FONTE: iG São Paulo, TRIBUNA DA BAHIA.
Prática de musculação exige cautela entre jovens;
risco de lesão é maior quando os músculos estão se desenvolvendo.
Na
adolescência, período em que a preocupação com o corpo aumenta, pode aflorar o
desejo de se matricular na academia e logo começar a fazer musculação para
definir e fortalecer os músculos. É nesse momento que muitos jovens e pais se
perguntam: a partir de que idade é recomendável praticar a musculação?
“Na
adolescência, o critério ‘idade’ perde um pouco a importância porque o
crescimento está relacionado diretamente com o desenvolvimento puberal”,
explica Ligia de Fátima Nóbrega Reato, professora titular de hebiatria –
medicina do adolescente – da Faculdade de Medicina do ABC (FMABC).
A
médica esclarece que a musculação só está completamente autorizada a partir do
momento que o adolescente atinge o penúltimo estágio do desenvolvimento
puberal, quando os músculos já estão bem desenvolvidos: “Baseados em dados de
média populacional, a maioria das academias estabelece 16 anos como idade
mínima para se iniciar a prática física”.
Riscos.
Cristiano
Parente, educador físico e coach, defende que os exercícios físicos, inclusive
a musculação, são sempre interessantes para adolescentes, principalmente se ele
pratica algum esporte. Apesar disso, acredita que a atividade física deve ser
mais controlada e, às vezes, adaptada. “O primeiro limitador é o tamanho do
adolescente. Os equipamentos de academia são feitos para pessoas com mais de
1,5 metro”, aponta.
Além
disso, a intensidade, a frequência e o número de repetições devem ser
reduzidos, por isso Cristiano salienta a importância do monitoramento dos
exercícios, que é ainda mais necessário para os adolescentes.
Segundo
Ligia, o maior risco físico da musculação precoce é a lesão por causa de
sobrecarga de peso. A chance de o problema acontecer é maior no período em que
os músculos ainda estão se desenvolvendo.
Visita à academia.
O
ambiente da academia, predominantemente frequentado por adultos, também merece
a atenção dos pais. Cristiano considera imprescindível uma visita ao local
antes da matrícula.
“Muitas
vezes o ambiente é agressivo. E é importante perceber a questão motivacional.
Pode ser que o adolescente tenha um desempenho melhor em atividades em grupo,
que envolvam jogos, do que em exercícios de repetição, por exemplo”, diz.
Outro
fator que deve ser levado em consideração quando o jovem começa a fazer
musculação é o imediatismo característico da adolescência, que pode refletir no
treino. O desejo de hipertrofiar apenas alguns músculos – geralmente os do
braço – pode levar a um treino errado se o adolescente não tiver o acompanhamento
correto de um educador físico.
“O
ideal seria fazer uma musculação que trabalhasse o corpo de uma forma global, e
não só certos grupos musculares”, comenta Ligia.
Este
mesmo imediatismo pode fazer com que o jovem procure suplementação alimentar
que, na maioria das vezes, não é indicada. “Em geral, conseguimos os nutrientes
que precisamos via alimentos normais, não precisamos de nenhum suplemento”,
conta Cristiano.
Em
casos extremos, o adolescente pode até procurar por esteroides anabolizantes,
que são ilegais e muito prejudiciais a saúde. A atenção e aconselhamento dos
pais e profissionais é fundamental para impedir essas atitudes.
Precaução.
A
hebiatra recomenda que quando um adolescente demonstrar vontade de fazer
musculação, os responsáveis o levem ao médico especialista, que pode ser o
pediatra, o hebiatra, o endocrinologista ou até mesmo um médico do esporte,
para que o profissional avalie vários aspectos de desenvolvimento do jovem,
além dos que são exigidos em um atestado comum de aptidão para fazer exercícios
físicos.
“Um
hebiatra vai procurar saber qual é o objetivo do adolescente e verificar se é
saudável ou se tem um exagero”, alerta a médica.
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