Hanga Roa, Chile, 19 Ago 2016 (AFP) -
Ana Maria Arredondo sucumbiu à febre do mel na Ilha de Páscoa. Desde a
divulgação de um relatório recente que declarou as abelhas de Rapa Nui livres
dos patógenos que dizimam suas congêneres no mundo todo, muito habitantes
decidiram se converter em apicultores, atraídos pelo grande potencial do
negócio.
A artista plástica conseguiu capturar um enxame silvestre com o que pretende entrar no negócio da apicultura na ilha chilena situada no Pacífico sul, a cerca de 3.700 km do continente.
Uma pesquisa recente realizada pelo Centro de Empreendimento Apícola da Universidade Mayor (CeapiMayor) com o apoio da Fundação para a Inovação Agrária (FIA) revelou que as abelhas da Ilha de Páscoa estão livres do ácaro Varroa destructor, do parasita Acarapis woodi (carrapato microscópico) e das bactérias Paenibacillus larvae e Melissococcus plutonius, as principais pragas que afetam as abelhas no mundo.
O fato de "estarem livres dos principais patógenos nos permite dizer que o estado sanitário das colmeias é único", afirma à AFP a diretora do CeapiMayor e veterinária Patricia Aldea Sánchez, que liderou a pesquisa encomendada pela Municipalidade da ilha e pela FIA.
Ante o alvoroço que essa notícia gerou na ilha, que vive fundamentalmente do turismo, a pesquisadora adverte sobre o risco de que a situação se descontrole e possa acabar com a galinha dos ovos de ouro.
Um quilo de mel rapa nui, que não tem denominação de origem, custa mais de 15 dólares em Santiago, embora até agora praticamente toda a produção fosse consumida na ilha. Uma colmeia pode produzir até 10 kg ao mês graças ao clima favorável e à quantidade de alimento, que fazem com que as abelhas produzam mel o ano todo.
Oportunismo "'Me preocupam os oportunistas que veem nisso um bom negócio", diz à AFP Aldea, alertando que a febre pela apicultura "aumenta a carga" para abelhas e colmeias.
Além da alta frequência com que se colhe o mel, a fim de aumentar a produção, o que mais preocupa a veterinária é que vem aumentando a "solicitação de entrada de abelhas do continente para reforçar a indústria" local.
"Se são inseridas abelhas do Chile ou de outra parte do mundo, podem trazer consigo doenças" e acabar com as populações locais.
As ameaças também chegam do interior, pelo uso crescente de praguicidas na agricultura da ilha, com uma população de cerca de 6.500 habitantes e que no ano passado recebeu mais de 95.000 turistas.
Um grupo de apicultores criou a cooperativa Meri Henua, que trata de articular e profissionalizar este ofício e, principalmente, criar uma denominação de origem para o seu mel, processo que ainda deve demorar ao menos três anos.
"A produção é muito pequena: os apicultores têm uma caixa cada, e o que tem mais tem 20 caixas", diz à AFP a presidente da cooperativa, Diana Edmunds, o que significa que ninguém pode viver da apicultura na ilha dos moais.
Biótipo únicoCarlos Edmunds Paoa, pai de Diana Edmunds e um dos primeiros apicultores da ilha, lembra que as primeiras abelhas chagaram ao local em 1944. "Em 1958, minha avó trouxe outra caixa do continente", conta.
O pesquisador argentino Edgardo Gabriel Sarlo, doutor em Ciências Biológicas da Universidade Nacional de Mar del Plata, que vai analisar a abelha rapa nui (nome da ilha em língua vernácula) desenvolveu um "biótipo rapanui".
"Há 50 anos, a abelha era diferente. A adaptação, a plasticidade para gerar esses biótipos" faz com que seja única, afirma.
As abelhas, das quais existem milhares de tipos no mundo, são as principais polinizadoras. Sua população está diminuindo devido aos praguicidas e às doenças que as afetam.
Calcula-se que 75% dos principais cultivos alimentares do mundo dependem da zoopolinização.
Nos últimos 20 anos, em particular, as doenças que afetam as abelhas se globalizaram devido ao aumento do tráfego, tornando necessário medicá-las.
