quarta-feira, 24 de agosto de 2016

11 PERGUNTAS E RESPOSTAS SOBRE INFERTILIDADE MASCULINA...

FONTE: Melissa Diniz, Do UOL, em São Paulo, (estilo.uol.com.br).


Metade dos casais que não conseguem engravidar sofrem com a infertilidade masculina. Veja quais são as principais causas, como prevenir e tratar o problema, segundo os médicos Daniel Suslik Zylbersztejn, especialista em reprodução humana do Hospital São Paulo e Márcio Coslovsky, membro da Sociedade Americana de Medicina Reprodutiva.

1        - Em que proporção a infertilidade masculina afeta o casal?

A infertilidade conjugal atinge em média 15% dos casais em todo o mundo. Ao contrário do que diz o senso comum, a mulher não é a principal responsável pela infertilidade conjugal. O fator masculino representa metade dos casos, sendo que, em cerca de 25% deles, esse é o único motivo de infertilidade do casal e, em outros 25%, aparece como fator misto, associado a alguma questão feminina.

2        - Qual a principal causa do problema?

A varicocele é a principal causa da infertilidade masculina, sendo encontrada em 40% dos casos de infertilidade primária (casal sem filhos) e em até 80% dos quadros de infertilidade masculina secundária, em que o casal tem filhos, mas não consegue engravidar novamente. Trata-se da dilatação anormal das veias que fazem parte do cordão espermático, no testículo. Essa doença tem o seu início na puberdade, podendo ser detectada em meninos acima de 12 anos. Devido à ausência de sintomas e a prática incomum de levar os adolescentes a uma avaliação urológica, passa anos sem ser diagnosticada, prejudicando a produção de espermatozoides, devido ao aumento da temperatura testicular crônica. A doença normalmente só é descoberta quando o homem tenta ter filhos e não consegue. A "surpresa" aparece no espermograma por meio de uma baixa contagem de espermatozoides. O tratamento é cirúrgico. Nos casos em que não há indicação cirúrgica, o homem pode recorrer à fertilização in vitro. A coleta dos espermatozoides pode ser feita por punção, mas quando há uma contagem muito baixa, parte-se para microdissecção testicular, que localiza e extrai espermatozoides sadios.

3        - Que outros fatores podem deixar o homem infértil?

As causas da infertilidade masculina podem ser variadas, entre elas a ausência de espermatozoides na ejaculação (azoospermia); baixa produção de espermatozoides (oligozoospermia); alterações na forma e na motilidade dos espermatozoides; doenças como o câncer (a radioterapia e a quimioterapia podem afetar o aparelho reprodutor); obesidade e diabetes; doenças neurológicas; disfunções sexuais; uso de drogas anabolizantes esteroides ou de certos tipos de medicação, como alguns diuréticos e hipotensores. Tabagismo, torção de testículo, criptorquidia (nascer com testículo fora da bolsa), infecção de testículo por caxumba e DSTs (doenças sexualmente transmissíveis) também podem levar o homem à infertilidade. O cigarro, por exemplo, atrapalha a produção de espermatozoides de uma forma bastante específica, causando deposição de metais pesados dentro do testículo. Esses metais geram uma toxicidade para as células que produzem os espermatozoides, causando redução na produção e alterações morfológicas.

4        - Um homem normal produz qual quantidade de espermatozoides?

Um homem considerado normal do ponto de vista da fertilidade gera algo em torno de 20 milhões de espermatozoides por mililitro, a cada ejaculação. O espermatozoide também deve obedecer a um padrão em relação à morfologia (formato) e à capacidade de movimentação (motilidade).

5        - O estilo de vida pode influenciar negativamente?

Sim. Pesquisas recentes têm apontado outros diferentes fatores como causas prováveis da infertilidade masculina, como obesidade, má qualidade de vida e o estresse. A obesidade e o sobrepeso podem ocasionar alterações no sistema reprodutivo devido ao aparecimento de doenças derivadas, como o diabetes. Além disso, a gordura afeta a produção de espermatozoides por gerar calor na região testicular. Esse aumento de temperatura atrapalha as células que produzem espermatozoides. A doença também leva a um aumento da produção de hormônios femininos, associados à redução dos níveis de testosterona. Já o estresse pode levar à disfunção erétil, provocar problemas de ejaculação, aumentar o número de células inflamatórias que interferem na qualidade dos espermatozoides e diminuir o desejo sexual.

