FONTE: Da Redação, TRIBUNA DA BAHIA.
Reduzir o consumo de açúcar tem o
poder de reverter um aglomerado de doenças metabólicas crônicas em crianças em
menos de 10 dias de acordo com um estudo.
Reduzir
o consumo de açúcares adicionados, mesmo sem reduzir as calorias ou perder
peso, tem o poder de reverter um grupo de doenças metabólicas crônicas,
incluindo colesterol alto e pressão arterial, em crianças, em menos de 10 dias,
de acordo com um estudo realizado por pesquisadores americanos.
“O
estudo mostra que o açúcar é metabolicamente prejudicial, não por causa de suas
calorias ou seus efeitos sobre o peso, mas simplesmente porque é açúcar”,
defende o autor principal do estudo, o endocrinologista pediátrico, Robert
Lustig.
“O
estudo é uma indicação sólida de que o açúcar contribui para a síndrome
metabólica e é a mais forte evidência até à data de que os efeitos negativos do
açúcar não são causados ??por calorias ou obesidade. Os achados apoiam a ideia
de que é essencial para os pais avaliarem a ingestão de açúcar por seus
filhos”, afirma o pediatra e homeopata Moises Chencinski (CRM-SP 36.349).
Restringir o consumo de açúcar.
A
síndrome metabólica é um conjunto de condições - aumento da pressão arterial,
alto nível de glicose no sangue, excesso de gordura corporal ao redor da
cintura e níveis anormais de colesterol - que ocorrem em conjunto e aumentam o
risco de doenças cardíacas, acidentes vasculares cerebrais e diabetes.
Outras
doenças associadas à síndrome metabólica, como a doença hepática gordurosa não
alcoólica e a diabetes tipo 2, ocorrem agora com muita frequência em crianças.
Esses distúrbios até há pouco tempo atrás eram desconhecidos na população
pediátrica.
Os
participantes do estudo foram selecionados num hospital de San Francisco
especializado em obesidade e síndrome metabólica. O recrutamento foi
limitado a jovens latinos e afro-americanos devido ao seu maior risco para
certas condições associadas à síndrome metabólica, como pressão alta e diabetes
tipo 2.
No
estudo, 43 crianças entre 9 e 18 anos que eram obesas e tinham pelo menos um
outro distúrbio metabólico crônico, como hipertensão, níveis elevados de
triglicerídeos ou um marcador de gordura no fígado, receberam nove dias de
comida, incluindo todos os lanches e bebidas, com restrição de açúcar,
mas com amido para manter os mesmos níveis de gordura, proteína,
carboidratos e calorias que suas dietas anteriormente informavam.
Os
níveis sanguíneos em jejum, de pressão arterial e de tolerância à glicose foram
avaliados antes da adoção do novo plano de cardápio. O menu do estudo
restringiu o açúcar adicionado (permitindo frutas), mas o substituiu adicionando
outros carboidratos, como bagels, cereais e massas para que as crianças ainda
consumissem o mesmo número de calorias de carboidratos, como antes.
O
açúcar total foi reduzido de 10-28%, a frutose de 4-12% do total de calorias,
respectivamente. As opções de comida foram concebidas para ser "comida de
criança": cachorros-quentes, batata frita e pizza foram adquiridos em
supermercados locais para substituir o açúcar de cereais, doces e
iogurtes.
As
crianças ganharam uma balança e tinham que se pesar todos os dias com o
objetivo de verificar a estabilidade de peso, não a perda de peso. Quando a
perda de peso ocorreu (uma diminuição de uma média de 1%, ao longo do período
de 10 dias, mas sem alteração na gordura corporal), foram fornecidos mais alimentos
com baixo teor de açúcar.
Reduzindo efeitos metabólicos prejudiciais da obesidade.
Após 9
dias da dieta de açúcar restrito, praticamente todos os aspectos da saúde
metabólica dos participantes melhoraram, sem alteração de peso. A pressão
arterial diastólica diminuiu 5 mmHg, os triglicerídeos em 33 pontos, o
colesterol LDL (conhecido como colesterol "ruim") em 10 pontos e os
testes de função hepática melhoraram. A glicemia em jejum baixou 5 pontos e os
níveis de insulina foram reduzidos em um terço.
“Todas
as medidas de substituição da saúde metabólica melhoraram, apenas substituindo
o amido pelo açúcar nos alimentos processados ??- tudo sem alterar calorias,
peso ou exercícios. O estudo demonstra que ‘uma caloria não é uma caloria’. As
calorias do açúcar são as piores porque elas se voltam para a gordura no
fígado, levando à resistência à insulina e conduzindo ao risco de diabetes e de
doença coronariana e hepática. Isso tem enormes implicações para a indústria de
alimentos, doenças crônicas e custos de cuidados de saúde”, destaca o pediatra,
que é membro do Departamento de Pediatria Ambulatorial e Cuidados Primários da
Sociedade de Pediatria de São Paulo.
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