Recomendação é que os pequenos
fiquem por, no máximo, duas horas ao dia expostas às telas.
Um estudo
da Universidade de Alberta apontou que, quanto mais telas uma criança tem em
seu quarto, pior será para sua saúde. No caso, computadores e televisores podem
atrapalhar o sono (quem nunca ficou até tarde assistindo à TV?). Além das horas
dormidas, os olhos das crianças estão sendo prejudicados por causa da exposição
prolongada à tela da televisão, smartphones, tablets, notebooks, vídeo game,
segundo a oftalmologista pediátrica e consultora do Consulte Aqui, Dra. Rosane
da Cruz Ferreira. Enfim, é muita coisa.
Não há boas estatísticas para o Brasil,
mas uma criança norte-americana, por exemplo, calcula-se uma média de três a
quatro horas de TV por dia, fora as outras tecnologias. Para se ter uma ideia
de como o acesso às telas é abusivo, a Academia Americana de Pediatria
recomende o máximo de duas horas por dia – e crianças menores de dois anos a
recomendação é totalmente restritiva: os pequenos não podem ver TV ou usar
tecnologias eletrônicas.
Embora haja recomendações, o que
mais vemos por aí são crianças de tudo quanto é idade mexendo (com facilidade
invejável!) nos tablets, jogando games, mandando SMS via celular ou
conectados em redes sociais.
Ex-presidente da Sociedade
Brasileira de Oftalmologia Pediátrica, a Dra. Rosane é categórica ao dizer que tablets,
celulares e computadores são contraindicados para os pequenos. “A geração atual
está desenvolvendo miopia, que é a dificuldade para ver de longe, mais
precocemente e em “graus” muito maiores do que as gerações anteriores”, alerta.
A miopia tem vários fatores,
sendo os mais importantes o genético e o ambiental. A doença está associada ao
esforço acomodativo, isto é, ver coisas pequeninhas muito de perto, em
movimento ou no escuro. “Se a criança passa muito tempo em frente ao
computador, joguinhos de celular, lendo ou vendo TV no escuro ou ainda
assistindo filmes no DVD no carro, o cérebro 'entende' que o importante é a
visão de perto, que vai ficando cada vez melhor, em detrimento da visão de
longe”, explica a médica. O risco de ter a doença aumenta se a criança tiver
predisposição genética, ou seja, míopes na família, ou se for detectada uma
tendência no exame oftalmológico de rotina.
O desconforto.
Sabe aquele desconforto que
sentimos quando passamos muito tempo em frente à tela? Então, as crianças
também estão sujeitas a isso, mas talvez não percebam com facilidade. O
desconforto surge quando o usuário do telefone concentra seu olhar
na tela, ou seja, acomoda sua visão à distância apropriada da tela, que é
fonte refletora de luz. Ao mesmo tempo, os olhos devem convergir para que uma
distância apropriada do telefone possibilite ler ou assistir o que está na tela
do telefone. Os sintomas mais comuns são dores de cabeça, olho seco, coceira e,
mais raramente, vista embaçada. Para evitá-los é recomendável que a cada duas
horas de leitura, deve-se descansar 10 minutos.
Em condições normais, esta
situação de “esforço extra para os olhos” pode não representar um problema
porque quando uma pessoa apresenta fadiga visual, na frente do computador, por
exemplo, ela se levanta, descansa os olhos e fica bem novamente. Mas, como a
criança pode não perceber os sintomas do desconforto, os pais devem ficar de
olho e estabelecer tempo limite para a exposição.
Segundo dados divulgados pelo
Conselho Brasileiro de Oftalmologia (CBO) cerca de 15 milhões de crianças em
idade escolar sofrem de problemas de visão, como miopia, hipermetropia e o
astigmatismo. Segundo o conselho, a Agência Internacional de Prevenção à
Cegueira, ligada à Organização Mundial da Saúde (OMS), estima que pelo menos
100 mil crianças brasileiras têm alguma deficiência visual e 33 mil ficaram
cegas por causa de doenças oculares que poderiam ser evitadas ou tratadas caso
descobertas precocemente.
A visão do seu filho.
Normalmente, quando os sinais
“aparecem” a doença já está bastante avançada. É muito difícil os pais
perceberem os problemas em sua fase inicial. Por isso, as avaliações de rotina
são fundamentais. “Os sinais mais perigosos indicativos de doença ocular são o
aparecimento de um reflexo esbranquiçado nas fotografias, assimetria do reflexo
vermelho do flash entre os olhos e estrabismo (desvio dos olhos)”, enumera Dra.
Rosane.
Outros sinais de que a visão do
seu filho não vai bem são dores de cabeça frequentes, franzir a testa e apertar
os olhos para ler e a necessidade se sentar muito próximo ao quadro-negro na
escola ou à televisão.
Todos esses “sintomas” podem ser causados por erros de
refração (miopia, hipermetropia e astigmatismo).
Além disso, a criança com erro de
refração tende a ser mais lenta no desempenho escolar, pode apresentar
dificuldade de concentração e desinteresse nas atividades. “Algumas vezes as
crianças tem o diagnóstico errôneo de hiperatividade, quando na verdade tem
hipermetropia alta, dificuldade na visão de perto. Crianças com miopia alta já
foram inclusive confundidas com autistas, pois por não estarem enxergando nada
além de 50 cm, se tornam introspectivas, quietas e com dificuldades de
relacionamento.”
A dica da oftalmologista
pediátrica é levar a criança para fazer uma avaliação oftalmológica completa de
seis em seis meses até completar dois anos de idade, e depois marcar exames
anuais até os 10 anos ou sempre que houver necessidade. Além disso, a médica
recomenda que os pais restrinjam o tempo de uso dos aparatos tecnológicos. “O
importante é estimular brincadeiras ao ar livre, de preferência em locais
abertos como parques”, conclui.
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