Muitos acreditam nos
poderes de certos alimentos que vão além da nutrição.
"Soja ajuda as
mulheres a ter mais óvulos", alega um comerciante chinês em um mercado de
rua.
As conexões entre o
que comemos e nossa capacidade de gerar vida têm sido fonte de folclore,
religião e medicina há milhares de anos, intrigando pessoas que pretendem ter
um filho.
Estatísticas do
Centro de Controle e Prevenção de Doenças dos Estados Unidos (CDC, na sigla em
inglês) mostram que cerca de 12% das mulheres entre 15 e 44 anos têm
dificuldades para engravidar ou para concluir uma gestação, mas é difícil
conseguir dados globais confiáveis sobre o tema.
Sendo assim, até que
ponto a alimentação pode ajudar ou aumentar a fertilidade?
O programa Food
Chain ("Cadeia Alimentar", em tradução livre), da BBC, consultou
vários especialistas a respeito. Confira o que eles disseram.
Abundância.
Em vários períodos
históricos, é possível observar a ligação entre abundância e fertilidade. No
fim da 2ª Guerra Mundial, por exemplo, a taxa de natalidade aumentou para mais
de 39% em países como a Inglaterra no intervalo de apenas dois anos.
Uma das explicações é
que o número de casamentos também cresceu muito.
Mas muito do aumento populacional
pode ser explicado pela mudança da quantidade ou tipo de comida disponível. A
transição demográfica ocorrida no período Neolítico aconteceu há 10 mil anos e
é um exemplo disso.
"A importância
do milho nas dietas começou por volta de 300 a.C. e as taxas de natalidade
foram subindo em paralelo", disse Tim Kohler, professor de Antropologia da
Universidade Estadual de Washington, nos Estados Unidos.
"O aumento na
quantidade de carboidratos nas dietas teve como resultado a melhora no
equilíbrio de energia para mulheres. Elas provavelmente puderam ovular com mais
frequência e então as taxas de natalidade aumentaram naquelas
circunstâncias."
Qualidade x Quantidade.
Mas, uma vez que a
comida é abundante, outros fatores entram na equação. Por exemplo, o tipo de
alimento.
Jorge Chavarro, da
Escola de Medicina e Saúde Pública da Universidade de Harvard, explica que
especialistas em problemas de fertilidade começaram a considerar as dietas como
um dos fatores que contribuem para a concepção.
"Era uma ideia difícil
de vender para especialistas, mas, à medida que as provas (a favor da dieta)
começaram a se acumular, as pessoas começaram a aceitar que a dieta e o estilo
de vida eram importantes", afirmou Chavarro à BBC.
O professor conta que
as taxas de sucesso nos tratamentos de fertilidade permaneceram estáveis na
última década apesar dos avanços na tecnologia, e esses números não devem
melhorar tão cedo.
"É do interesse
de todo mundo, incluindo da indústria farmacêutica, identificar outras formas
de melhorar as taxas de sucesso, então existe um grande interesse em fatores
que podem ser modificados, como a dieta."
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