FONTE: Acorda Cidade, TRIBUNA DA BAHIA.
Dieta equilibrada ajuda a
minimizar os sintomas da variação hormonal.
Desconforto,
irritação, cólicas...qual mulher nunca enfrentou os sintomas clássicos da TPM?
Apesar de rotineiro, o período que antecede a menstruação pode causar diversos
incômodos físicos e emocionais na ala feminina. Bastante variável, a síndrome
pode se apresentar de forma diferente em cada mulher – algumas podem,
inclusive, nem sentir os efeitos dessa etapa. Porém, a grande maioria – 80%
somente entre as brasileiras – sabe o quanto os sintomas desse período podem
atrapalhar a rotina. Ainda que sua ocorrência seja completamente normal e faça
parte das manifestações fisiológicas do corpo feminino, algumas medidas podem
ser tomadas afim de tornar a convivência com a TPM melhor: um estilo de vida
saudável e, sobretudo, a alimentação balanceada podem minimizar os seus efeitos
adversos e tornar seus sinais mais brandos.
Gangorra hormonal.
Não é
invenção do universo feminino – os sintomas típicos dessa síndrome tem razões
fisiológicas. Desde o início do ciclo menstrual, que se inicia no primeiro dia
de fluxo, os hormônios femininos estrogênio e progesterona tem alterações
intensas nos seus níveis, chegando à picos e declínios entre o início e o fim
do período. Quando a fase conhecida como TPM se aproxima, esses hormônios
chegam ao nível mais baixo de produção, e toda essa “gangorra hormonal” é a responsável
pelas variações de humor e sintomas físicos na mulher.
No
período que antecede a menstruação, a produção de serotonina também é
prejudicada. Esse neurotransmissor – conhecido também como “hormônio do bem
estar”, sofre influência direta da baixa dos hormônios sexuais e as
consequências são visíveis: a mulher fica emotiva, ansiosa, impaciente e até
mesmo depressiva. Além disso, o aumento das prostaglandinas – mediadores
químicos dos neurotransmissores – surte efeitos físicos no corpo: presentes em
diversas áreas do corpo, inclusive no útero, são eles os responsáveis pelo
aumento da sensibilidade nas mamas, dores de cabeça, dores no corpo e as
incômodas cólicas.
Tipos e sintomas:
Como a
ação desses hormônios difere em cada organismo e até mesmo a cada ciclo, os
sinais da TPM costumam variar significativamente em cada mulher. Em vista
disso, existe uma classificação dos diferentes tipos de TPM e os sintomas
associados, sendo que uma mulher pode apresentar nenhum, alguns ou até mesmo
todos eles. Conhecê-los é essencial para que se adote hábitos que ajudem a
combater esses efeitos:
TPM A –
ansiedade: com a queda do estrogênio, o stress fica em alta devido ao aumento
do cortisol. É comum que a mulher fica propensa à irritabilidade, tensão e
apresente até mesmo dificuldade para se concentrar ou dormir;
TPM C –
compulsão alimentar: quem sofre desse tipo de TPM costuma apresentar um desejo
maior por lanches e guloseimas durante esses dias. Isso acontece porque o
organismo apresenta uma necessidade energética maior durante essa fase. Além
disso, o “mecanismo de recompensa” do cérebro vai buscar alimentos capazes de
suprir essa necessidade da forma mais rápida, através de alimentos de alto
índice glicêmico;
TPM D –
depressão: as mulheres que enfrentam esse tipo de tensão pré menstrual costumam
sofrer com a queda da auto estima durante esse período, também se irritam com
maior facilidade, ficam pessimistas e podem até mesmo apresentar sintomas
depressivos – tudo em decorrência da queda da produção de serotonina;
TPM H –
inchaço: essa categoria está relacionada ao inchaço acentuado e maior
sensibilidade nas mamas e em diversas regiões do corpo. Isso ocorre devido à
tendência à maior retenção de líquidos durante esse período, que pode
influenciar até mesmo sob o peso;
TPM O –
outros sintomas: com diversos agentes influenciando no funcionamento do
organismo feminino, é comum que sintomas diversos também estejam presentes:
enjoos, náuseas, dores pelo corpo, aumento da acne, e até mesmo queda da
imunidade são sintomas relacionados que podem tornar esses dias ainda mais
árduos.
Cardápio anti-TPM.
Apesar
de cíclica, a TPM pode ser menos fatídica para as mulheres: um estilo de vida
saudável e bons hábitos alimentares são grandes aliados na luta contra este
incômodo mensal. De acordo com a nutricionista Sinara Menezes da Nature Center
“Mesmo que boa parte dos sintomas sejam resultantes de agentes fisiológicos, é
possível preparar o organismo e oferecer, através da alimentação, nutrientes
que atenuem a queda de determinadas substâncias, principalmente a serotonina e
a endorfina.” – explica. Para a profissional, um cardápio balanceado, rico em
determinados micronutrientes pode melhorar tanto aspectos emocionais quanto
físicos. Veja quais alimentos não podem faltar nessa dieta:
Consuma
alimentos de baixo índice glicêmico: esses alimentos são capazes de estabilizar
a glicose e fornecer energia de forma mais lenta. Combatem a queda brusca do
açúcar no sangue e evitam a fome abrupta que leva à compulsão alimentar.
