Washington,
22 Mar 2019 (AFP) - Quando um homem fica sabendo que tem
câncer, pode congelar seu esperma antes da quimioterapia, que pode causar
esterilidade. Mas antes da puberdade, as crianças não têm nenhum esperma para
congelar, de modo que 30% delas serão inférteis devido aos tratamentos contra
essa doença.
Pesquisadores tentam há
anos superar esse problema com a seguinte ideia: extrair tecido testicular não
desenvolvido antes de que a quimioterapia ou a radioterapia produzam seus
efeitos tóxicos, congelá-lo durante anos e injetá-lo na adolescência do
paciente, com a esperança de que seja capaz de produzir esperma normal na
puberdade.
Três experimentos
realizados em macacos desde o ano 2000 mostraram que a espermatogênese podia
funcionar com esse tipo de enxerto de tecidos extraídos antes da puberdade. Mas
até o momento, nenhum teste havia chegado até o nascimento de um bebê.
Uma equipe dirigida por
um biólogo da Universidade de Pittsburgh anunciou, nesta quinta-feira, ter
conseguido superar essa etapa e fazer nascer, por meio dessa técnica e de uma
fecundação in vitro, uma fêmea de macaco chamada Grady, em abril de 2018. Seu
estudo foi publicado na revista Science.
O experimento mostra
que a ideia de conservar tecido testicular imaturo para ajudar as crianças que
tiveram câncer a ser pais é válida. Para as meninas, vários estudos se
concentram no enxerto de tecido ovariano.
Em Pittsburgh, 206
meninos e 41 meninas tratados por câncer congelaram seus tecidos desde 2011 com
a esperança de que essa técnica esteja disponível um dia, explicou Kyle Orwig,
professor da Universidade de Pittsburgh e autor principal do estudo.
"Acredito que a
tecnologia estará disponível para uso clínico em um prazo de dois a cinco
anos", disse à AFP, acrescentando que já tinham sido iniciadas negociações
com os reguladores do setor médico.
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