FONTE: TRIBUNA
DA BAHIA.
Considerado a 3ª maior causa de morte evitável no
globo, o problema pode desencadear doenças como câncer de pulmão e doença
pulmonar obstrutiva crônica (DPOC)
Problema
que representa um importante fator de risco para o desenvolvimento de
diferentes tipos de doenças, o tabagismo atinge, no Brasil, principalmente os
homens - 12,8% deles fumam -, e é prevalente na faixa etária de 45 a 54 anos
(13,2%), de acordo com o Instituto Nacional de Câncer (INCA).
Porém,
a condição afeta não só quem fuma e é bastante prejudicial também aos fumantes
passivos.
Segundo
a Organização Mundial da Saúde (OMS), o tabagismo passivo é considerado
a 3ª maior causa de morte evitável no mundo, atingindo cerca de 2
bilhões de pessoas.
A
fumaça que sai do cigarro e se difunde no ambiente passa a obter até 50 vezes
mais substâncias cancerígenas do que a fumaça inalada pelo fumante.
Dessa
forma, a exposição involuntária pode representar um importante fator de risco
para o desenvolvimento de, desde reações alérgicas, quando a inalação acontece
em curtos períodos, como rinite, tosse e conjuntivite, até doenças crônicas não
transmissíveis (DCNT), principalmente em adultos, quando a exposição ocorre por
longos períodos.
Reações
alérgicas, bronquites e infecções no ouvido e nos olhos são mais comuns
em crianças, as quais representam 40% das vítimas do fumo passivo no
Brasil e 700 milhões das vítimas no mundo, de acordo com a OMS.
Já
entre as doenças mais comuns em adultos, junto ao câncer de pulmão e as
cardiovasculares, está a doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC), que se
desenvolve a partir da exposição prolongada dos brônquios (estrutura que leva o
ar para dentro dos pulmões) às substâncias tóxicas contidas nas fumaças, sendo
a do cigarro responsável por 90% dos casos.
De
acordo com o INCA, a fumaça do cigarro possui aproximadamente 4.720
substâncias tóxicas diferentes que se constituem em duas fases
fundamentais: a gasosa e a particulada. A primeira contém,
entre outros, o monóxido de carbono, que dificulta a oxigenação do sangue.
Já a
segunda possui alcatrão, um composto de mais de 40 substâncias
comprovadamente cancerígenas, formado a partir da combustão dos derivados do
tabaco, e nicotina, considerada uma droga psicoativa que causa dependência
e age no sistema nervoso central como a cocaína, por exemplo, só que de maneira
mais rápida: chega ao cérebro em torno de 7 a 19 segundos.
Segundo
o Dr. Oliver Nascimento, pneumologista e presidente da Sociedade Paulista
de Pneumologia e Tisiologia (SPPT), "para tratar a DPOC, existem
medicamentos broncodilatores de diferentes tipos, que são utilizados de acordo
com a gravidade de cada caso. Os quadros mais graves podem requerer um
tratamento que associa os broncodilatadores aos medicamentos
anti-inflamatórios. Para os que apresentam processo infeccioso, uma das formas
de tratamento é o uso do antibiótico a base de moxifloxacino, ocasionando na
melhora de 70% dos pacientes já no terceiro dia."
Um
estudo da University College London, no Reino Unido, ao avaliar os níveis de
nicotina na saliva de fumantes e não fumantes sem histórico de doenças mentais,
constatou também que a maior exposição ao cigarro aumentava em 50% as
chances de aparecimento de algum tipo de sofrimento psicológico, como depressão
e transtornos de ansiedade, número que aumenta proporcionalmente à quantidade
de gases tóxicos inalados.
Apesar
do cenário, dados do Vigitel 2014 trazem esperança, mostrando que o
percentual de brasileiros que fumam caiu 30,7% nos últimos nove anos.
Atualmente, apenas 10,8% dos brasileiros fumam e, de acordo com o Ministério da
Saúde, cerca de 25% de homens e 17% de mulheres se declaram ex-fumantes.
"De
maneira geral, a consciência de que o hábito de fumar causa diferentes tipos de
males e doenças não só para quem fuma, mas para quem convive junto, tanto em
ambientes abertos como fechados, é imprescindível. Quanto mais as pessoas têm
ciência do estrago causado pelo tabagismo, mais estarão livres de uma má
qualidade de vida", complementa Dr. Oliver.
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