De acordo com dados da International Stress Management
Association no Brasil (ISMA-BR), 72% dos brasileiros sofrem alguma sequela
devido ao estresse, 30% deles tem a doença em um nível grave, conhecido como
Síndrome de Burnout. Essa enfermidade afeta o organismo de várias formas, o que
causa um impacto direto na saúde bucal.
André Pelegrine (CROSP 61927) coordenador dos cursos de
Especialização e Mestrado em Implantodontia e Prótese da Faculdade São Leopoldo
Mandic, afirma que em muitos casos o estresse não consiste na causa primária,
mas atua como um grande coadjuvante no processo das disfunções. “Quando a
pessoa está estressada, sua auto estima diminuí. A maioria deixa de se cuidar,
de realizar a higiene bucal e até de se alimentar”, afirma Sidney Rafael das
Neves (CROSP 49309), especialista em Cirurgia e Traumatologia Buco-Maxilo-Facial.
Em uma situação de estresse permanente, hormônios como o
cortisol e a hidrocortisona circulam em maior quantidade e de forma contínua,
desregulando o sistema imunológico, como explica João Paulo Tanganeli (CROSP
27786), presidente da Câmara Técnica de Disfunção Temporomandibular e Dor
Orofacial do Conselho Regional de Odontologia de São Paulo. Com as defesas do
organismo prejudicadas, e os comportamentos de risco que o estresse pode
provocar, como o aumento de consumo de cigarro e bebidas alcoólicas, a boca se
torna o cenário perfeito para disfunções como bruxismo, xerostomia, herpes,
periodontite e aftas.
A falta de higiene e a consequente ação das bactérias que
aderem aos dentes quando a escovação não é feita da maneira correta, somada à
liberação de hormônios, que também altera a microcirculação sanguínea, favorece
o desenvolvimento da periodontite, uma inflamação na parte interna da gengiva.
Já o bruxismo, que geralmente causa dores musculares e de cabeça, é muito comum
em pessoas estressadas também durante o dia. Essa disfunção é conhecida como
bruxismo em vigília.
A queda na imunidade impacta na renovação celular da
mucosa bucal e é uma das causas do surgimento de herpes e aftas. As alterações
químicas decorrentes do estresse também causam a diminuição do neurotransmissor
acetilcolina, o que reduz a produção de saliva. Responsável por iniciar o
processo de digestão, remineralizar os dentes, facilitar a mastigação e
proteger a boca de bactérias, a saliva em falta causa xerostomia, ou seja, boca
seca, o que pode trazer diversas complicações.
Para evitar esses e outros distúrbios que o estresse pode
causar, os profissionais indicam um tratamento multidisciplinar, e também a
realização de atividades que tragam satisfação ao paciente, como esportes. “O
indivíduo precisa ser visto de maneira integral”, finaliza Tanganeli.
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