Sol, calor, praia e
férias marcam a temporada de verão no Brasil. Devido ao clima festivo e
descontraído parece que todo mundo acaba sendo acometido por uma alegria de
viver, porém nem todos se encaixam neste padrão. Por isso, essa é uma fase
em que a depressão sazonal de verão pode surgir e, assim como qualquer variação
da doença, deve ser acompanhada e tratada.
Esse tipo
de depressão é considerado uma desordem afetiva
sazonal, que pode surgir devido à preocupação com a autoimagem. Pessoas
insatisfeitas com o próprio corpo podem evitar as exposições sociais, na praia
e na piscina, e isso vai causando um isolamento social.
Além disso, a época
coincide com o período de festas e férias e existe uma
"obrigatoriedade" de sentir-se feliz e animado. Porém, essa
necessidade não é real. Essa obrigação acaba gerando um estressor a mais,
uma autocobrança que contribui para uma pior qualidade de vida neste período.
Quem já tem um quadro depressivo prévio ou maior vulnerabilidade social e
genética para tal, pode ficar mais sensível às características deste momento.
O balanço do ano também
pode gerar alguma frustração. Muitas vezes, a
pessoa não conseguiu conquistar tudo que foi planejado para o ano. Além disso,
por questões financeiras, pode ter que adiar a viagem dos sonhos, enfim tudo
isso vai somando podendo causar um baixo astral.
Para a psiquiatra
Carolina Hanna de Aquino Chaim, do Núcleo de Álcool e Drogas no Hospital
Sírio-Libanês, em São Paulo, é importante considerar que a estação mais quente
do ano sozinha não provoca depressão. "Algumas pessoas podem ter essa
predisposição e, por conta do período, o risco de desenvolver a doença é
aumentado". Portanto, a depressão de verão no Brasil se associa a uma
mudança de ritmo social que pressiona o indivíduo em um período em que todos se
sentem mais cansados e fadigados.
Sinais do problema.
A depressão sazonal de
verão existe, porém ainda é pouco estudada. Mas de acordo com os especialistas
consultados pelo UOL VivaBem indicam que as mulheres acima dos 30 anos
são as mais acometidas pelo problema.
Já os sintomas são
iguais ao da depressão,
independente da sazonalidade: na área das emoções
temos a tristeza, desprazer com a vida, angustia, ansiedade, baixa autoestima,
culpa. No aspecto físico surgem as alterações do sono e do apetite, diminuição
da libido, aumento de sintomas dolorosos. Já no setor cognitivo pode-se listar
a diminuição da concentração, da atenção sustentada, da velocidade e do
raciocínio e da aprendizagem.
Se você costuma
apresentar esses sintomas sempre nessa mesma época do ano, vale investigar.
Para diagnosticar a doença é preciso que o paciente tenha passado por dois
ciclos deste estado de humor deprimido, ou seja, na mesma época nos anos
anteriores foi observado alguns destes sintomas.
Como tratar a depressão
sazonal de verão.
O tratamento pode ser
farmacológico com antidepressivos e terapias não farmacológicas como a
psicoterapia, a meditação e a acupuntura. A associação dessas
modalidades de tratamento é mais eficaz do que o tratamento feito isoladamente.
Em geral, depressões
recorrentes exigem uma manutenção para evitar que o quadro retorne de tempos em
tempos. O tratamento deve levar o indivíduo a observar e reconhecer suas
reações ao estresse
e sintomas que possam desencadear uma recaída. O
autoconhecimento, o gerenciamento do estresse e a revisão de estilo de vida são
essenciais para evitar a doença.
*** Fontes: Rodrigo
Leite, coordenador dos Ambulatórios do IPq-USP (Instituto de Psiquiatria da
Universidade de São Paulo); Carolina Hanna de Aquino Chaim, psiquiatra do
Núcleo de Álcool e Drogas no Hospital Sírio-Libanês, em São Paulo; Cristina
Borsari, psicóloga da BP - Beneficência Portuguesa de São Paulo.
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