"Onde há atividade apícola, há doenças", diz Gabriel, em um aviso do que pode acontecer na Ilha de Páscoa se as precauções não forem intensificadas.
A artista plástica conseguiu capturar um enxame silvestre com o que pretende entrar no negócio da apicultura na ilha chilena situada no Pacífico sul, a cerca de 3.700 km do continente.
Uma pesquisa recente realizada pelo Centro de Empreendimento Apícola da Universidade Mayor (CeapiMayor) com o apoio da Fundação para a Inovação Agrária (FIA) revelou que as abelhas da Ilha de Páscoa estão livres do ácaro Varroa destructor, do parasita Acarapis woodi (carrapato microscópico) e das bactérias Paenibacillus larvae e Melissococcus plutonius, as principais pragas que afetam as abelhas no mundo.
O fato de "estarem livres dos principais patógenos nos permite dizer que o estado sanitário das colmeias é único", afirma à AFP a diretora do CeapiMayor e veterinária Patricia Aldea Sánchez, que liderou a pesquisa encomendada pela Municipalidade da ilha e pela FIA.
Ante o alvoroço que essa notícia gerou na ilha, que vive fundamentalmente do turismo, a pesquisadora adverte sobre o risco de que a situação se descontrole e possa acabar com a galinha dos ovos de ouro.
Um quilo de mel rapa nui, que não tem denominação de origem, custa mais de 15 dólares em Santiago, embora até agora praticamente toda a produção fosse consumida na ilha. Uma colmeia pode produzir até 10 kg ao mês graças ao clima favorável e à quantidade de alimento, que fazem com que as abelhas produzam mel o ano todo.
Oportunismo "'Me preocupam os oportunistas que veem nisso um bom negócio", diz à AFP Aldea, alertando que a febre pela apicultura "aumenta a carga" para abelhas e colmeias.
Além da alta frequência com que se colhe o mel, a fim de aumentar a produção, o que mais preocupa a veterinária é que vem aumentando a "solicitação de entrada de abelhas do continente para reforçar a indústria" local.
"Se são inseridas abelhas do Chile ou de outra parte do mundo, podem trazer consigo doenças" e acabar com as populações locais.
As ameaças também chegam do interior, pelo uso crescente de praguicidas na agricultura da ilha, com uma população de cerca de 6.500 habitantes e que no ano passado recebeu mais de 95.000 turistas.
Um grupo de apicultores criou a cooperativa Meri Henua, que trata de articular e profissionalizar este ofício e, principalmente, criar uma denominação de origem para o seu mel, processo que ainda deve demorar ao menos três anos.
"A produção é muito pequena: os apicultores têm uma caixa cada, e o que tem mais tem 20 caixas", diz à AFP a presidente da cooperativa, Diana Edmunds, o que significa que ninguém pode viver da apicultura na ilha dos moais.
Biótipo únicoCarlos Edmunds Paoa, pai de Diana Edmunds e um dos primeiros apicultores da ilha, lembra que as primeiras abelhas chagaram ao local em 1944. "Em 1958, minha avó trouxe outra caixa do continente", conta.
O pesquisador argentino Edgardo Gabriel Sarlo, doutor em Ciências Biológicas da Universidade Nacional de Mar del Plata, que vai analisar a abelha rapa nui (nome da ilha em língua vernácula) desenvolveu um "biótipo rapanui".
"Há 50 anos, a abelha era diferente. A adaptação, a plasticidade para gerar esses biótipos" faz com que seja única, afirma.
As abelhas, das quais existem milhares de tipos no mundo, são as principais polinizadoras. Sua população está diminuindo devido aos praguicidas e às doenças que as afetam.
Calcula-se que 75% dos principais cultivos alimentares do mundo dependem da zoopolinização.
Nos últimos 20 anos, em particular, as doenças que afetam as abelhas se globalizaram devido ao aumento do tráfego, tornando necessário medicá-las.
"Onde há atividade apícola, há doenças", diz Gabriel, em um aviso do que pode acontecer na Ilha de Páscoa se as precauções não forem intensificadas.
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