Resumo
da notícia
Estresse é algo muito
comum, mas pequenas atitudes podem ajudar a encará-lo sem precisar fugir de sua
fonte
Ficar próximo à
natureza, cultivar amizades e respirar direito é fundamental para evitar o
estresse
Tirar um ano sabático
para colocar as ideias em ordem, superar crises existenciais e recuperar a
energia é um sonho, porém, nem sempre possível. Abrir mão dos compromissos
diários exige muito planejamento e, portanto, a melhor forma de lidar com toda
a pressão é apostando em algumas técnicas simples que prometem trazer mais
qualidade de vida e ser um antídoto contra o estresse. Selecionamos algumas
delas explicando porque merecem ser incluídas em sua rotina.
1.
Lembre-se de respirar!
Treinar a respiração
contribui de forma efetiva a saúde mental. "Restabelecer uma respiração
abdominal eficiente e profunda ajuda a monitorar as emoções e controlar a
ansiedade", explica Ana Maria Rossi, doutora em Psicologia Clínica, presidente
da International Stress Management Association no Brasil (ISMA-BR) e
co-presidente na Divisão de Saúde Ocupacional da Associação Mundial de
Psiquiatria. Um estudo realizado em 2016, na Universidade Técnica de Munique,
conduzido por Anselm Doll mostrou que o foco atencional alivia o estresse e as
emoções negativas. "A respiração ativa regiões do cérebro relacionadas ao
bem-estar, promovendo relaxamento e clareando os pensamentos", afirma. Confira mais benefícios em respirar melhor.
2.
Dê mais risadas.
De acordo com um estudo
realizado pela escola de medicina da Universidade de Maryland, em Baltimore
(Estados Unidos), dar risada faz com que o fluxo de sangue aumente 22%,
reduzindo a pressão arterial. Usando filmes engraçados, os cientistas
conseguiram avaliar o efeito das emoções na saúde cardiovascular, mostrando que
o riso está ligado à função saudável dos vasos sanguíneos. Portanto, apostar em
momentos de alegria pode ajudar muito a manter a saúde mental e física em dia.
Segundo Rossi, mesmo quem está com um pensamento estressante, pode se lembrar
de algo engraçado para diluir a tensão. "Ela muda o foco, pois ao sorrir a
produção de endorfina automaticamente é elevada trazendo uma sensação de
bem-estar".
3.
Aproxime-se da natureza.
Passar um final de
semana longe da agitação pode ajudar a se desligar. Mas, mesmo que isso não
seja possível, reserve alguns minutos para caminhar ao ar livre. Pesquisadores
da Universidade de Essex examinaram dados de 1.250 pessoas em dez estudos,
constatando melhoras no humor e na autoestima entre aquelas que praticavam
atividades físicas ao ar livre. Uma caminhada em áreas verdes já ajuda a
relaxar. Para a psicóloga comportamental Denise Pará Diniz, coordenadora do
Setor de Gerenciamento de Estresse e Qualidade de Vida da Unifesp (Universidade
Federal de São Paulo), no dia a dia é importante desligar alguns minutinhos
para buscar relaxamento. "A cada duas horas de trabalho, vale dar uma
parada para respirar e relaxar". Ou aproveitar a hora do almoço para ter
este contato com áreas verdes, como parques e jardins. Confira outros benefícios do contato com a natureza.
4.
Exercite a gratidão.
Quem expressa gratidão
pelas coisas da vida têm melhor humor. Isso está confirmado em uma pesquisa da
Universidade da Califórnia, publicada na revista científica Spirituality in
Clinical Practice, que observou 186 voluntários durante dois meses. Segundo
Diniz, a gratidão melhora a saúde mental, pois direciona os pensamentos para
emoção e ação positivas. Ser grato dissolve medo, angústia e raiva, reduz
ansiedade, aumenta sensação de prazer, eleva autoconfiança. "Esse
sentimento eleva a dopamina, neurotransmissor responsável pelo bem-estar.
Também ativa um sistema de recompensa do cérebro que, na prática, identifica
situações que merecem reconhecimento" detalha. Uma dica: antes de dormir,
pense em três acontecimentos/pessoas e demonstre gratidão. Faça disso um
hábito.
5.
Cultive seus bons amigos.
Uma pesquisa feita pela
Universidade Brigham Young, nos EUA, comprovou que quem tem amigos pode viver
até 50% mais do que quem cultiva a solidão. Já pesquisadores da Universidade da
Carolina do Norte, em Chapel Hill, nos EUA, confirmaram que a quantidade e a
intensidade dos laços sociais são importantes para a longevidade, assim como
adotar a alimentação saudável e atividade física regular. Por isso, Diniz
explica que vale ser mais flexível nas relações sociais. "Respeite seu
sistema de valores e crenças, mas procure ouvir o outro. Tenha mais empatia e
não queira impor apenas suas condições", ensina. Dessa forma, fica mais
fácil usufruir de boas companhias.
6.
Dedique-se a um trabalho voluntário.
Impossível não se
sentir bem ao ajudar o outro. Este pode ser um ótimo descanso mental, e até
ampliar sua rede de amizades. "A gratificação está na doação que sempre
enche de energia e satisfação", comenta Ana Maria. Para a especialista,
essa é uma maneira muito saudável de valorizar as pequenas conquistas, pois não
há expectativa para o que deve ser reconhecido e gratificado.
7.
Aposte em aplicativos de gestão.
Afastar-se das redes
sociais pode favorecer a saúde mental, mas a tecnologia não pode ser vista
apenas como inimiga. Alguns aplicativos podem fornecer lembretes para adotar
hábitos saudáveis como beber água, meditar, relaxar. "Eles ajudam a
corrigir hábitos, dando foco para as mentes mais indisciplinadas e ajudando a
relaxar", diz Rossi.
8.
Espiritualize-se.
Um estudo com scanners
de cérebro durante ressonância magnética realizado no Hospital Thomas Jefferson
e Medical College, na Pensilvânia (EUA), mostrou que orações recorrentes afetam
a região cerebral, promovendo estímulos neurológicos e sensoriais. Para Rossi,
manter uma espiritualidade independe de religião, por isso, vale ter algo que
transmite proteção, deixando a pessoa mais fortalecida para um enfrentamento.
"Pode ser um cristal, uma flor, um local na natureza. Cada um deve
identificar qual conexão lhe faz bem".
***
Fontes: Ana Maria Rossi, doutora em Psicologia Clínica,
presidente da International Stress Management Association no Brasil (ISMA-BR) e
co-presidente na Divisão de Saúde Ocupacional da Associação Mundial de
Psiquiatria; Denise Pará Diniz, coordenadora do Setor de Gerenciamento de
Estresse e Qualidade de Vida da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo);
Priscila Almeida Andrade, professora de Práticas Integrativas e Complementares
em Saúde do curso de graduação em Saúde Coletiva da Universidade Federal de
Brasília (UnB).
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