FONTE: Mirthyani Bezerra, Do UOL, em São Paulo (noticias.uol.com.br).
Os cuidadores, sejam
eles familiares ou amigos, são peças fundamentais no progresso do tratamento do
paciente com depressão. "Dependendo do grau da doença, a pessoa tem muita
resistência a procurar ajuda sozinha. A família é que a leva ao profissional e
que a motiva a não abandonar o tratamento", afirma o psicólogo e
coordenador do Programa de Estresse da Beneficência Portuguesa de São Paulo,
Armando Ribeiro.
Isso aconteceu com a
advogada Iole Maria Lorenzon, 65. Ela conta que quando a empresa do marido
faliu, em 2003, precisou enfrentar uma série de problemas, e isso foi o gatilho
que a fez desenvolver a doença. "Minha irmã também é depressiva e quando
me viu nessa situação, me levou para o psiquiatra dela." A filha de Iole,
a servidora pública Camila Gassibe, 31, conta que na época não entendeu o que a
mãe vivia. "Eu a percebi diferente e ela me dizia que tinha depressão.
Naquela época, eu não reagi da maneira que deveria, porque quem não tem não
entende o que o outro passa. Falava para ela levantar, tentar ver as coisas
boas da vida, como se isso ajudasse. E eu sofri pelo distanciamento da minha
mãe, que sempre foi uma pessoa alegre", diz.
Camila conta que só
conseguiu entender o que a mãe vivia quando teve depressão. "Faz dois anos
e meio. Eu morava no interior e aos poucos eu fui percebendo que algo estava
estranho comigo, mas não enxerguei de cara. Quando eu tive o diagnóstico, vi
que precisava voltar para cá (para São Paulo). Ela me abraçou, chorou e me
perguntou se agora eu entendia que não era falta de vontade. Tive muito apoio e
agora eu não preciso mais tomar remédio", diz.
O psicólogo Armando
Ribeiro afirma que quando a família entende o que o paciente enfrenta ela
consegue ajudá-lo cotidianamente. "Quem tem depressão enxerga tudo de
forma bastante pessimista e costuma construir histórias negativas sobre as suas
dificuldades. A família ajuda o paciente em tratamento a observar a vida por
outro prisma, a não transformar os problemas em um motivo devastador na vida
dela", diz.
As causas.
O histórico familiar
pode ser inclusive uma das causas da depressão. Segundo Ribeiro, o fator
genético existe, mas a doença só é desencadeada quando a pessoa vive um gatilho
emocional importante. "Traumas ou dificuldades na vida acabam fazendo com
que essa vulnerabilidade genética apareça", explica.
Nos idos da década de
1990, acreditava-se que a depressão era resultado da deficiência de alguns
neurotransmissores -- substâncias químicas produzidas pelos neurônios capazes
de transmitir informações a outras células --, como a serotonina e
noradrenalina. No entanto, de acordo com o médico psiquiatra do Gruda (Programa
de Transtornos Afetivos) do Instituto de Psiquiatria do HC-USP (Hospital das
Clínicas da Universidade de São Paulo), Fernando Fernandes, as alterações
biológicas que ocorrem no organismo são muito mais abrangentes. "Há
alterações no sistema endócrino, substâncias inflamatórias aparecem em
quantidades maiores no sangue e há alterações na morfologia (forma) do cérebro,
ou seja, algumas áreas do cérebro aparecem reduzidas. Além disso, é uma pessoa
mais propensa a sentir dor", diz.
Ainda de acordo com
Fernandes, não se fala em cura para a depressão. "É uma doença com alto
potencial de recorrência, mas se a pessoa se medicar, fizer terapia e,
complementar o tratamento, com atividades físicas e hábitos de vida mais
saudáveis, ela consegue controlar a doença e se manter estável", diz.
Veja os sintomas
mais comuns em quem sofre de depressão:
- Sensação
persistente de tristeza, angústia e/ou vazio;
- Desânimo
e choro;
- Desesperança
e pessimismo;
- Perda
da capacidade de sentir prazer;
- Inquietação,
ansiedade ou irritabilidade;
- Falta
de sentido na vida;
- Insegurança,
medos e indecisões;
- Baixa
autoestima;
- Diminuição
da libido;
- Perda
ou aumento do apetite e peso;
- Insônia
ou sonolência excessiva
- Dores
crônicas ou sintomas físicos difusos e persistentes;
- Preocupação
com doenças;
- Delírios
e alucinações em casos graves;
- Pensamentos
sobre morte ou suicídio;
- Plano
ou tentativa de suicídio.
Nenhum comentário:
Postar um comentário