A obesidade é
um problema de saúde pública que vem aumentando em todo o
mundo. Entre as causas da doença estão fatores, como genética, doenças
endócrinas, excesso de alimentação, falta de atividade física e problemas para
dormir. Outra possível causa para o excesso de peso é o
horário das refeições, especialmente as realizadas à noite, indica estudo preliminar apresentado
este final de semana durante a ENDO
2019,
uma conferência médica realizada nos Estados Unidos. De acordo com os
pesquisadores, indivíduos que jantam tarde estão em maior risco de apresentar
níveis mais altos de gordura corporal e, consequentemente, maior Índice de
Massa Corporal (IMC) – fator de risco para a obesidade.
Especialistas explicam
que durante a noite o gasto de energia é menor e, portanto, grande parte das
calorias ingeridas não são queimadas, o que leva a seu armazenamento em forma
de gordura. Por causa disso, recomenda-se que as refeições mais calóricas sejam
feitas pela manhã e/ou pela tarde. “Quando você ingere mais calorias
alimentares no início do dia, elas podem ser mais usadas para energia e menos
armazenadas como gordura”, explicou Lona Sandon, da Universidade do Texas, nos
Estados Unidos, em comunicado.
Vale lembrar que a recomendação diária para ingestão de calorias é
de 2.000, que devem ser distribuídas ao longo do dia.
Estudos
anteriores já haviam feito associação similar, destacando
que a ingestão alimentar feita após as 20 horas pode aumentar a
probabilidade de desenvolver obesidade.
O
estudo.
Para chegar a este
resultado, a equipe da Universidade do Colorado, nos Estados
Unidos, recrutou 31 pessoas (90% mulheres, com idade média de 36 anos) que
estavam acima do peso ou obesas. Para avaliar o máximo de variáveis capazes de
interferir nas descobertas, os pesquisadores recolheram informações sobre o
sono, os níveis de atividade e a dieta dos participantes. Além disso, cada um
dos voluntários recebeu equipamentos para monitorar o ciclo de sono e o tempo
gasto em atividades físicas ou sedentárias. A ingestão alimentar foi monitorada
através de um aplicativo de telefone que permitia aos participantes fotografar
as refeições, o que ajudava a registrar os horários da alimentação. Os níveis
de glicose no sangue também foram acompanhados.
Os dados coletados
apontaram que os participantes se alimentaram ao longo de 11 horas (do acordar
ao dormir), sendo a última refeição realizada por volta das 20 horas da noite.
A partir dessas informações, os pesquisadores perceberam que aqueles que comiam
no final do dia tinham IMC mais alto, assim como maiores níveis de gordura
corporal. “Comer no final do dia, mais à noite, parece estar ligado ao
armazenamento de mais gordura corporal devido a diferenças
hormonais a esta hora do dia”, explicou Lona.
A equipe ainda
descobriu que esses indivíduos tinham um média de sono de 7 horas por noite – o
que pode descartar a ideia de que a falta de sono interfere no risco de
apresentar excesso de peso (pelo menos nesses voluntários). Apesar dos
resultados, os cientistas ressaltam que os achados são preliminares e, portanto,
será necessário dar continuidade às investigações para entender os mecanismos
que ligam o horário da refeição ao aumento do risco de obesidade.
Obesidade
no Brasil.
Dados de 2018 do Ministério
da Saúde indicam que 18,9% da população acima de 18 anos nas
capitais brasileiras é obesa. O percentual é 60,2% maior do que o obtido
na primeira vez que o trabalho foi realizado, em 2006, quando essa parcela era
de 11,8%. Esses números preocupam já que estudo do ano passado
publicado no periódico Cancer Epidemmiology indicou
que o Brasil terá 640.000 casos de câncer em
2025 – e quase 30.000 deles vão estar associados
à obesidade.
Para esses
pesquisadores, o aumento da obesidade está associada a industrialização e o
alto consumo de alimentos processados. “A industrialização de sistemas
alimentares mudou profundamente as culturas alimentares tradicionais, que eram
geralmente composta de alimentos frescos e minimamente processados”, escreveram
no relatório. A sugestão para solucionar a questão, de acordo com eles, é
adotar intervenções e políticas de saúde pública capazes de reduzir o problema
a nível populacional.
Além disso, as novas
descobertas apontam para outra possível solução: antecipar o horário do jantar
e evitar ingerir muitas calorias antes de dormir.
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