FONTE:
*** Alexandre Faisal,
(dralexandrefaisal.blogosfera.uol.com.br).
O impacto
negativo do tabagismo sobre a saúde das mulheres (e homens também) pode ser
ainda maior. Uma reanálise de 5 grandes estudos sobre o tema mostra como isso
ocorre.
Há muito se sabe que o tabagismo causa enormes malefícios para a
saúde de homens e mulheres. A novidade é que isso é ainda pior. Isso mesmo: o
impacto negativo do tabagismo está ou pelo menos estava subestimado até
recentemente. Vamos aos fatos. Pesquisadores de diversas instituições
acadêmicas dos Estados Unidos analisaram dados de 5 grandes estudos sobre a
associação entre o consumo de tabaco e morte por diversas doenças. No total da
meta-análise foram incluídas mais de 420 mil mulheres e mais de 520 mil homens,
todos com mais de 55 anos de idade, seguidos no período de 2000 a 2011. Neste
intervalo de tempo ocorreram 181.377 mortes, sendo que mais de 16 mil mortes
foram de tabagistas. O dado mais impressionante do estudo mostra um excesso de
mortalidade de 17% em fumantes, por causas que até recentemente não
estavam diretamente relacionadas ao ato de fumar. Entre estas causas estão a mortalidade
por falência renal, isquemia intestinal, doença cardíaca hipertensiva, câncer
de próstata e no caso específico das mulheres câncer de mama.
Mulheres fumantes apresentaram um aumento de 30% no risco de
morrer na comparação com as não fumantes. Segundo os pesquisadores, além das 21
patologias já sabidamente relacionadas ao tabagismo estas novas doenças também
são causa de morte de muitos fumantes. A conta macabra sugere que nos Estados
Unidos às 480 mil mortes associadas ao tabagismo deveriam ser acrescidas pelo
menos mais de 60 mil mortes, em função destas novas evidências.
Ainda bem que o consumo de diferentes tipos de tabaco vem declinando em
diversos países, incluindo o Brasil. As pesquisas nacionais mais recentes
indicam que 15% dos brasileiros ainda fumam, sendo que esta cifra é de 11 %
para as mulheres e 19 % para os homens. Sorte delas ou melhor dizendo
azar deles. Os fumantes que defendem que o tabagismo não é tão ruim assim vão
ter que rever esta crença: o tabagismo é ainda muito pior.
(Carter et al. Smoking
and Mortality — Beyond Established Causes. N Engl J Med 2015; 372:2168-2170).
Sobre o autor.
Alexandre Faisal é
ginecologista-obstetra, pós-doutor pela USP e pesquisador científico do
Departamento de Medicina Preventiva da FMUSP. Formado em Psicossomática, pelo
Instituto Sedes Sapientiae, publicou o livro "Ginecologia
Psicossomática" e é co-autor do livro "Segredos de Mulher: diálogos
entre um ginecologista e um psicanalista”. Atualmente é colunista da Rádio USP
(FM 93.7) e da Rádio Bandeirantes (FM 90.9). Já realizou diversas palestras
médicas no país e no exterior. Apresenta palestras culturais e sobre saúde em empresas
e eventos.
Sobre o blog.
Acompanhe os boletins do "Saúde
feminina: um jeito diferente de entender a mulher" que discutem os
assuntos que interessam as mulheres e seus parceiros. Uma abordagem didática e
descontraída das mais recentes pesquisas nacionais e internacionais sobre temas
como gravidez, métodos anticoncepcionais, sexualidade, saúde mental, menopausa,
adolescência, atividades físicas, dieta, relacionamento conjugal, etc.
Aproveite.
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