6        - É comum os homens quererem reverter a vasectomia?

Estima-se que mais de 30 milhões de casais usem a vasectomia para controle de natalidade. Nos últimos anos, o número de homens que querem reverter a cirurgia, principalmente após um novo casamento, vem crescendo. Cerca de 6% dos homens desejam realizar a reversão. A cirurgia, feita por um urologista, é sempre possível, porém, quanto mais recente for a vasectomia, melhores são os resultados. O ideal é que a reversão seja realizada em um período de até dez anos após a vasectomia, com uma taxa de gravidez natural ao redor de 60%. Essa taxa é muito maior do que a média de sucesso de um tratamento de fertilização in vitro, por exemplo.

7        - A idade do homem pode atrapalhar a fertilidade?

Sim, o que está em jogo é a fragmentação do DNA do espermatozoide, que diminui a taxa de gravidez. Estudos científicos já mostraram que homens acima de 40 anos começam a apresentar espermatozoides com alterações cromossômicas e mutações genéticas, embora em menor intensidade quando comparadas às alterações vistas em mulheres mais velhas. Essa pode ser causa de infertilidade conjugal, inclusive associada a abortamento de repetição. Doenças mentais, como esquizofrenia e autismo, embora sejam multifatoriais, também têm sido associadas a espermatozoides de homens mais velhos.

8        - O espermograma é mesmo uma prova de fertilidade?

Não há dúvida de que seja o teste mais importante e deve ser sempre solicitado para avaliar o potencial de fertilidade masculino. Entretanto, o espermograma pode ser visto apenas como uma fotografia dos espermatozoides e como tal não permite ver por completo sua qualidade. Muitas vezes, um exame completamente normal esconde a presença de espermatozoides com muitas alterações cromossômicas. Portanto, é correto afirmar que um espermograma normal não é um verdadeiro atestado de boa fertilidade do homem, mas, sim, um bom indicador. Hoje existe o teste de fragmentação de DNA, que mostra o quanto a carga genética do espermatozoide está bem compactada. Quanto maior for a fragmentação, pior será a qualidade da célula e menor será o potencial reprodutivo desse homem. Em algumas situações, os tratamentos de reprodução assistida não têm capacidade de reverter essa situação.

9        - Quando o congelamento de espermatozoides pode ser uma boa opção?

Ao contrário da criopreservação dos óvulos, o congelamento de espermatozoides vem ocorrendo há décadas, sendo uma técnica bem estabelecida de preservação de fertilidade masculina. Os homens podem congelar sêmen sempre que enfrentem situações de saúde que possam comprometer o potencial reprodutivo. Tratamentos de câncer, com quimioterapia e radioterapia, cirurgia da próstata, vasectomia, cirurgias abdominais que possam impedir a ejaculação no futuro são indicações precisas de criopreservação de sêmen. Quanto maior for o número de espermatozoides e quanto mais móveis eles forem, melhor será o processo de congelamento e descongelamento. Atualmente, alguns centros reprodutivos conseguem, inclusive, congelar um único espermatozoide pelo processo de vitrificação. As taxas de gravidez com o uso de espermatozoides a fresco ou descongelados são basicamente as mesmas, não havendo, portanto, prejuízo para o tratamento reprodutivo do casal.

10    - É possível prevenir a infertilidade masculina?

Levar uma vida saudável, evitar o uso de drogas e de cigarro, praticar atividades físicas regulares, manter um peso adequado, ter uma vida sexual sem risco para DSTs são formas diversas de evitar um prejuízo para a produção de espermatozoides.

11    - Quais os tratamentos disponíveis para o homem infértil?


Na maioria dos casos, a infertilidade é resolvida com medicamentos ou cirurgia. Porém, em situações mais complexas, é preciso recorrer a tratamentos de reprodução assistida. Para esses pacientes, é indicada a fertilização in vitro, em que o embrião é produzido no laboratório e posteriormente implantado no útero da mulher. Outra técnica bastante utilizada é a injeção espermática intracitoplasmática, que consiste na introdução de um único espermatozoide dentro do óvulo para promover a fecundação. Já a azoospermia (ausência de espermatozoides na ejaculação) não pode ser tratada. Recomenda-se, então, a busca por bancos de sêmen para tentar engravidar. 

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