A hipnoterapia pode ser
uma nova opção de tratamento para a síndrome do intestino irritável, de acordo
com um novo estudo publicado no periódico The Lancet Gastroenterology &
Hepatology, na quinta-feira (22).
O distúrbio intestinal
é uma condição persistente e difícil de tratar, com sintomas que podem afetar
seriamente a qualidade de vida, incluindo dor abdominal, inchaço, diarreia e
constipação. O tratamento é feito por meio de cuidados individuais e
paliativos, mas podem não ser bem-sucedidos. O estudo atual, o maior já feito
sobre o tema até então, mostrou que intervenções psicológicas, especialmente a
hipnoterapia, podem ser eficazes.
A pesquisa recrutou 354
adultos com idade entre 18 e 65 anos. Todos tinham a síndrome. Eles receberam
cuidados primários por médicos e especialistas entre 2011 e 2016. Depois, foram
divididos em grupos que receberam cuidado e suporte tradicional ou fizeram
sessões de 45 minutos (individuais ou em grupo) de hipnoterapia duas vezes por
semana durante seis semanas.
A hipnoterapia foi
realizada por psicólogos que foram treinados a desenvolver uma técnica de
visualização positiva durante a qual os pacientes receberam sugestões sobre
como eles poderiam ganhar controle sobre o sistema digestivo para reduzir as
sensações de dor e desconforto. Os pacientes também receberam um CD para que
pudessem praticar exercícios de auto-hipnose em casa por 15-20 minutos todos os
dias.
Os voluntários foram
avaliados sobre o nível de gravidade dos sintomas, qualidade de vida, sintomas
psicológicos, os custos de cuidados de saúde e ausência de trabalho no início
do e imediatamente após o tratamento (três meses) e, novamente, nove meses mais
tarde, bem como o alívio dos sintomas imediatamente após o tratamento e nove
meses depois.
Os resultados mostraram
que, imediatamente após o tratamento, os participantes dos grupos de
hipnoterapia relataram alívio positivo em taxas substancialmente mais altas
do que aqueles que receberam cuidados de suporte educacional, e esses
benefícios persistiram por nove meses após o término do tratamento.
Melhorias na qualidade
de vida, queixas psicológicas, cognitivas e reduções nos custos médicos foram
semelhantes entre os grupos.
No geral, a
hipnoterapia foi bem tolerada. Oito reações adversas
sérias e inesperadas (seis no grupo de hipnoterapia individual e duas no grupo
de hipnoterapia do grupo) foram relatadas, principalmente câncer e doença
inflamatória intestinal, mas não foram relacionadas à hipnoterapia.
Embora os resultados
sejam promissores, os autores afirmam que mais pesquisas serão necessárias para
testar o número ideal de sessões de hipnoterapia, o efeito que as expectativas
de pacientes podem ter sobre o resultado do tratamento e a medida em que os
resultados são influenciados pelo psicológico do paciente.
"Nosso estudo
indica que a hipnoterapia poderia ser considerada uma opção de tratamento
para pacientes com a síndrome, independentemente da gravidade dos sintomas e o
subtipo do distúrbio", diz Carla Flik, que liderou a pesquisa.
"Também é promissor ver que as sessões em grupo são tão eficazes quanto as
individuais, o que pode significar que mais pessoas poderiam ser tratadas a um
custo menor, caso isso seja confirmado em estudos posteriores".
De acordo com Flik, os
cientistas ainda não sabem exatamente como a hipnoterapia específica para
problemas no intestino funciona, mas que ela pode mudar a mentalidade dos
pacientes e os mecanismos de enfrentamento interno, permitindo-lhes aumentar o
controle sobre os processos do corpo, assim como eles processam a dor e
atividades do sistema digestivo.
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