FONTE: *** Jairo Bouer (doutorjairo.blogosfera.uol.com.br).
Os genes exercem um papel importante,
a longo prazo, para o desenvolvimento da ansiedade social, um problema comum
que faz muita gente evitar o relacionamento com outras pessoas. Mas os fatores
ambientais têm mais impacto a curto prazo, segundo um estudo realizado pelo
Instituto de Saúde Pública da Noruega. Isso significa que experiências
traumatizantes que levam ao problema, como o bullying, por exemplo, podem ter
efeito passageiro.
Os pesquisadores analisaram cerca de
3.000 gêmeas para tentar descobrir se a ansiedade social é mais influenciada
por fatores genéticos ou ambientais. As mulheres foram entrevistadas em duas
ocasiões – na primeira, elas tinham por volta de 20 anos. Na segunda, cerca de
30 anos.
A ansiedade ou fobia social é um
transtorno conhecido pelo início precoce, na infância ou na adolescência. É
difícil alguém desenvolver o problema só mais tarde, após os vinte e poucos
anos.
A principal característica do
transtorno é o medo de ser avaliado negativamente em situações sociais.
Dependendo das circunstâncias, isso é normal, mas vira doença quando chega a
afetar demais a vida da pessoa, a ponto de ela evitar qualquer tipo de
interação social. Alguns indivíduos chegam a passar mal quando têm de assinar
um cheque em público, por exemplo, ou responder a uma pergunta na sala de aula.
A condição gera angústia de traz comprometimento para a vida pessoal e
profissional, além de ser um fator de risco para o uso de álcool e drogas.
O trabalho mostrou que menos de 4%
das mulheres apresentava o transtorno por volta dos 20 anos. Outras 10% tinham
sintomas que não configuravam o diagnóstico. Dez anos mais tarde, 5% das
participantes e pouco menos de 9%, respectivamente, apresentavam ansiedade
social ou sintomas.
Nem todas as mulheres que
apresentavam o transtorno aos 30 tinham sido diagnosticadas aos 20, o que
surpreendeu os pesquisadores. Eles perceberam que a ansiedade social é menos
estável do que o imaginado, o que é uma boa notícia para quem sofre do
problema.
Existem traços de personalidade que
podem levar à doença, como introversão e baixa estabilidade emociona, que são
influenciados pela genética. No entanto, questões ambientais têm maior impacto
no curto prazo. Em outras palavras, uma pessoa pode vir a sofrer de ansiedade
social porque sofreu bullying na adolescência, por exemplo, mas só vai
continuar com o transtorno dez anos depois se ela tiver, de fato, uma propensão
genética.
É bom ressaltar que mesmo aqueles que
herdaram essa tendência têm grandes chances de superar o transtorno, já que as
terapias para ansiedade social costumam ter bons resultados. Elas envolvem
expor o paciente a situações sociais simuladas, para fazer com que consiga
vencer o medo, aos poucos.
Jairo Bouer é médico formado pela Faculdade de Medicina da
Universidade de São Paulo, com residência em psiquiatria no Instituto de
Psiquiatria da USP. A partir do seu trabalho no Projeto Sexualidade do Hospital
das Clínicas da USP (Prosex), passou a focar seu trabalho no estudo da
sexualidade humana. Hoje é referência no Brasil, para o grande público, quando
o assunto é saúde e comportamento jovem, atendendo a dúvidas através de
diferentes meios de comunicação.
Sobre o blog.
Neste
espaço, Jairo Bouer publica informações atualizadas e opiniões sobre saúde,
sexo e comportamento.
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