FONTE: Da Agência Brasil, https://www.uol.com.br/
A
Organização Mundial da Saúde (OMS) comemora hoje (31) o Dia Mundial sem Tabaco
com a campanha "Comprometa-se a parar de fumar", visando a promover
uma mobilização global para combater o hábito de fumar. Cada país, cada setor
da sociedade e instituições ajudam a sensibilizar as pessoas de que fumar faz
mal à saúde e que é fundamental deixar o hábito.
Com
esse objetivo, a Fundação do Câncer lançou em seu site a cartilha Prática
para Parar de Fumar, que orienta a população
sobre os malefícios do tabaco. "O que a gente fez foi uma cartilha com
algumas dicas para aqueles que fumam, mostrando a importância de parar de fumar
e o mal que esse hábito faz à saúde da própria pessoa e dos outros. A OMS fez
uma relação de 100 razões para motivar as pessoas a pararem de fumar",
disse à Agência Brasil o diretor executivo da Fundação do
Câncer, Luiz Augusto Maltoni.
A
cartilha deixa claro que o tabagista é um dependente químico. "É um dependente
da nicotina, e a gente entende isso como uma doença", ressaltou o médico.
É preciso que o fumante se convença de que precisa de ajuda, se conscientize
disso e, depois, tome a decisão de parar. "Não é simples. A gente entende
isso pela própria dependência", afirmou.
Maltoni
explicou que a dependência da nicotina ocorre, inclusive, com abstinência. Por
isso, é muito importante ter apoio de quem está próximo, da família, dos
amigos. Para os dependentes, ele recomendou que não devem ter vergonha mas, ao
contrário, precisam exteriorizar a vontade de parar de fumar, porque obterão
ajuda.
Mudança de hábitos.
Uma
das principais recomendações para a pessoa deixar de fumar é a mudança de
hábitos, porque existe todo um cenário externo que facilita o hábito de fumar.
Tomar um cafezinho após o almoço é um deles. A cartilha ajuda, indicando
mudanças. Em vez do café, por exemplo, beber água. "Enfim, fazer alguma
coisa diferente daquilo que leva a pensar ou ter vontade de fumar. Criar
hábitos saudáveis, como alimentação adequada, exercícios físicos, tomar
bastante líquido", disse o médico.
Luiz
Augusto Maltoni destacou também que tanto no sistema privado, quanto no Sistema
Único de Saúde (SUS), há orientações sobre locais e gente treinada para ajudar
quem quer deixar de fumar. O Disque Saúde atende pelo número 136. De maneira
geral, as abordagens iniciais são feitas por profissionais da saúde que
conversam, compreendem o grau de dependência do fumante e definem qual o melhor
caminho a seguir.
Segundo
o médico, o passo inicial costuma ser uma abordagem cognitiva comportamental,
sugerindo mudança de hábitos, o que, na maioria das vezes, é feito em grupo.
"É interessante, porque se trocam experiências, um ajuda o outro".
Depois, as reuniões vão se espaçando, até que a pessoa consegue parar.
Em
alguns casos, é preciso que se acrescente tratamento medicamentoso, que é feito
de duas formas: ou pela reposição de nicotina, por meio de adesivos ou de goma
de mascar, "e aí vai reduzindo a dose, sempre com orientação médica",
ou ainda com uso de antidepressivo, também disponível no SUS. Maltoni reforçou
que o tabagista é um dependente químico e deve ser tratado com o carinho que
merece, entendendo que não é simples parar de fumar e que, muitas vezes, as
pessoas que tentam parar acabam falhando em uma primeira vez.
"Mas
devem insistir, porque a gente sabe que, com o número de tentativas, a pessoa
acaba conseguindo, porque vai depender da vontade, do apoio, do grau de
dependência que tinha. Mas é possível". Tomar consciência do mal que o
fumo representa também para as pessoas que cercam o fumante é um incentivo.
"Procurando ajuda, consegue parar".
O
médico lembrou que, qualquer que seja a forma que tenha, a nicotina é uma
substância altamente viciante e, uma vez tragada, em segundos ela atinge o
sistema nervoso central e provoca dependência química. "E faz abstinência,
como ocorre com o álcool e outras drogas".
Experiência.
De
linguagem direta e clara, a cartilha está disponível no site da Fundação do Câncer ou diretamente no link da cartilha. A publicação ajuda o fumante a deixar a dependência do
tabaco, que ainda afeta 9,8% da população brasileira. Além disso, contém a ansiedade, esclarece os males que a dependência química da
nicotina traz e mostra os benefícios que o indivíduo tem em sua saúde, horas,
dias e semanas após deixar o vício.
A
cartilha propõe ainda uma reflexão sobre os fatores negativos da dependência do
cigarro, entre eles o cheiro forte, o gosto na boca e o fato de o produto
causar diversas doenças que podem levar à morte.
Sueli
Fátima Perestrelo, 59 anos, fumou durante quase 30 anos e só depois desse tempo
deixou a dependência do cigarro. Ela disse à Agência Brasil que
está há cerca de dez anos sem fumar. "Eu fiz tratamento três vezes para
parar de fumar. Só na terceira consegui. O que me ajudou a parar de fumar foram
as reuniões. Escutando depoimentos, conversando com um e com outro é que você
consegue parar".
Maria
Vera deixou o cigarro há oito anos, depois de fumar mais de 30 anos. Ela
afirmou que estava querendo parar há muito tempo. "Tentei várias vezes.
Parava, depois voltava". O fato de ter filhos e, depois, netos,
influenciou na decisão de Maria Vera abandonar de vez o cigarro.
"Prejudica as crianças. Uma coisa foi se juntando à outra. E como eu já estava
querendo parar, deixei de vez. Determinei que não ia fumar mais e parei. É
difícil. Tem que ter muita força de vontade", explicou. "Teve época
em que engordei demais, devido à ansiedade que o cigarro causa, e descontei na
comida. Mas depois voltei ao normal".
Nenhum comentário:
Postar um comentário