo inclusive um workshop sobre técnicas de
redução de estresse. Enquanto isso, um terceiro grupo serviu de “controle”.
Depois
que analisaram as amostras de sangues dos dois grupos, o estudo achou
diferenças bem interessantes. Nós já sabíamos que intervenções psicológicas
como meditação eram capazes de ajudar as pessoas mentalmente. Mas, pela
primeira vez, nós temos evidência de que esses fatores podem influenciar no
aspecto biológico.
Com o
fim do estudo os pesquisadores notaram que os grupos que passaram pelos
encontros tiveram seus telômeros preservados. O que isso significa?
Dr
Fábio Cardoso explica que os telômeros são protetores das proteínas existentes
nas células, e de forma prática, preservam a integridade de nosso código
genético – DNA.
Com o
tempo, elas podem se desgastar e com isso trazer consequências ruins para a
saúde das pessoas, como doenças e até mesmo câncer.
Foi
surpreendente saber que os telômeros dos participantes não foram
modificados/desgastados como os do grupo de controle. Para quantificar todos os
benefícios, ainda há muita pesquisa para ser feita.
Imunidade.
Quem
meditatem as defesas do organismo ampliadas e consegue lidar melhor com
oestresse, concluiu um estudo realizado na Universidade da Califórnia, EUA.
Isso
acontece porque durante a prática da meditação a enzima telomerase (ligada ao
sistema imunológico) tem sua ação intensificada. Essa condição auxilia à
promover a longevidade nas células.
Para
chegar a essa conclusão, foram analisados 60 pessoas durante três meses. Trinta
delas praticaram a meditação e as outras trinta, não. As taxas da telomerase se
mostraram cerca de 30% mais elevadas naquelas que meditavam.
Foram
esses pacientes que apresentaram, ainda, um aumento na capacidade psíquica,
como melhora na percepção de controle e atenção, além de diminuição da neurose
ou de emoções negativas.
Neuroplasticidade.
Outro
estudo Publicado em janeiro deste ano na revista Psychiatry Research:
Neuroimaging, analisou 16 pessoas, com idade entre 25 e 55 anos, que
participavam do Mindfulness-Based Stress Reduction (MBSR), o programa de
treinamento desenvolvido há mais de 30 anos por Jon Kabat-Zinn, professor de
medicina e diretor fundador da Clínica de Redução do Estresse e do Centro de
Atenção Plena em Medicina da Universidade de Massachusetts.
Em oito
encontros semanais, os participantes do programa aprendem exercícios de
meditação destinados a desenvolver as habilidades da atenção plena - a
consciência ampla e tolerante dos pensamentos, dos sentimentos, das sensações
corporais e do ambiente ao redor. Cabe a eles praticar esses exercícios no
intervalo entre os encontros.
A
equipe do estudo examinou o cérebro de cada participante do MBSR duas semanas
antes e logo depois do programa de oito semanas, comparando-o com os dos
integrantes de um grupo de controle que não havia recebido o treinamento.
Os que
foram treinados - nenhum dos quais tinha experiência prévia na área - contaram
que haviam dedicado pouco menos de meia hora por dia a essa meditação
doméstica.
Nos
exames realizados no fim do programa, o cérebro dos não treinados não
apresentou alterações. Já no dos praticantes, a massa cinzenta mostrou-se bem
mais espessa do que era antes, em várias regiões. Uma delas é o hipocampo,
cujas atividades têm relação com a aprendizagem, a memória e a regulação das
emoções.
Estudos
anteriores já haviam mostrado que muitas pacientes de depressão e transtorno de
estresse pós-traumático (TEPT) apresentam pouca massa cinzenta no hipocampo.
Outras
diferenças substanciais foram notadas no cerebelo (região relacionada à
regulação das emoções), na junção têmporo-parietal e no córtex cingulado
posterior do cérebro dos meditadores (áreas ligadas à empatia e à assunção da
perspectiva de outra pessoa).
Para a
principal autora da pesquisa, Britta Hölzel - pesquisadora do Massachusetts
General Hospital e da Universidade de Geissen, na Alemanha -, essas alterações
podem indicar que a meditação aprimora a capacidade de regular as emoções,
controlar os níveis de estresse e sentir empatia por outras pessoas.
"Acho
que o que é realmente positivo e promissor sobre esse estudo é que ele sugere
que nosso bem-estar está em nossas mãos", afirma ela.
Britta
também comentou a evidência, reforçada por seu trabalho, da
"plasticidade" do cérebro, pela qual ele pode mudar de forma com o
tempo: "O que eu considero fascinante é que apenas prestar atenção de um
modo diferente e estar mais consciente podem ter um impacto capaz de mudar a
estrutura da nossa mente."
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