FONTE: Do UOL, em São Paulo (noticias.uol.com.br).
Uma pesquisa mostra
que os teores de acrilamida, substância associada a um risco maior de ter
câncer, variam bastante entre produtos do mesmo grupo vendidos nos
supermercados brasileiros, apesar de não haver nenhuma lei ou regra que regule
o assunto.
Formada durante o aquecimento de alimentos ricos em carboidratos a
temperaturas acima de 120° C, a acrilamida é classificada como "provável
cancerígeno" pela Agência Internacional de Pesquisa em Câncer, ligada à
Organização Mundial da Saúde.
A Proteste Associação
de Consumidores analisou 51 produtos de oito categorias de alimentos – batata
frita, batata chips, biscoito doce e salgado, biscoito cream cracker, pão
francês, salgadinhos e torradas – e constatou que o pão francês e os biscoitos
doces e salgados são os campeões em teor da substância.
Apesar de não haver
consenso sobre os níveis considerados seguros à saúde e, portanto, não haver
legislação sobre o tema, a Proteste decidiu pedir à Agência Nacional de
Vigilância Sanitária (Anvisa) a elaboração de um código de boas práticas para
que os fabricantes revejam seus processos de fabricação e cumpram metas para a
redução da substância.
Em um informe técnico divulgado em 2007, a Anvisa esclarece que não existem
evidências suficientes sobre a quantidade de acrilamida presente nos diferentes
tipos de alimentos para recomendar que se evite algum deles em particular. Mas
sugere que itens ricos em amido não sejam cozidos por muito tempo a
temperaturas superiores a 120° C.
Resultados.
A Proteste detectou
que o pão francês da marca Extra contém a maior quantidade da acrilamida, 225
microgramas por quilo, enquanto o do Carrefour tem 111.
Entre os biscoitos
doces, o Passatempo tem menos de 100 microgramas por quilo, enquanto o Adria
tem 1.110. Já entre os salgados, o da Nestlé Nesfit tem 1.060 microgramas por
quilo e o Club Social, 526. O biscoito cream cracker da Mabel apresenta 448
microgramas por quilo, e o Richester, 210.
A batata frita do
Habib's contém a maior quantidade de acrilamida, 496 microgramas por quilo, e a
do Bob's a menor, com 100. Entre as batatas chips, a Stax tem 765 microgramas
por quilo e a Ruffles, 243.
O salgadinho da
Cheetos tem menos de 100 microgramas da substância e o Pingo D'Ouro, 393. A
torrada da Plus Vita tem 244 microgramas de acrilamida por quilo, enquanto a da
Visconti tem 102.
Outro lado.
O UOL Saúde contatou
os fabricantes dos produtos com maiores índices de acrilamida para comentar o
resultado da pesquisa. A M.Dias Branco, responsável pelas marcas Adria e
Richester, ressaltou que, "de acordo com a Anvisa, a formação de
acrilamida ocorre naturalmente em alguns tipos de alimentos ricos em
carboidratos e que necessitam de altas temperaturas para o seu preparo. Por
isso a substância pode estar presente tanto em alimentos preparados em casa
quanto em produtos processados".
A empresa também
informou que adota as Boas Práticas de Fabricação em todas as linhas de
produção e acompanha a discussão sobre o tema junto às entidades científicas e
governamentais. "A companhia adota rígidos controles de qualidade em todos
os seus produtos e segue a legislação e as normas da vigilância
sanitária".
Como evitar.
Em sua revista
mensal, a Proteste sugere que o ideal é evitar o consumo de altas quantidades
de acrilamida. Uma dica da entidade é dar preferência às batatas cozidas, em
vez das fritas. E, ao cozinhar ou fritar, é recomendável deixá-las com uma cor
amarelo dourado - a cor marrom, segundo pesquisadores, é um indicador da
presença de acrilamida. "A regra também vale para o pão e para as
torradas: prefira os mais clarinhos", diz a revista.
Outro conselho de
pesquisadores que é destacado pela Proteste é guardar as batatas em local
fresco e escuro, como o armário ou a despensa, em vez de deixá-la na geladeira.
Isso porque as temperaturas mais baixas podem aumentar a formação de acrilamida
no cozimento.
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