FONTE: Paula Brasileiro, TRIBUNA DA BAHIA.
Matéria publicada no site Leia Já, parceiro da
Tribuna da Bahia.
O
Século 21 chegou trazendo novos conceitos e comportamentos na sociedade de modo
geral. Nas primeiras décadas dos anos 2000, o termo metrosexual surgiu para
nomear aqueles homens que, a despeito das opiniões alheias e de uma cultura
machista, assumiram sua vaidade e passaram a cuidar mais da estética. Em 2015,
um levantamento da consultoria Nielsen revelou que o público masculino foi
responsável por 35% dos gastos com higiene e produtos para a beleza no Brasil
naquele ano. E os rapazes não estão apenas comprando mais shampoos ou perfumes,
porém também têm aderido a tratamentos antes feitos quase que exclusivamente
pelas mulheres. A depilação é um deles.
O
supervisor administrativo Flávio Alencar, de 24 anos, é adepto da retirada dos
pelos. Ele se depila há 9 anos e resolveu aderir à técnica por questões
estéticas e de conforto: "Eu sou muito peludo e tenho agonia com tantos
pelos, acho feio", justidica. Ele começou usando a cera quente, mas
abandonou o método por achá-lo muito doloroso. Hoje Flávio usa uma máquina de
cortar cabelo e faz os reparos com lâmina de barbear. Ele conta que já sofreu
preconceito por conta da preferência do corpo depilado, mas que isso não o
incomoda: "Todas as vezes que me depilo escuto piadas dentro de casa. Meu
tio diz que 'homem não se depila'. Mas hoje estamos preocupados com a boa
aparência física no contexto geral. Hoje os homens entendem que uma boa
aparência traz um reflexo no contexto geral da sua vida", explica o rapaz.
Já
Francisco Cassemiro, publicitário de 22 anos, começou a se depilar há quatro
anos. O rapaz buscou a depilação para se sentir melhor com o próprio corpo:
"Me incomodava um pouco (os pelos) e resolvi me depilar por questões
estéticas e de higiene". Ele costuma fazer o abdômen, peitoral e axilas e
já testou técnicas como a de cera fria, creme depilatório e lâmina. Francisco
também se depara com o estranhamento de algumas pessoas por conta da preferência
pelo visual depilado: "Quando estou comprando os produtos, em farmácias e
supermercados, já aconteceu de o pessoal olhar torto. Uma vendedora, certa vez,
perguntou se era pra mim mesmo e se eu sabia para o que servia aquilo",
conta. Mas o jovem diz não se importar com este tipo de opinião: "Pra mim
é uma questão de higiene pessoal e estética. Após a depilação me sinto mais
higienizado, a pele fica mais macia e também fica melhor esteticamente".
A
empresária Natália da Fonte, que dirige a DepilWay, casa de depilação com
serviços especialmente voltados para o público masculino, conta que os homens
têm se preocupado cada vez mais com a estética. "Os homens estão se
cuidando mais, mais preocupados com a beleza e existe também aquele público que
procura um aspecto mais higiênico. Eles querem mostrar o corpo no verão e
durante o ano todo". A depiladora Airã da Silva, que atende aos meninos na
casa, confirma: "Tem crescido o número de homens para fazer a depilação.
Estamos vendo que eles têm procurado mais a técnica".
Airã
revela que os serviços mais procurados pela ala masculina são barba, orelha,
nariz e os íntimos, como virilha, lateral anal e axilas. O público mais jovem
costuma depilar a perna completa. A depiladora conta ainda que muitos são
levados pelas namoradas e esposas e que, apesar do medo inicial da dor, os
rapazes resistem bem ao procedimento: "Eles chegam com cara de espanto,
mas na hora eles vêem que não é isso tudo que se pensa. É super
tranquilo", revela.
Palavra médica.
Para o
médico dermatologista Emerson de Andrade, a depilação pode ser feita, uma vez
que os pelos não trazem benefícios reais ao corpo: "Não precisamos do pelo
para proteger a pele já que, hoje em dia, dispômos das vestimentas e outros
acessórios que acabam realizando esta função", diz. Porém, é preciso ter
alguns cuidados na hora de se depilar.
Muitos
são os métodos depilatórios existentes no mercado - de cera fria e quente, a
cremes de depilação, lâminas e máquinas de barbear até pinças. Segundo o médico
Emerson, é preciso ter cautela na hora de escolher. "A escolha vai
depender do que der mais certo para cada pessoa. Mas todos estes métodos são
traumáticos e não recomendados. São técnicas que traumatizam a pele e podem
causar irritações, inflamações e até manchas". Para o especialista, o
ideal seria a depilação a laser, realizada por dermatologistas habilitados.
Este método é uma remoção direcionada que destrói a raiz do pelo e este acaba
por afinar até não nascer mais.
De um
modo geral, a dica do dermatologista, para uma depilação sem maiores riscos ou
danos, é escolher o método que melhor se adequa ao seu tipo de pele e procurar
profissionais habilitados para o serviço. "É preciso identificar qual
técnica seja mais adequada para você e, em caso de qualquer reação, nunca se
auto-medicar e procurar um médico dermatologista para resolver o
problema", orienta.
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