Transformado em vilão
por dietas
da moda, o glúten é um nutriente que muitas pessoas ainda evitam, mesmo que
inúmeros especialistas já tenham confirmado que cortar o ingrediente do cardápio
não é garantia de perda de peso ou de melhoras na saúde —a não ser que o
indivíduo tenha doença celíaca ou intolerância ao glúten, condições presentes
em uma parcela muito pequena da população.
E um novo
e rigoroso estudo, publicado no periódico Gastroenterology, concluiu que o
consumo de alimentos com glúten (proteína presente na farinha de trigo, na
cevada, no centeio) realmente não está associado ao aumento de problemas
gastrointestinais (como dor abdominal, indigestão, constipação e diarreia)
e nem provoca fadiga.
Como
o estudo foi feito.
Controlada, a pesquisa
foi realizada com 28 pessoas, com média de idade de 38 anos, que não
apresentavam problemas gastrointestinais.
Os participantes foram
divididos em dois grupos: um consumiu duas vezes ao dia 10 g de uma farinha com
glúten (ingerindo um total de 14 g do nutriente); já o outro recebeu a mesma
porção de uma farinha sem glúten.
Nenhum dos
participantes dos dois grupos sabia se estava consumindo ou não glúten durante
o estudo —o que é importante para reduzir a interferência do efeito
placebo.
Os cientistas avalariam
no início do estudo e após duas semanas os problemas gastrointestinais
(diarreia, dor abdominal, refluxo, constipação e indigestão) e o nível de
fadiga apresentados por todos os voluntários.
Entre as pessoas que
consumiram glúten, 13 não demonstraram diferenças significantes (positivas ou
negativas) no nível de fadiga, na indigestão, na constipação, na dor abdominal
e no refluxo. Além disso, tiveram uma melhora considerável nos quadros de
diarreia.
Apesar do número de
participantes (28) parecer pequeno, esse é um trabalho científico duplo-cego e
controlado. Ou seja, os participantes não sabiam se estavam consumindo glúten e
sua dieta foi monitorada pelos pesquisadores, o que traz resultados mais
confiáveis.
Em muitos estudos, os
cientistas não acompanham os participantes, apenas verificam se as pessoas
consumiram glúten ou não, por exemplo, com base em um questionário e depois
associam as respostas a problemas que os indivíduos apresentaram (ou não). Isso
muitas vezes não permite isolar outros fatores que podem interferir no
resultado: como o voluntário apresentar diarreias frequentes pois exagerava no
álcool, ou seja, o problema não foi provocado pelo glúten.
Por
que o estudo é importante.
Dietas restritivas, que
excluem todo um grupo alimentar ou determinada substância, são difíceis de ser
mantidas em longo prazo, podem gerar deficiências nutricionais e até quadros de
compulsão alimentar. Por isso, é muito importante você saber que não há
necessidade alguma de retirar o glúten do seu cardápio para emagrecer ou obter
melhoras (ou evitar pioras) na saúde, pois a proteína não faz mal ao organismo
de uma pessoa saudável.
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