Uma campanha britânica está propondo às pessoas que
passem 31 dias sem consumir álcool, defendendo que a prática traz benefícios à
saúde que vão de perda de quilos extras a um sono melhor.
A iniciativa, chamada Dry
January ("Janeiro
seco", em tradução literal), ganhou a adesão do médico e apresentador da
BBC Michael Mosley.
Para mostrar os efeitos do álcool nos processos químicos
de seu corpo, Mosley se submeteu a uma série prévia de exames de sangue e fará
outra rodada assim que o desafio chegar ao fim.
Enquanto os resultados não saem, Mosley conversou com
especialistas para descobrir a verdade sobre mitos espalhados há décadas – ou
por séculos? – a respeito dos efeitos do consumo de álcool, alguns deles
relacionados a supostos benefícios à saúde.
Confira,
abaixo, respostas para quatro deles:
1) 'Beber moderadamente não faz
mal'.
Infelizmente, explica Mosley, qualquer quantidade de
álcool que você ingerir irá provocar um aumento nos riscos de desenvolver
algumas formas de câncer – particularmente câncer de mama –, incluindo algumas
ocorrências mais raras da doença, em partes do corpo como cabeça, pescoço e
garganta.
É claro que esses riscos são menores quando se bebe
moderadamente, mas eles tendem a crescer bastante rápido conforme a ingestão de
drinques avance.
O apresentador da BBC conversou com o professor Tim
Stockwell, diretor do Centro de Pesquisas sobre Dependência Química da
Universidade de Victoria, no Canadá. O pesquisador tem prestado consultoria a
diversos governos, inclusive o de seu país, sobre recomendações a respeito do
consumo dessas bebidas.
Segundo a apuração de Michael Mosley, beber moderadamente
também é prejudicial.
Ele acredita não haver nenhuma vantagem bioquímica no
hábito de beber, embora reconheça que o consumo moderado possa trazer eventuais
"benefícios sociais".
"Há ao menos 60 formas diferentes de o álcool te
fazer mal ou matar", afirmou. "E não apenas por meio de doenças
óbvias, como as de fígado."
Segundo Stockwell, o consumo de bebidas alcoólicas, em
qualquer quantidade, aumenta o risco de mulheres desenvolverem câncer de mama.
"Teríamos 10% a menos de mortes no mundo por causa
dessa doença se ninguém bebesse", alerta.
Para ele, os estudos que apontam que beber moderadamente
não faz mal consideram como abstêmios até mesmo ex-alcoólatras e pessoas de
saúde ruim, o que prejudica seus resultados.
2) 'Tomar vinho tinto faz bem para
você'.
É quase uma tradição: há tempos, ouve-se dizer que beber
vinho tinto faz o coração funcionar muito melhor – idosos de algumas parte do
mundo, por exemplo, atribuem a longevidade ao hábito de tomar uma taça antes
das refeições.
A verdade é que as uvas, e por consequência o vinho, têm
uma substância chamada resveratrol, que, segundo estudos, diminui os níveis de
um tipo de colesterol que pode se acumular nas paredes dos vasos sanguíneos, e,
no limite, causar obstruções e doenças cardiovasculares.
O problema, afirma Mosley, é que esse benefício só é
alcançado com o consumo de uma quantidade muito grande de vinho. E os
malefícios desse hábito seriam tão grandes, incluindo os riscos de câncer
citados acima, que essa vantagem ficaria pequena perto dos potenciais
malefícios.
3) 'Misturar bebidas te deixa mais
bêbado'.
Na verdade, explica Mosley, não interessa muito que tipos
de álcool há nos drinques que você está bebendo: o resultado será o mesmo.
Uma das exceções é quando é feito o uso de bebidas com
bolhas, como champanhe, por exemplo.
O motivo é que elas relaxam os músculos que controlam a
passagem de álcool e comida entre o estômago e o intestino delgado, onde as
substâncias passam a ser absorvidas pelo organismo.
Ou seja, se você tomar champanhe e, logo em seguida,
partir para a cerveja, essa segunda bebida chegará ao intestino delgado, te
deixando bêbado muito mais rápido.
4) 'Cafeína ajuda a melhorar da
bebedeira'.
Trata-se de outro mito, de acordo com o apresentador da
BBC.
Segundo Mosley, todo o álcool que você consumiu vai
continuar no seu corpo até ser totalmente metabolizado, mesmo que você tome uma
jarra inteira de café na manhã seguinte.
O máximo que a cafeína pode fazer é te deixar um pouco
mais desperto durante a ressaca.
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