Pelo menos 220
tratamentos de um medicamento caro e essencial para pacientes com hepatite C, o
sofosbuvir, perderam a validade antes de serem entregues. O prejuízo potencial
é de mais de R$ 1,8 milhão para os cofres públicos.
O Ministério da Saúde
não informou se tentará negociar com fabricante a substituição do produto. A
possibilidade, porém, é remota, uma vez que o medicamento ficou meses guardado
no armazém do governo federal. A compra havia sido feita em 2017.
Como o jornal O Estado
de S. Paulo revelou em janeiro, os remédios foram distribuídos pelo Ministério
da Saúde para vários Estados, pouco mais de um mês antes de o prazo de validade
expirar - o que ocorreu em 28 de fevereiro. Somente o governo de São Paulo
recebeu 2,2 mil. Diante do prazo apertado para a entrega nas cidades com
pacientes cadastrados, o governo paulista chegou a cogitar a recusa do
recebimento nos lotes. Mas, por causa da necessidade das pessoas que aguardavam
na fila, montou uma distribuição de urgência.
Mesmo assim, cerca de
10% da remessa não foi usada, diante do pouco tempo disponível para a entrega.
A exemplo de São Paulo, outros Estados, que inicialmente se mostraram
resistentes no recebimento, também aceitaram montar uma operação de emergência.
O Ministério da Saúde
não informou qual foi a perda total. Também não há definição sobre o que será
feito com as drogas que agora não podem mais ser usadas pelos pacientes. A
pasta informou que irá aguardar informações de todo o País para definir uma
estratégia.
Pelas contas do
ministério, cerca de 15 mil pessoas esperavam em 2018 o tratamento, que pode
significar a cura da doença. Quando não tratada, a hepatite C pode levar à
morte.
Desorganização.
O prazo de validade tão
curto para o sofosvubir foi atribuído a um descompasso na compra dos remédios
usados no tratamento. O remédio havia sido adquirido há dois anos, dentro de
uma compra maior e aguardava nos armazéns do Ministério da Saúde a chegada de
outro medicamento, o daclastavir, usado na combinação para os pacientes. Por
atrasos na licitação, no entanto, a compra somente foi feita em novembro
passado, por meio de um pregão emergencial. Ao todo, foram comprados 15 mil
tratamentos. Organizações ligadas a pacientes dizem que a compra foi num valor
muito acima do praticado no mercado.
Pouco mais de um terço
foi entregue para pacientes (5.337 tratamentos). Outros 5.666 chegaram ao
ministério somente na semana passada e agora começarão a ser enviados para os
Estados. A pasta não informou as causas da demora.
Os prazos do
daclastavir também não são folgados. A primeira remessa tem de ser usada até
maio. Diretor do Grupo Otimismo de Apoio ao Portador de Hepatite, Carlos
Varaldo questiona os valores da última compra e pediu investigação no TCU. Pelo
seu cálculo, o prejuízo do ministério foi de R$ 77 milhões.
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As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
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