Consumir grãos como a lentilha, a ervilha e a soja são boas opções de
carboidratos complexos com baixo índice glicêmico capazes de prolongar a oferta
de glicose no organismo.
Aposte
nas fibras: cereais como aveia, o arroz integral e o milho beneficiam o
trânsito intestinal por possuírem estrutura mais complexa. Ajudam a combater
possíveis constipações e inchaços. Além disso, também fornecem energia de forma
mais lenta, mantendo a saciedade por mais tempo.
Enriqueça
seu prato com triptofano: esse agente precursor da serotonina auxilia na
produção do hormônio do bem estar, combatendo às crises de depressão e
ansiedade. “Invista em alimentos como o salmão, atum, e queijo – além de ricos
em triptofano são boas fontes de proteína animal. Porém, também existem opções
de origem vegetal como a banana, o abacate e oleaginosas.” – indica Sinara.
Invista
em hortaliças: esses alimentos são ricos em vitaminas e sais minerais
importantes para o organismo. Vegetais como a cenoura, a abóbora o brócolis e o
espinafre a são ricos em cálcio, magnésio e vitamina A e vitamina B6. Esses
minerais e vitaminas normalmente ficam em baixa durante o período menstrual e
podem estar associados à diversos males dessa fase;
Conte
com os antioxidantes: por possuírem propriedades anti-inflamatórias e
antienvelhecimento, esses alimentos podem ajudar a minimizar sintomas como
inchaço, acne, e alterações de humor. “O óleo de prímula, o salmão e a linhaça
são ótimas fontes de ácidos graxos eficazes no combate a diversos males do
organismo.”
Hidrate-se adequadamente: tanto para evitar o inchaço,
quanto para auxiliar na digestão das fibras presentes na alimentação. É
importante hidratar-se regularmente ao longo do dia, evitando beber muito
líquido após as refeições. Como o corpo está em trabalho intenso, é importante redobrar
o cuidado com a ingestão de líquidos, optando pelas bebidas mais leves como
água de coco, chás relaxantes e, indispensavelmente, a própria água;
O que evitar.
Assim
como existem os alimentos que podem funcionar como um “santo remédio”, também
tem aqueles que agem como vilões, potencializando os efeitos adversos da TPM.
De acordo com a nutricionista é importante evitar alimentos que agravem a
sensibilidade do corpo feminino “Alimentos industrializados, frituras e doces
possuem alto teor de sódio, gorduras e açúcares que podem aumentar tanto o
inchaço quanto fazer de fato, a mulher ganhar mais peso. É preciso tomar muito
cuidado com o sal, inclusive nas preparações caseiras. Além disso, deve-se
evitar o consumo de bebidas à base de cafeína pois eles podem agravar sintomas
como a irritabilidade, dores de cabeça e insônia.” – aponta Sinara.
Chá verde faz mal?
De
acordo com a nutricionista, se a mulher fizer uso de chás com alta concentração
de cafeína como o chá verde por exemplo, deve consumi-lo em menor quantidade ou
optar por alternativas de efeito similar como o chá de hibisco, por exemplo. “A
ingestão de qualquer bebida ou suplemento à base de cafeína deve ser moderada,
e principalmente evitada no final do dia para não atrapalhar o sono.” – explica.
Chocolate é permitido?
Possivelmente
um dos maiores desejos das mulheres durante esse período, a vontade quase
incontrolável de comer chocolate está relacionada à queda da serotonina. Esse
alimento, além de delicioso, é capaz de estimular a produção desse
neurotransmissor. E, de acordo com a nutricionista, apesar de ser um doce,
existe uma forma saudável de incluí-lo na dieta: “O ideal é procurar os
chocolates com a maior concentração de cacau possível, acima dos 50%. É
importante olhar sempre a tabela de ingredientes para garantir que o cacau seja
o primeiro ingrediente da lista, o que garante sua alta concentração; e
procurar versões com pouca açúcar e gordura.” – aconselha Sinara.
Hábitos indispensáveis.
Para
finalizar, a profissional aponta que é essencial que a dieta de combate à TPM
não seja seguida apenas nos dias em que ela se manifesta. “Manter uma dieta
balanceada durante todo o mês é essencial para que os nutrientes surtam efeito
e para que o organismo se beneficie da ingestão desses alimentos. Até mesmo
porque essa síndrome é cíclica e presente praticamente durante toda a vida
reprodutiva feminina.” Da mesma forma, praticar exercícios físicos contribui
para a redução dos sintomas e o ganho de qualidade de vida. E o mais
importante: o acompanhamento médico regular é indispensável para assegurar a
saúde e bem estar da mulher.
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