FONTE: Chris Bertelli, TRIBUNA DA BAHIA.
Especialistas recomendam atividades diferentes
para aliviar sintomas sem uso de remédio.
Na
receita de Silvana Mei, 22 anos, não constam medicamentos como aqueles que se
pode comprar na farmácia. A recomendação médica para acabar com a enxaqueca que
a atacava duas vezes por semana foi uma só: exercícios físicos.
Assim
como ela, mais de 72 milhões de brasileiros sofrem com dores de cabeça todo
ano, segundo levantamento da Sociedade Brasileira de Cefaleia. Engana-se quem
ainda acha que o alívio pode estar nas prateleiras das farmácias. Quando aquela
enxaqueca dá sinais de que está chegando, o melhor é correr para a
academia.
“No
momento do exercício, há a produção de endorfina e serotonina, este último o
neurotransmissor do bem-estar. Ele age como uma morfina natural do organismo”,
explica a neurologista Carla Jevoux, da Sociedade Brasileira de Cefaleia (SBC).
Para
que ele seja um "santo remédio”, no entanto, a prática precisa ser
regular, ou seja, realizada no mínimo três vezes por semana. “A produção
constante desses hormônios é capaz de proteger o cérebro da dor, aumentando o
limiar de resistência a ela”, afirma.
Uma
pesquisa realizada pela Universidade Federal de Santa Catarina conseguiu
expressar os benefícios da atividade física em números. O estudo, que ouviu
mais de quatro mil pessoas em todo o país, revelou que um sedentário tem 43%
mais dor de cabeça do que alguém que faz exercícios.
Antes
de escolher qual atividade física praticar é preciso identificar qual o tipo da
sua dor de cabeça.
Tensional.
Em
muitos casos, o exercício substitui a medicação e a visita esporádica à farmácia
é transformada em ida frequente à ginástica. As cefaleias do tipo tensional
(como o próprio nome já diz, provocadas por estresse, tensão) são as que
apresentam mais melhora com o exercício.
“Em
casos de estresse, o ideal são atividades que mudem o foco do pensamento e
promovam relaxamento como ioga, alongamento e pilates”, recomenda Rodrigues.
Aulas de dança de salão, sapateado, ou balé, por exemplo, também podem entrar
na lista.
Saber o
que está causando o problema é realmente o ponto chave para que o tratamento
seja eficaz. Dores causadas por mudanças bruscas na dieta, por exemplo, pedem
outro tipo de interferência. Para estes casos, musculação de alta intensidade
com uma hora de duração é o mais indicado.
TPM.
Não
bastasse a irritabilidade, a sensibilidade exacerbada e a cólica, a tensão
pré-menstrual também vem acompanhada da dor de cabeça, mais parecida com a
tensional, mas que varia com a oscilação hormonal. Para esses dias, o professor
de educação física recomenda exercícios aeróbicos progressivos.
“É
melhor evitar o exercício muito intenso sem aquecimento adequado. É preciso ir
devagar, aos poucos, ou a dor pode piorar e começar a latejar”, conta. Segundo
pesquisa da SBC, 60% das mulheres sofrem de cefaleia durante o período
menstrual.
“É um hábito
que costuma ser eficiente, já que ajuda na produção de substâncias que não
deixam a dor aparecer”, expõe a neurologista.
Enxaqueca.
Para
manter a enxaqueca longe de você, há duas opções: musculação pesada ou
exercícios aeróbios. O importante é que seja vigoroso. “Tem que ficar ao menos
ofegante. Um treino bom para isso, por exemplo, pode ser uma caminhada mais
forte como andar quatro minutos e correr um. Isso melhora o fluxo sanguíneo e
atenua a dor de cabeça”, diz Rodrigues.
Além
disso, você pode optar por aulas de spinning, jump (em cima de pequenas camas
elásticas) ou boxe, que são intensas. “É possível reduzir a freqüência das
crises e a dor passa a ser mais moderada”, diz Carla.
No
entanto, se a sua enxaqueca já se instalou, preste atenção na intensidade da
dor. Se estiver insuportável, evite o exercício, procure um quarto escuro e
relaxe. Mas, se a dor ainda estiver chegando, vale a pena tentar atividades
relaxantes como ioga ou alongamento.
Sem receita.
Para
este remédio, não há contraindicação, mas alguns casos exigem atenção. Quem tem
hipertensão, diabetes, outras doenças crônicas ou problemas na coluna deve
tomar cuidado. “É preciso ficar atento para a dor gerada pelo exercício. Por
isso, é importante uma avaliação prévia. Pode haver compressão de vértebra, por
exemplo, que faz pressão no nervo, causando dor”, relata Isaias Rodrigues,
professor de educação física da Monday Academia.
A
neurologista alerta também para o caso da cefaleia do esforço físico, que
aparece depois de uma atividade extenuante. “Em geral, ela aparece se a pessoa
está em um lugar de calor, no sol ou em altitudes elevadas. Tem características
pulsáteis, mas, diferente da enxaqueca, atinge os dois lados da cabeça. Pode
durar cinco minutos ou até dois dias. O importante, nesses casos, é procurar um
médico para que ele afaste outro qualquer problema”, alerta Carla Jevoux.
Nenhum comentário:
Postar um comentário