segunda-feira, 1 de fevereiro de 2016

UM EXERCÍCIO PARA CADA TIPO DE DOR DE CABEÇA...

FONTE: Chris Bertelli, TRIBUNA DA BAHIA.


Especialistas recomendam atividades diferentes para aliviar sintomas sem uso de remédio.

Na receita de Silvana Mei, 22 anos, não constam medicamentos como aqueles que se pode comprar na farmácia. A recomendação médica para acabar com a enxaqueca que a atacava duas vezes por semana foi uma só: exercícios físicos.
Assim como ela, mais de 72 milhões de brasileiros sofrem com dores de cabeça todo ano, segundo levantamento da Sociedade Brasileira de Cefaleia. Engana-se quem ainda acha que o alívio pode estar nas prateleiras das farmácias. Quando aquela enxaqueca dá sinais de que está chegando, o melhor é correr para a academia. 
“No momento do exercício, há a produção de endorfina e serotonina, este último o neurotransmissor do bem-estar. Ele age como uma morfina natural do organismo”, explica a neurologista Carla Jevoux, da Sociedade Brasileira de Cefaleia (SBC).
Para que ele seja um "santo remédio”, no entanto, a prática precisa ser regular, ou seja, realizada no mínimo três vezes por semana. “A produção constante desses hormônios é capaz de proteger o cérebro da dor, aumentando o limiar de resistência a ela”, afirma.
Uma pesquisa realizada pela Universidade Federal de Santa Catarina conseguiu expressar os benefícios da atividade física em números. O estudo, que ouviu mais de quatro mil pessoas em todo o país, revelou que um sedentário tem 43% mais dor de cabeça do que alguém que faz exercícios.
Antes de escolher qual atividade física praticar é preciso identificar qual o tipo da sua dor de cabeça.
Tensional.
Em muitos casos, o exercício substitui a medicação e a visita esporádica à farmácia é transformada em ida frequente à ginástica. As cefaleias do tipo tensional (como o próprio nome já diz, provocadas por estresse, tensão) são as que apresentam mais melhora com o exercício.
“Em casos de estresse, o ideal são atividades que mudem o foco do pensamento e promovam relaxamento como ioga, alongamento e pilates”, recomenda Rodrigues. Aulas de dança de salão, sapateado, ou balé, por exemplo, também podem entrar na lista.
Saber o que está causando o problema é realmente o ponto chave para que o tratamento seja eficaz. Dores causadas por mudanças bruscas na dieta, por exemplo, pedem outro tipo de interferência. Para estes casos, musculação de alta intensidade com uma hora de duração é o mais indicado. 
TPM.
Não bastasse a irritabilidade, a sensibilidade exacerbada e a cólica, a tensão pré-menstrual também vem acompanhada da dor de cabeça, mais parecida com a tensional, mas que varia com a oscilação hormonal. Para esses dias, o professor de educação física recomenda exercícios aeróbicos progressivos.
“É melhor evitar o exercício muito intenso sem aquecimento adequado. É preciso ir devagar, aos poucos, ou a dor pode piorar e começar a latejar”, conta. Segundo pesquisa da SBC, 60% das mulheres sofrem de cefaleia durante o período menstrual.
“É um hábito que costuma ser eficiente, já que ajuda na produção de substâncias que não deixam a dor aparecer”, expõe a neurologista.
Enxaqueca.
Para manter a enxaqueca longe de você, há duas opções: musculação pesada ou exercícios aeróbios. O importante é que seja vigoroso. “Tem que ficar ao menos ofegante. Um treino bom para isso, por exemplo, pode ser uma caminhada mais forte como andar quatro minutos e correr um. Isso melhora o fluxo sanguíneo e atenua a dor de cabeça”, diz Rodrigues.
Além disso, você pode optar por aulas de spinning, jump (em cima de pequenas camas elásticas) ou boxe, que são intensas. “É possível reduzir a freqüência das crises e a dor passa a ser mais moderada”, diz Carla.
No entanto, se a sua enxaqueca já se instalou, preste atenção na intensidade da dor. Se estiver insuportável, evite o exercício, procure um quarto escuro e relaxe. Mas, se a dor ainda estiver chegando, vale a pena tentar atividades relaxantes como ioga ou alongamento.
Sem receita.
Para este remédio, não há contraindicação, mas alguns casos exigem atenção. Quem tem hipertensão, diabetes, outras doenças crônicas ou problemas na coluna deve tomar cuidado. “É preciso ficar atento para a dor gerada pelo exercício. Por isso, é importante uma avaliação prévia. Pode haver compressão de vértebra, por exemplo, que faz pressão no nervo, causando dor”, relata Isaias Rodrigues, professor de educação física da Monday Academia.

A neurologista alerta também para o caso da cefaleia do esforço físico, que aparece depois de uma atividade extenuante. “Em geral, ela aparece se a pessoa está em um lugar de calor, no sol ou em altitudes elevadas. Tem características pulsáteis, mas, diferente da enxaqueca, atinge os dois lados da cabeça. Pode durar cinco minutos ou até dois dias. O importante, nesses casos, é procurar um médico para que ele afaste outro qualquer problema”, alerta Carla Jevoux.

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