Um dos maiores estudos
sobre Parkinson mostrou que a doença neurodegenerativa pode ter origem no
apêndice.
Publicada no periódico Science
Translational Medicine na quarta-feira (31), a pesquisa analisou mais de
1,6 milhões de pessoas e descobriu que o apêndice removido no início da vida
está ligado a um risco reduzido de 19% de desenvolver a doença de Parkinson,
particularmente para os indivíduos que vivem em áreas rurais.
Além disso, após
analisarem um banco de dados de 849 pacientes com a doença, os cientistas
descobriram que quem tinha sido submetido a uma cirurgia de retirada do
apêndice desenvolveu o Parkinson, em média, 3,6 anos mais tarde.
Os autores esperam que
a descoberta possa fornecer um caminho para novas estratégias de tratamento que
visem o aparente papel do trato gastrointestinal no desenvolvimento da doença.
"Apesar de ter uma
reputação de ser desnecessário, o apêndice realmente desempenha um papel
importante em nosso sistema imunológico, regulando a composição de nossas
bactérias no intestino e agora, como mostrado pelo nosso trabalho, na doença de
Parkinson", diz Viviane Labrie, principal autora do estudo.
A análise revelou que o
apêndice atua como um reservatório de uma proteína chamada alfa-sinucleína, que
está intimamente ligada ao aparecimento e à progressão da doença
neurodegenerativa. A questão é que aglomerados de proteínas anormais foram
encontrados em pessoas saudáveis também, mostrando que a sua presença por si só
não é suficiente para causar a doença.
Uma possibilidade é que
a doença de Parkinson seja desencadeada nos raros eventos em que a proteína
escapa do apêndice e sobe pelo nervo vago, que liga o intestino ao tronco
encefálico.
Mas antes que você
pense em remover o órgão vestigial, os autores concluem que é improvável que
a cirurgia elimine a doença, já que o quadro também pode começar em outras
áreas do corpo. Na maioria dos casos, as causas do Parkinson são um
mistério. Mas entender como a condição começa e progride é o primeiro passo
para impedi-la.
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