Um relatório divulgado pela OMS (Organização Mundial da Saúde), em 2017,
apontou que a depressão afeta 4,4% da população mundial. Mesmo sendo uma doença popular, os
médicos ainda não sabem especificar com precisão seus tipos ou explicar por que
algumas pessoas não reagem às medicações.
Atualmente, a depressão
é diagnosticada por avaliação clínica, mas essa não é exatamente uma ciência
perfeita, o que faz com que pesquisadores busquem cada vez mais potenciais
biomarcadores cerebrais que apontem a depressão. Um novo estudo japonês, publicado no jornal científico Scientific Reports,
conseguiu desvendar alguns dos mistérios.
Quando o assunto é tratamento, uma das medidas mais adotadas pelos
médicos é a recomendação de antidepressivos com inibidores seletivos da
recaptação da serotonina. Porém, tal medida se mostra ineficaz para cerca de
30% dos pacientes.
"Sempre se especulou que existam diferentes tipos de depressão, e que eles influenciam na eficácia da droga", disse o
neurocientista Kenji Doya, da Universidade de Ciência e Tecnologia de Okinawa.
"Mas não havia consenso."
Na nova pesquisa, para encontrar uma maneira de analisar e categorizar
subtipos diferentes de depressão, Doya e sua equipe analisaram dados de saúde
fornecidos por 134 pessoas. Metade dos participantes tinha depressão, enquanto
a outra metade eram pessoas sem histórico da doença.
Deste grupo, os pesquisadores obtiveram dados de ressonância magnética
funcional, informações de expressão genética e respostas a questionários
clínicos sobre padrões de sono, condições de saúde mental e outros aspectos de
saúde.
Os cientistas também desenvolveram uma ferramenta estatística para
extrair informações relevantes e agrupar indivíduos semelhantes. Assim, os
pesquisadores identificaram três diferentes subtipos de depressão,
chamados de D1, D2 e D3:
- D1: são caracterizados por alta conectividade
funcional do cérebro e uma história de trauma na infância.
- D2: exibiram alta conectividade funcional do
cérebro, mas não tinham histórico de trauma na infância.
- D3: refletiam baixa conectividade funcional do
cérebro e não tinham sofrido trauma na infância.
A análise também revelou que os antidepressivos com inibidores
seletivos da recaptação da serotonina são eficazes para pessoas com os subtipos
D2 e D3 de depressão, mas os D1s --aqueles com alta conectividade funcional
entre as diferentes regiões do cérebro e experiência de traumas na infância --
as drogas são ineficazes.
A metodologia proposta pode oferecer um novo e poderoso guia para ajudar
os pesquisadores de saúde a entender a complexidade da depressão - e onde cada
paciente se encaixa.
"Este é o primeiro estudo a identificar subtipos de depressão a
partir da história de vida e dados de ressonância magnética", explica
Doya. "Isso fornece uma orientação promissora para os cientistas que
pesquisam os aspectos neurobiológicos da depressão prosseguirem com suas
pesquisas."
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