FONTE: Da Agência Bori, https://www.uol.com.br/
Resumo da notícia.
- Estudo
analisou a efetividade da promoção e orientação de caminhadas e
alimentação saudável na atenção pré-natal
- Com
a intervenção, o tempo de caminhadas aumentou entre grávidas, enquanto o
consumo de alimentos ultraprocessados diminuiu
- Modelo de promoção de
hábitos saudáveis em gestantes é compatível com o sistema de saúde público
brasileiro
Mulheres grávidas orientadas por
profissionais de saúde de Unidades de Saúde da Família a realizar caminhadas e
ter uma dieta saudável durante o pré-natal tiveram uma melhora desses
comportamentos. Com a intervenção, a quantidade de gestantes que atingiu o
tempo recomendado de caminhada no lazer triplicou, enquanto o número de
gestantes que faziam alto consumo semanal de alimentos indicadores de
ultraprocessados, como refrigerantes e biscoitos industrializados, caiu pela
metade.
Esses resultados
são fruto de estudo
coordenado por pesquisadores da Universidade Estadual Paulista, com apoio de
pesquisadores de outras duas universidades públicas brasileiras e financiado
pela Fapesp. Eles estão descritos na edição de maio da revista "Cadernos
de Saúde Pública".
Realizado
em Botucatu, São Paulo, o estudo avaliou a efetividade de uma intervenção de
promoção de alimentação saudável e caminhada no lazer sobre o comportamento de
gestantes atendidas pelos serviços de atenção primária à saúde durante as
consultas de pré-natal de rotina. Médicos e enfermeiros de Unidades da
Estratégia Saúde da Família da cidade foram capacitados para promover esses
comportamentos saudáveis durante as consultas de pré-natal.
Ao
todo, 181 gestantes receberam cuidados desses profissionais e foram
acompanhadas pelos pesquisadores. Os resultados da intervenção neste grupo
foram comparados com um outro grupo de gestantes que receberam os cuidados
pré-natais usuais do modelo assistencial tradicional das Unidades Básicas de
Saúde, tratamento que não inclui esclarecimentos às gestantes sobre os
benefícios de caminhadas e alimentação saudável para o feto e para sua saúde.
A
intervenção afetou o comportamento de exercícios físicos e dieta das gestantes,
fatores importantes na prevenção de várias complicações gestacionais como diabetes, doença hipertensiva e obesidade futura para mãe e
filho. "Gestantes mais saudáveis significam menor risco de obesidade
gestacional e também menos chances da criança se tornar obesa e ter outras
doenças na vida adulta, fatores importantíssimos dado à epidemia mundial de
obesidade que vivemos", comenta a pesquisadora Maíra Malta, autora do
estudo e docente da pós-graduação em Saúde Coletiva da Universidade de Santos.
A
ideia dos pesquisadores era delinear uma intervenção que pudesse ser aplicada
no programa de pré-natal no Sistema Único de Saúde (SUS). "Nós queríamos
pensar em uma forma de intervenção não onerosa, que pudesse ser replicada
aproveitando a estrutura de pré-natal existente atualmente no sistema público
de saúde brasileiro", comenta Malta. A pesquisadora afirma que a prevenção
em saúde pode, por exemplo, representar menos casos de gestações de alto risco
e assim, menos gastos para o sistema de saúde com internações futuras.
Apesar
de reduzir o risco de mulheres grávidas consumirem refrigerantes e biscoitos
industrializados, a intervenção não teve impacto sobre os outros hábitos
alimentares das gestantes, como o consumo de frutas e legumes. Malta pondera
que o comportamento das grávidas pode ser influenciado por outros
determinantes, como o acesso a alimentos saudáveis e o ambiente físico de onde
caminham.
No
Brasil, mulheres grávidas tendem a ter um estilo de vida sedentário, com baixa
ingestão de frutas e vegetais e uma alta ingestão de refrigerantes e alimentos
processados ricos em açúcar e gordura, segundo contextualiza a pesquisa.
Estudos futuros podem propor intervenções que incorporem outros profissionais,
como nutricionistas, educadores físicos e agentes de saúde que já fazem parte
da estratégia de saúde da família para avaliar sua efetividade.
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