sábado, 30 de julho de 2016

UMA HORA DE ATIVIDADE FÍSICA COMPENSA OITO HORAS SENTADO...

FONTE: Redação, CORREIO DA BAHIA.


Tá sentado em casa sem fazer nada? Se ligue!
Uma hora de atividade física moderada diária, como uma caminhada acelerada ou uma pedalada casual, seria o suficiente para compensar os malefícios à saúde trazidos por passar oito ou mais horas sentado durante o dia, rotina comum de muitos trabalhadores ao redor do planeta. A conclusão é de um estudo publicado esta semana na prestigiada revista médica “The Lancet” como parte de nova série especial que mostra o fardo global do sedentarismo tanto no bem-estar pessoal quanto na economia global.
Lançada às vésperas do início das Olimpíadas no Rio, onde milhares de atletas do mundo inteiro vão exibir os resultados de vidas dedicadas ao esporte, a série revisita o tema da inatividade - que aumenta as chances de desenvolvimento de diversas doenças como problemas cardiovasculares, cânceres e diabetes do tipo 2 e é apontada como fator de risco à saúde modificável tão importante quanto a obesidade e o tabagismo – quatro anos depois da publicação da sua primeira edição na revista, pouco antes dos Jogos de Londres em 2012, quando o sedentarismo foi apontado como uma “epidemia global” responsável por estimadas 5,3 milhões de mortes anuais.

Segundo outro dos estudos na nova série, que contabilizou pela primeira vez os custos globais do sedentarismo, a inatividade da população em geral acarreta em prejuízos de pelo menos US$ 67,5 bilhões anuais e a perda de 13,4 milhões de anos de vida saudável. Já um terceiro levantamento aponta que os governos o redor do mundo incrementaram a confecção e implantação de políticas de incentivo às atividades físicas nos últimos quatro anos, mesmo que os resultados delas ainda sejam incipientes, com 23% da população adulta global e 80% dos adolescentes nas escolas não cumprindo o mínimo de 150 minutos de exercícios moderados semanais recomendados pela Organização Mundial da Saúde (OMS).
Assim, ganham força e importância a adoção de “estratégias inteligentes” que estimulam ou até obriguem as pessoas a serem mais ativas, com exemplos que são destaques do quarto e último artigo da nova série. Entre eles está o sistema BRT de Curitiba, em que as estações um pouco mais afastadas umas das outras que os pontos de ônibus “normais” fazem os usuários caminharem mais na sua rotina diária.
“O mundo precisa levar a sério a atividade física”, alertam Pamela Das e Richard Horton, respectivamente editora-executiva da série e editor-chefe da “Lancet”, em comentário que acompanha os estudos na revista. “E isso significa dinheiro – para capacitação dos departamentos de saúde pública realizarem a vigilância adequada, parcerias entre setores, intervenções, monitoramento de políticas e pesquisas, em especial sobre o custo-benefício das intervenções. Há grandes evidências da necessidade de ação para aumentar a atividade física, quais ações são mais promissoras e quem precisa estar envolvido. Mas a capacitação e o investimento continuam insuficientes, pois a atividade física não é levada a sério o bastante para subir ao topo das prioridades de financiamento”.
E um exemplo do tipo de trabalho neste sentido é justamente o primeiro estudo da série. Após um extenso levantamento nas principais bases de dados de pesquisas relacionadas à saúde no mundo, cientistas liderados por Ulf Ekelund, da Escola Norueguesa de Ciências Esportivas e da Universidade de Cambridge, no Reino Unido, identificaram apenas 16 estudos com informações sobre a quantidade de tempo que as pessoas passavam sentadas no dia, o quão ativas elas eram e um acompanhamento posterior que variou de dois a 18 anos.
Ao todo, os cientistas analisaram dados sobre pouco mais de 1 milhão de pessoas, das quais quase 85 mil morreram nos períodos das respectivas pesquisas. Eles então harmonizaram os dados dos 16 estudos e separaram o conjunto total de pessoas em quatro grandes grupos (quartis) de mesmo tamanho em duas categorias: as que passavam mais e menos tempo sentadas durante o dia, entre menos de quatro horas a de quatro a seis horas, seis a oito horas e mais de oito horas; e seu nível de atividade física, expressada numa unidade de horas de tarefa metabólica equivalente por semana (MET-h por semana).

Cruzando as informações sobre estes grupos e a mortalidade, os pesquisadores observaram que pessoas que passavam oito ou mais horas do dia sentadas mas que também estavam no topo do ranking das mais ativas, com 35,5 MET-h semanais ou mais - o equivalente a atividades moderadas como caminhar a uma velocidade de 5,6 km/h ou andar de bicicleta a 16 km/h de 60 a 75 minutos diários -, tinham um risco de morte muito inferior ao de pessoas que ficavam sentadas por menos horas mas eram sedentárias. Segundo os cientistas, as análises sugerem que a atividade física é importante independente da quantidade de tempo que se passa sentado durante o dia, com a alta no risco de morte associada a longos períodos sentado sendo eliminada nas pessoas que faziam um mínimo de 60 minutos de atividades moderadas diárias.

"Há uma grande preocupação com os riscos associados aos estilos de vida mais sedentários de hoje", lembra Ekelund. - Mas nossa mensagem é positiva: é possível reduzir, ou mesmo eliminar, estes riscos se formos ativos o bastante, mesmo que não pratiquemos um esporte regularmente ou frequentemos uma academia. Para muitas pessoas que vão de casa para o trabalho e do trabalho para casa e têm empregos baseados em escritórios, não há maneira de escapar de ficar sentado por longos períodos de tempo. Para estas pessoas em particular, não podemos deixar de destacar a importância de praticar exercícios, seja saindo para uma caminhada na hora do almoço, correndo de manhã ou indo de bicicleta para o trabalho. Uma hora de atividade física por dia é o ideal, mais se isso não é possível, pelo menos fazer algum exercício diário pode ajudar a diminuir o risco.

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