Novas evidências
científicas reforçam a ideia de que beber durante a adolescência aumenta o
risco de sofrer problemas de saúde mental mais tarde. Pesquisadores da
Universidade de Illinois, nos EUA, descobriram que o consumo excessivo de
álcool na juventude, mesmo se interrompido, faz com que a pessoa fique mais
propensa a ser diagnosticada com um transtorno de ansiedade quando adulta.
O estudo foi feito em
animais, mas de acordo com a equipe, os resultados podem valer para os seres
humanos. A razão do risco aumentado é que grandes quantidades de bebida
alcoólica alteram as conexões entre as células nervosas do cérebro adolescente,
ainda em formação. Isso acontece principalmente na região conhecida como
amígdala, que está envolvida na regulação de emoções como a ansiedade.
Os dados, publicados na
revista Biological Psychiatry, fazem pensar no perigo do chamado "beber
pesado episódico", uma prática muito popular entre adolescentes. O termo
envolve o consumo de cinco doses ou mais de álcool em uma única ocasião, ou
seja, cinco latas de cerveja ou mais numa festa. Muita gente deixa de fazer
isso quando chega à idade adulta e começa a trabalhar, mas pode ser que nessa
fase o estrago já tenha sido feito.
Se a ansiedade pode ser
uma consequência futura para quem exagera na bebida, também é verdade que o
transtorno pode ser um gatilho para começar a beber. Uma análise da literatura
científica publicada esta semana no periódico Addiction sugere que crianças e
adolescentes ansiosas são mais propensas a ter um padrão complicado de uso de
álcool mais tarde.
O trabalho, feito por
estudiosos da Universidade de Bristol, no Reino Unido, reuniu dados de 51
pesquisas realizadas em 11 países diferentes, com um total de 11 mil pessoas de
diferentes idades e classes socioeconômicas.
Os pesquisadores dizem
que a conclusão não é definitiva, e que nem todo jovem ansioso vai,
necessariamente, procurar o álcool como forma de aliviar suas sensações
negativas. Outros estudos já indicaram que o tipo de ansiedade mais associado
ao uso da bebida é a social, também chamada de timidez patológica.
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Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL.
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